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Sobre bater (ou não bater) nas crianças #11

por João Miguel Tavares, em 08.01.14

E de vez em quando, tal como as fases da Lua, lá regressa o tema do tau-tau no rabinho das crianças. Já aqui muito se falou da Suécia, e a propósito deste post, um leitor deixou este testemunho, que vale a pena ler com muita atenção, até porque me dá razão :-)

 

Vivo na Suécia, país "civilizadíssimo" e exemplo de pedagogia infantil. A lei é muito clara em relação à repreensão física da criança. Absolutamente proibida e uma das prioridades em termos de investigação criminal. Eu próprio tenho crianças pequenas em casa (das quais não sou pai) e aquilo que vejo é, na realidade, um retrocesso civilizacional. A sociedade sueca assiste em silêncio ao poder que as crianças e jovens tomaram no dia-a-dia. Nunca na minha vida vi tanta birra nos supermercados e tantos pais a "levarem porrada" dos seus pequenos rebentos e a serem chamados dos piores nomes que se possa imaginar e que se houvem com frequência em jogos de futebol. 

Na Suécia não se grita sequer com as crianças, em vez disso tenta-se demovê-las suavemente com diplomacia. Funciona? Eu acho que não! 

Em criança levei palmadas no rabo (que mereci), as duas únicas vezes que levei uma estaladona a sério percebi imediatamente que eu não podia continuar a portar-me mal e que tinha ido longe demais. E percebia claramente que os meus pais sentiam-se mal quando eles próprios íam tão longe na sua repressão. 

Não sou apologista da violência, não quero que as crianças sejam reprimidas dessa forma, MAS se for necessário não vejo qualquer problema nisso. Tenho-me como uma pessoa de bom senso, muito feliz e sei que um pai ou uma mãe em iguais circunstâncias vão sofrer muito mais por baterem no seu filho que a própria criança... 

Não devia haver tabus para uma "boa palmada", na altura certa quando todas as outras medidas se esgotaram.

Imaginem o que é ter uma criança que se porta mal, atira com os brinquedos contra a parede e dá tantos pontapés na porta da casa de banho que acaba por abrir um buraco na porta, tenta bater nos pais e chama nomes a tudo e todos e quando se tenta agarrá-la para que a destruição pare, a criança ameaça com uma participação policial!!! (Sim, na Suécia basta que a criança diga na escola que levou uma palmada em casa, para os pais serem questionados e na pior das hipóteses terem a vida feita num 8).

Há uns meses um psicólogo sueco - David Eberhard - alertou para os perigos deste tipo de exemplo civilizacional e chamou os jovens e crianças suecas de "mimados" na sua pior forma. E porquê? Porque as crianças são apenas crianças, em minha casa quem manda sou eu e eu tudo vou fazer para explicar e educar da forma mais civilizada possível, mas a diplomacia não resolve todos os males do mundo.

 

Sou apologista da palmada no rabo. Não dói, mas mostra quem manda. Quando já não existe respeito, parte-se para o culto do medo (de levar uma palmada). Quando dizia ao meu pai que não tinha medo dele, respondia-me ele que "tu não deves ter medo de mim, deves é ter respeito". É verdade que nunca tive medo de levar uma palmada, mas desrespeitei muitas vezes os meus pais enquanto criança. Aquelas duas estaladonas fizeram-me entender o quão longe eu tinha ido.

 

publicado às 10:15


1 comentário

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De Simplesmente Ana a 09.01.2014 às 18:09

Já dei algumas palmadas, porque me descontrolei. E, regra geral, parece-me que é isso que acontece. Não vejo qualquer valor acrescentado nelas.

A minha mãe, que é um doce, deu-me algumas. O meu pai nunca nos tocou nem precisou. É absolutamente contra castigos físicos, mas também sempre emanou uma energia tal que bastava olhar para nós para acabar o disparate.

Não fico chocada com palmadas. Como disse, já dei algumas. Poucas, felizmente. Mas choca-me mesmo ver um pai/mãe a dar uma chapada. Acho um acto violento.

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