Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]





Texto original a redondo.

Nova versão a negro.

A vida da mulher do meu fofo gajo tem destas coisas e ele bem o sabe, até porque as sofre na pele. Andei eu ontem inocentemente (sim, também sou uma bem-aventurada inocente) na minha tristemente habitual roda viva, também conhecida como de um dia normal de trabalho (sim, porque não são só os fofos gajos que gostavam de ter tempo para trabalhar descansados e que têm 19 entradas na sua To Do List, embora tenha de admitir que as deles têm outra pertinência), quando cheguei aceleradíssima do hospital para preparar o jantar com duas irmãs e respectiva prole (o que na família Mendonça significa mais 11 pessoas, no mínimo). Como é hábito, adormeci a dar de mamar à Rita já a hora ia avançada (com o meu fofo gajo a trabalhar esgotadamente ter o seu merecido descanso no vale dos lençóis), e não tive sequer ânimo para visitar o blogue. Donde, não fazia a menor ideia das vis calúnias divertidas verdades que ele andou a postar sobre a minha matemática doméstica.

Hoje, quando acordei, resolvi abrir o computador e... dei de caras com as aparentes injúrias que o meu fofo gajo silenciosamente denodadamente cozinhara no dia anterior. E o pior é que nem tempo tive de exercer imediatamente o meu direito de resposta, e agradecer-lhe tamanha manifestação de inteligência. O dia começava já a acelerar e a escrita não me sai a 100 à hora como ao esgotado, mas sempre incrível, trabalhador acima citado. Donde, tive de esperar até agora. Mas ele não espera pela demora. Como é que é mesmo aquele provérbio? Ah, sim, a vingança serve-se fria! Felizmente, cá em casa há aquecedores, aliás bestiais, todos eles comprados pelo meu lindo maridinho - e sem entrega ao domicílio.

Quer dizer que o meu fofo gajo acha plausível que as compras que surgem nas duas fotos sejam as compras do mês cá de casa? Faz ele muito bem. Querem contas? Então vamos às contas.

Leite: se o caro e fofo gajo lesse os meus posts saberia que a dose de leite diária recomendada para as crianças até aos nove anos é de 500 ml dia. Sim, eu sei que quando é o papá a preparar o pequeno-almoço os miúdos nem a 100 ml têm direito no fundo da taça de cereais, tal é a pressa em pô-los para fora da cozinha. Mas sempre é melhor do que quando é a mamã a prepará-lo, dado o seu talento para colocar o Nestum ao serviço da construção civil e do betume de paredes. A mamã é que é a desmancha-prazeres, que acha que o pequeno-almoço deve ser uma refeição reforçada (uma ideia originalíssima...). E não sei se o meu fofo gajo sabe que... os miúdos também lancham, embora em casa, de facto, só lanchem ao fim-de-semana, porque nos outros dias estão na escola (outra ideia originalíssima...). Bem sei que quando eles ficam sozinhos com o pai nunca têm direito a lanche (a menos que sejam eles a arranjá-lo, já que o pai faz tudo para promover a autonomia dos seus queridos filhos), mas todos os dias bebem a sua segunda dose de leite ao lanche, embora cinco em sete vezes o façam na escola.

Ora, a Carolina até já tem mais de nove anos, embora, na verdade, tenha ainda nove anos (logo, devia beber um pouco mais do que os irmãos, mas esqueçamos isso pois também eu reconheço com grande inteligência ser sou detentora de uma homérica estultícia) e cá em casa há cinco consumidores de leite empacotado (a Rita tem belíssimos pacotes de produção biológica), logo:

0,5 litros x 5 consumidores = 2,5 litros

2,5 litros x 30 dias = 75 litros

Portanto, acha o caro e fofo gajo que os 24 litros de leite meio-gordo da foto são suficientes para o consumo mensal da nossa casa? Claro que não acha, como aliás explicou aqui. Hum... assim à primeira parece-me que nem o triplo chega. Pois não chega, como aliás explicou aquiE onde está o leite magro que a Carolina e a gaja e o fofo gajo consomem? Pois não está, como aliás explicou aqui.

Fraldas e toalhitas: não sei se o caro e fofo gajo já ouviu falar de promoções. Vagamente, imagino, porque ele não tem o mesmo prazer que eu em coleccionar aqueles cupões que nos dão desconto em coisas que não precisamos. Ora, as fraldas e toalhitas Dodots, apesar de serem das mais carotas do mercado, foram pela nossa família eleitas como as preferidas, depois de experimentarmos várias marcas. As grandes superfícies fazem ocasionalmente promoções destes produtos. Coisita assim para 50% de desconto é de aproveitar, lá isso é. E nesse caso não se compram três fraldas/toalhitas mas três caixas delas, o que significa que afinal algumas daquelas compras que se viam nas fotos eram não só do mês, mas de todo o primeiro semestre de 2013. É que me parece que ainda não será para o próximo mês que a Rita abandonará as fraldas, e o meu lindo maridinho que o diga, que está sempre a mudá-las.

Ora, se o que aparece nas fotos são os mantimentos mensais cá para casa, parece-me que vamos começar a passar fome. Felizmente, o meu lindo maridinho nunca escreveu em lado nenhum que aquilo eram os mantimentos mensais cá para casa, já que ele é pessoa para saber que nós não nos alimentamos apenas de salsichas e cogumelos laminados. Ou então, já sei, vamos começar a comer... toalhitas! Ah, ah, ah. As mesmas toalhitas que ele acha que servem para desinfectar as reluzentes e cristalinas partes baixas da Rita. Ou - espera - será que ele estava a utilizar uma figura de estilo? Ali entre a hipérbole e o disfemismo? Não sei, porque eu sou pouco sensível a figuras de estilo sempre que elas colocam em causa o rigor da ciência médica.

Onde estão a carne, o peixe, os ovos, as latas de atum, o arroz, as massas, a farinha, os cereais, as bolachas, o queijo, o fiambre, as frutas, os legumes,... para falar só nas coisas mais consumidas cá em casa? Espera, deixa-me pensar... Não estão! Deve ser por isso que há uma diferença entre dizer que aquelas são compras do mês e dizer que aquelas são as compras todas do mês. Mas não sei, porque eu sou pouco sensível a subtilezas linguísticas sempre que se coloca a hipótese de fazer AH!AH!AH!AH!AH!AH!AH!... na cara do meu lindo maridinho.

E os limpa-vidros (se o caro e fofo gajo não deixa a gaja usar cortinas, porque tem montes de bom gosto, convém que os vidros sejam limpos de vez em quando), detergentes da loiça, os guardanapos, os sabonetes, os champôs, gel duche, pasta de dentes, soros fisiológicos, cotonetes... só para enumerar umas coisitas que costumo comprar mensalmente para fornecer a casa, e com as quais ele alombou anos e anos a fio escada acima?

Onde é que está tudo isso? Ah, não está, tal como ele nunca disse que estava! Já sei. Inspirado no regresso em dia de nevoeiro de El Rei D. Sócrates, o meu excelentíssimo esposo deve ter decidido afinar a graduação dos óculos. Resultado: ficou a ver tão bem como o nosso ex-primeiro-ministro. Já eu, preferi ficar com a consistência dos seus argumentos e com a sua reconhecida qualidade na hora de fazer as contas. O que é muito mais giro.



publicado às 15:09


1 comentário

Sem imagem de perfil

De Anónimo a 28.03.2013 às 23:10

Bem...este "episódio" surpreendeu-me mesmo !!! Esperava tudo menos isto...que venha o próximo !!! O gajo fofo tem realmente o dom de retorquir...mas cuide-se que a gaja fofa está à espreita !!! Bem hajam.
Avó Guida

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.




Os livros do pai


Onde o pai fala de assuntos sérios



Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2014
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2013
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2012
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D