por João Miguel Tavares, em 06.01.13
A professora da Carolina propôs no início do ano uma actividade muito gira: de 15 em 15 dias, cada criança tem de ler, escrever, fixar e apresentar na aula um poema à sua escolha. Como entretanto descobrimos que o poema pode ser musicado, este fim-de-semana sugerimos-lhe que ela aprendesse o "Ser Poeta", da Florbela Espanca, que quase toda a gente conhece como "Perdidamente", devido a esta canção dos Trovante (peço perdão pelo vídeo piroso):
Com aquela cabecinha incrível que os putos têm, com muita memória livre e grande velocidade de processamento, a Carolina fixou o poema num piscar de olhos.
Fixou o poema, mas não fixou a poetisa. E a certa altura, querendo referir-se a ela, chamou-lhe Floribela Estampa. A Teresa ia morrendo de riso e eu ia morrendo com um caju engasgado na garganta - Floribela Estampa é m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o.
Com um simples trocadilho involuntário, a minha filha transformou a autora mais trágica da poesia portuguesa numa mistura de cantora pimba, concorrente à
Casa dos Segredos e personagem do
Hermanias.
Lamento, cara Florbela - nunca mais vou olhar para si da mesma forma.