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Depois de ter colocado aqui o testemunho de uma filha sobre a possibilidade de bater nas crianças (ela apanhou algumas vezes quando era miúda e defende que foi justo e merecido), a leitora Helena Araújo respondeu com o seguinte comentário, que eu pretendo recomentar já de seguida, num outro post.
Se é para ouvir o que as crianças dizem, aqui vai o meu contributo, de casos a que assisti pessoalmente (mas nem todos são meus filhos):
1. Aos dois ou três anos: "Que é que fizeste? Magoaste-me! Tu não me podes magoar!"
2. Aos cinco anos: "Se me podes bater, também te posso bater."
(agradeço que me expliquem como dizer a uma criança, de modo que ela possa compreender, que os pais podem bater, mas as crianças não.)
3. Aos seis anos, ao ver um filme sobre violência doméstica em que a câmara filma à altura dos olhos de uma criança, mostrando um adulto enorme e com ar zangado que se inclina ameaçadoramente para nós, já a descer a mão para dar a palmada: "isto é como cá em casa."
4. Aos treze anos, uma excelente aluna de judo, quando a mãe lhe deu uma bofetada, agarrou os pulsos da mãe e disse-lhe nos olhos: "De hoje em diante, só me bates se eu deixar."
5. Quem nunca viu uma criança a encolher-se toda quando o pai ou a mãe fazem inadvertidamente um movimento mais brusco com a mão?
Ao ler o testemunho da Sofia Silva perguntei-me várias vezes "mas porquê?"
Porque é que a Sofia Silva precisava de fazer tantas asneiras? Porque é que precisava de ser respondona?
Parece-me que perguntar-se "porque é que a criança precisa de fazer isto" é meio caminho andado para encontrar uma solução que a ajude a crescer bem, em vez do pequeno descarrilamento que é a palmada.