por João Miguel Tavares, em 28.08.13
O
Lolita de Nabokov é um eterno espectro sobre a cabeça da humanidade, um livro onde a absoluta imoralidade é elevada à condição de arte (Pedro Almodóvar fez o mesmo connosco em
Fala com Ela, onde a violação de uma mulher em estado de coma é transformada à nossa frente num profundo acto de amor). Agora, um novo livro, chamado
Lolita - The Story of a Cover Girl: Vladimir Nabokov's Novel in Art and Design (sai dentro de dois dias e já está disponível em
pre-order na Amazon inglesa), analisa as subtilezas do tratamento gráfico que as capas do livro foram tendo ao longo do tempo, e convoca uma série de designers para fazerem novas propostas para o livro de Nabokov. Há várias ideias originais, mas uma delas é do outro mundo, e talvez seja mesmo a primeira vez que uma capa está à altura da obra-prima original. É assinada pelo designer britânico
Jamie Keenan:
Quão pervertido é preciso alguém ser para ver as pernas e as cuecas de uma miúda de 12 anos no canto de um quarto? Não faço ideia. Mas posso garantir-vos que nunca mais vou olhar para um tecto da mesma forma. A melhor arte é isso, suponho eu - altera-nos a forma como vemos certas parcelas do mundo. Já encomendei o livro, como é óbvio. E vou passar a seguir o trabalho deste senhor Keenan com a maior atenção.