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Primeiro comem as crianças, depois comem os pais #2

por João Miguel Tavares, em 22.10.14

Deixem-me, em primeiro lugar, agradecer a todos a partilha das descrições dos vossos jantares em família. Devo dizer que a maior parte delas são suaves quadros de horror - que eu li com aquela sensação de consolo própria de nos sabermos acompanhados nas pequenas desgraças quotidianas. Como afirma a leitora Ana, "os jantares caóticos são uma epidemia dos tempos modernos". Pelos vistos, são mesmo. Mas não tinha consciência da sua dimensão.

 

Vale a pena trazer para aqui a partilha da Inês Teotónio Pereira, que já vai em seis filhos. Ou seja, em casa dela tem tudo para ser o caos agravado, mas a sua experiência acaba com final feliz:

 

Pois eu tenho mesmo problema. Só o bebé é que janta primeiro, os outros cinco - que vão dos 14 aos 6 anos - jantam todos connosco à mesa. Há um ano inaugurámos esta nova rotina mas desistimos passadas duas semanas porque passávamos o jantar aos gritos com os miúdos para não deixarem cair comida para o chão, para não comerem de boca aberta, para não darem cotoveladas uns nos outros, para não entornarem água, etc. Além disso, quando acabávamos de servir o último, de cortar a carne, etc., o primeiro já estava a acabar e nós acabávamos por comer o nosso jantar frio. Sim, era um inferno.

 

Há três meses voltámos ao ataque com outro espírito e partindo de dois princípios: claro que não vai ser como nos filmes e temos de ser mais tolerantes. Passados estes três meses já conseguimos jantar em paz e sossego e todos fazem um esforço. Cada dia é melhor que o anterior: é uma questão de treino. Porque é que insistimos? Porque esta é a única altura do dia em que estamos quase uma hora centrados uns nos outros, em conjunto, e não focados na televisão, nos TPC, nos telemóveis, no trabalho ou noutra coisa qualquer. É a única altura do dia em que estamos mesmo em família.

 

O jantar é já uma rotina em que eles têm a função de levantar e de pôr a mesa, têm aprendido a falar um de cada vez e - o mais importante - a ouvirem o que os outros têm para dizer. No fundo, nós pais somos apenas moderadores e vamos em cada jantar monitorizando o estado da arte da família... Dá trabalho, exige paciência e exige tolerância. Só o fazemos porque é um pretexto para estarmos em família, sendo que muitas das vezes não apetece nada. Mas compensa: passados três meses acho que cada um de nós conhece melhor a nossa família. Como em tudo na educação é preciso persistência e paciência. Boa sorte!

publicado às 10:39


1 comentário

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De Teresa a 22.10.2014 às 11:44

Olá João. O meu comentário nada tem a ver com este assunto mas, sigo o paisdequatro há algum tempo, e uma vez que sei que gostas de debater diversos temas, vou lançar alguns:
- medicina infantil (falo de consultas de rotina, não de doenças) no público (centro de sáude) ou no privado? Sou pela 1ª opção e até agora vejo que o meu filho tem sido muito melhor acompanhado do que crianças que conheço e que vão ao pediatra no privado.
- conservação de células estaminais em bancos privados (há tanta gente mal esclarecida sobre este assunto, porque erradamente lhes prometem um "seguro de saúde" para filhos, talvez a minha homónima possa vir aqui esclarecer)
- educação: sou só eu que acho absurdo os pais pagarem explicações para os filhos com dificuldades, muitas vezes recomendadas pelos próprios professores das disciplinas? Conheço casos que os professores fazem o joguinho da falta de tempo que têm na escola para dar atenção a todos e depois dizem aos pais que se quiserem podem dar explicações aos prórios alunos (mas fora da escola e a receber $$$). Isto não é anti-ético? Fico parva com este oportunismo!
Bem a lista já vai longa e são ideias.
Beijinhos a toda a família

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