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Sobre bater (ou não bater) nas crianças #10

por João Miguel Tavares, em 18.10.13

A Helena Araújo regressou a este blogue após uns dias de ausência e ficou impressionada com a animação em torno do seu texto e da minha resposta a ele. Resolveu contra-argumentar, aqui e ali um bocadinho zangada, e parece-me mais do que justo que esse seu comentário venha para o corpo principal do blogue. Aí vai ele:

 

Mal uma pessoa se distrai, lá aparece um post e uma enorme caixa de comentários. Só vi agora, por isso só agora respondo: 

1. "Se tu me podes bater, também te posso bater"


Eu estava a falar de crianças que viveram em sociedades onde não é normal nem desejável que se bata nos filhos. Bater é um descarrilamento, de modo que, na realidade, a pergunta da criança era: "porque é que tu podes descarrilar, e eu não?" (e a resposta "porque sou tua mãe", no caso, não é válida. Ser mãe não dá direito a ficar acima da lei, digamos assim. Ou melhor: o correcto e o errado são categorias exteriores aos pais, e às quais eles se submetem tal e qual como os filhos.)


2. "Porque é que a criança precisa de fazer isto?"


"Ora bem, aqui eu acho que a Helena entra naquele ardil meio psicoanalítico, meio fé no bom selvagem, que consiste em acreditar que por detrás de cada gesto desregrado existe um trauma escondido, que se for encontrado e devidamente eliminado elevará a criança ao esplendor dos altares. Detecta-se o mal interior, corrige-se com muito amor, e a partir temos um santinho, que levará o resto da sua vida a espalhar o bem pela Terra." Por partes:


- o modo como argumentou é ofensivo para mim. Pensa mesmo que eu sou a pateta que aí descreveu?


- qual é o seu problema com a psicanálise? E que argumentos tem contra as abordagens da Dolto e do Sévérin, ou contra livros do género "conferência de família", "educar Caim" (recomendo-lhe este, em especial), "como falar com crianças de modo a que elas ouçam, e como as ouvir de modo a que elas falem"? (os títulos serão talvez outros, em Portugal, mas a ideia é essa). 


- não, por trás de cada gesto desregrado não existe um trauma, mas existe uma causa. Detecta-se a causa, corrige-se com inteligência, e a partir daí temos não um santinho, mas uma criança que foi compreendida e ajudada a sair do problema que a bloqueava, em vez de ter sido dominada à força. 

3. "Não existe uma determinada forma absolutamente correcta de educar uma criança" - pois não. Isso sabemos todos. Por isso é que insisto que é fundamental apelar à inteligência e sensibilidade dos pais, em vez de sair pelo curto-circuito que é a palmada. 

4. Parece-em que há um erro fundamental de entendimento em muitos dos participantes nesta discussão: confundem "não bater" com "não educar". O que eu defendo é que quando os pais decidem que bater está fora de causa, iniciam um caminho de aprendizagem com criatividade, sensibilidade e inteligência. Bater é o recurso da preguiça: é o que dá menos trabalho. 


Tenho participado neste debate porque me parece que aceitar pacatamente que uma palmada não faz mal a ninguém é impedir os pais de serem convidados a olhar para o seu papel de outro modo, e a tornarem-se mais maduros no seu papel de educadores. É verdade que uma palmadinha não faz mal a ninguém. Mas esse não é o caminho, é apenas um episódio de perda de controle.

Finalmente, duas pequenas notas:


- Hoje em dia, nem para treinar cães se usa a palmada.


- Amigos meus têm um filho com deficiência mental. Nunca precisaram de dar uma palmada para o educar - conseguiram sempre "civilizá-lo" usando apenas palavras. Como é possível então afirmar que as palmadas são necessárias, porque as crianças não entendem? Pois se até com uma criança com deficiência mental resultam!

 

E pronto, é isto da parte da Helena. Apenas um ponto: eu não tenho nenhum problema com a psicanálise e toda a simpatia por Freud. Acho apenas que estamos a falar de ciências tão recentes que daqui a 300 anos os nossos descendentes hão-de perguntar-se "como foi possível?", tal como nós perguntamos como foi possível praticar sangrias há 200 anos ou lobotomias há 80. Isto não serve para defender posições anti-científicas mas apenas para relativizar aquilo que se conhece em áreas onde o nosso conhecimento é ainda ínfimo e onde há livros e estudos científicos para todos os gostos.

 

Fiquei apenas com uma curiosidade pessoal, derivada de dar a entender que não vive em Portugal: a Helena Araújo é a Helena que eu conheci em Berlim?

 

publicado às 11:14


18 comentários

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De Inês Sofia a 20.10.2013 às 21:29

o melhor mesmo é NÃO ter filhos!
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De emilia silva a 18.10.2013 às 20:54

Fico contente com o que acabei de ler, após tanta manifestação a favor da palmada pedagógica, tenho-me perguntado se haveria assim tanta gente a bater nos miúdos.
Conheço famílias onde pelo menos 3 gerações foram educadas sem palmadas conheço pais que disseram aos professores que não batem-se nos filhos (volto a referir que isto foi considerado pedagógico nas escolas durante gerações, creio que foi uma diretiva do Dr. Veiga Simão que o acabou com isto) Entre as pessoas que conheço isto não é invulgar.
Fiquei mais descansada com este comentário desta senhora Helena. Para dizer a verdade apanhei palmadas da minha mãe, como criança lembro-me que chegava a fazer as mesma asneiras só que as escondidas o que quer dizer que fiz sempre o que considerei que devia fazer.Acrescento ainda que pelo que me lembro por volta dos 10 anos deixou de haver palmadas. A minha mãe muitas vezes também falava comigo em vez de bater e isso agradeço-lhe.
Na escola nos anos sessenta batia-se nas crianças com uma régua... doía muito. Acho que a professora não era uma sádica e fazia o melhor que sabia, mas era não só a dor da reguada como era uma humilhação profunda. Ver bater nos outros meninos é também aflitivo.. normalmente ou choram ou riem-se (que bom não foi comigo e por isto rio-me desta maneira nervosa para esconder o meu medo)
Ainda hoje fico com o coração apertado quando vejo uma criança a apanhar palmadas. Ainda hoje sei que no Alentejo existem mães que dizem às professoras que podem bater nos filhos. Toda a conversa desenvolvida em torno do bater em crianças que é tratada em tom ligeiro me entristece profundamente. Peço desculpa se estou a errar mas parece-me que é uma geração que não de quem não apanhou que leva este assunto a brincar.
Ponho ainda a questão se uma criança sabe que o limite é quando apanha a palmada (foi assim que aprendeu em casa) como vai a educadora ou professora pôr limites quando tem 25, 28 meninos para organizar e ensinar?
mais uma vez obrigada pela atenção.
emília
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De jos a 18.10.2013 às 19:55

Boa noite!
Sobre este assunto, gostaria de dizer o seguinte, sabendo que falo apenas da minha experiência:
1º Não se pode confundir castigar justamente com bater, maltratar sem motivo, injustamente.
2º O castigo (justo, adequado e na hora - mesmo uma "palmada") é aceite pela criança e, quando adulto dele não se recordará a não ser para reconhecer-lhe os efeitos positivos que eventualmente tenha causado na sua vida.
3º Um castigo injusto, desadequado e a desoras, causa revolta e jamais será esquecido.
4º O problema está, como é evidente, nos adultos embora muitas das vezes não sejam directamente culpados.
5º Na educação, não são apenas os pais que têm um papel importante, mas também a escola e a sociedade. A influência destas duas ultrapassa muitas vezes a dos pais...
6º Os pais não podem, em momento algum, ficar reféns dos filhos. De facto, embora deva haver na família, um ambiente democrático, não é nem deve ser uma democracia absoluta. Aliás, onde há uma verdadeira democracia?
7º Um bom tabefe, na hora certa, corta cerce a raiz de um futuro tiranete. Aposto que o Passos nunca levou um!...
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De Ana a 18.10.2013 às 14:33

A verdade é que não há efectivamente uma "receita" infalível para educar, nem manuais de instruções, nem nada que nos valha que não seja a nossa própria educação e bom-senso.
Eu, lamento, sou apologista da teoria "uma palmada na hora certa". O que é a hora certa é que poderá variar segundo a perspectiva de cada um.
Deixo aqui o meu exemplo pessoal para quem quiser "analisar" e pergunto (pergunto retórica) se quem defende que não se deve levantar nunca a mão a uma criança acha que conseguiria fazê-lo.
Eu sou divorciada, vivo com duas crianças (rapazes) um com 9 outro com 4 anos. O mais velho há cerca de 2 anos atrás começou a tornar-se revoltado chegando a ser agressivo (virando-se a mim) sempre que ouve um não (não jogas PSP agora, não vês TV a partir das 22h, etc) coisas normais e naturais... A minha reacção sempre foi tentar falar calmamente, tentar que as coisas não se descontrolassem para ambos, mas a partir do momento em que ele me levanta a mão (sem eu a ter levantado primeiro) deixo-me ficar? Falo com ele como se nada fosse? Quando ele desespera e grita que não quer mais viver na minha casa, que sou má porque o mando lavar os dentes e ele quer continuar a ver TV, depois de 10 ou 15 minutos a convencê-lo a bem, a explicar-lhe, a desesperar e passar aos gritos (sim porque é desesperante) a última opção qual é? Uma palmada pois claro... sou má mãe por isso? Lamento mas não. O mais novo é um irrequieto, um "terrorista" em ponto pequeno... se leva algumas palmadas? Leva sim, nos momentos em que depois de 300 conversas e chamadas de atenção continua a ignorar e a fazer exactamente o que não é suposto. Todas as teorias são válidas, mas a verdade é que não há uma forma perfeita para educar, que as crianças são todas diferentes e, independentemente da educação dada, têm personalidade, têm "mau feitio", têm atitudes para as quais devem ser chamados à atenção de preferência a bem, com conversa e explicações, em último caso com uma palmada que eles sentem bem melhor. Uma palmada não é uma tareia de cinto, por favor!!! É violento? Mais violento são os bonecos que passam na TV aos quais eles têm acesso, aos casos de fome que assistem todos os dias entre os colegas de turma, aos casos que sabem entre eles de violência doméstica, aos colegas que batem na professora e nos colegas mais fracos... Violento é termos que os fazer ver esta realidade que todos os dias está à nossa porta ou dizer-lhes que a partir de hoje se acabou o leite em casa porque não há dinheiro para o comprar.
E, desculpem-me, mas uma família (adultos + crianças) não é uma democracia... há autoridade a respeitar e essa somos nós (pais). Alguém aqui põe em causa porque é que tem que respeitar determinada lei, mesmo não concordando com ela? Para mim é exactamente o mesmo...
(Desculpe o longo comentário e a falta de "prosa" tão bonita como a que tem andando aqui) :)
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De Helena Araujo a 18.10.2013 às 15:32

Ana, um filho que levanta a mão para a mãe é gravíssimo. Não pode ser. Claro que não pode ignorar. Mas a questão é: o que deve fazer? Mais: o que deve fazer, para evitar que essas cenas se repitam, e ele levante a mão para si quando tiver 15 anos e for maior que a Ana?
Ainda não entrou na adolescência e já está a dar muito trabalho. E, desculpe a notícia que vou dar: daqui para a frente é sempre a piorar.
Se eu estivesse na sua situação, pedia agora ajuda a um psicólogo. Eu não saberia resolver isso sem a ajuda de um profissional.
Educar é uma tarefa dificílima. Já é complicado quando pai e mãe trabalham em conjunto - quanto mais numa situação em que os miúdos podem usar a separação para fazer chantagem ou má consciência.
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De Ana a 18.10.2013 às 16:24

Helena, a noticia que me dá não é uma novidade! :)
Se reparar no meu texto diz: "O mais velho há cerca de 2 anos atrás começou a tornar-se revoltado chegando a ser agressivo (virando-se a mim) sempre que ouve um não..." Fez isso 2 vezes, à 2ª procurei ajuda profissional.
Há cerca de ano e meio que é seguido por um psicólogo e as coisas têm melhorado bastante (da parte dele e da minha), o que não significa que não se descontrolem ainda de quando em vez.
O meu "testemunho" foi apenas na base de que, aceitando todas as teorias e todas elas são válidas e concordando que não é a forma "ideal" de educar, há casos que ultrapassam a simples conversa e é (quase) impossível que não haja um descontrole nosso e se dê a tal palmada. A mim chateia-me, desculpe a expressão, os defensores acérrimos tanto de uma teoria como de outra como se alguma delas estivesse errada, que na minha opinião não está.
Há sempre dois lados de uma moeda e ambos têm valor.
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De Helena Araujo a 18.10.2013 às 16:37

Parabéns pela sabedoria de procurar ajuda! Há muitos pais que infelizmente não conseguem perceber que já estão a patinar há muito.
Eu levei o meu filho ao psicólogo porque ele se portava bem demais... Passados uns meses, a directora de turma dele deu-lhe os parabéns, toda contente, porque ele tinha começado a ser mais saído da casca ("parabéns, rapaz, gosto muito de ver como te portas mal!"). Eu bem digo que moro num mundo muito diferente do do João Miguel Tavares! ;)

Não há sempre dois lados da mesma moeda, nem têm ambos valor.
Por exemplo, se não estivéssemos a falar de bater nos filhos, mas de o marido bater na mulher, não aceitaria dois lados da mesma moeda, pois não? Há uns anos isso seria normalíssimo. Mas hoje já não é.
Com a educação dos nossos filhos vai acontecer o mesmo. Daqui a uns anos ninguém vai achar normalíssimo e até positivo que se dê uma palmada numa criança.
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De Ana a 19.10.2013 às 01:17

Helena, agradeço a simpatia das respostas. Efectivamente o psicólogo ajuda em muitos casos e da minha parte não tive qualquer tipo de "vergonha", como a Helena não teve segundo entendo, em procurar ajuda que apesar de tudo nós não conseguimos dar. Há que saber reconhecer quando é necessária ajuda externa. :)
Efectivamente no caso que apresenta, não acharia que um "pró" e um "contra" tivessem o mesmo valor, mas seria apenas a minha opinião como é neste caso. Na realidade teriam o mesmo valor na base que os defensores de ambas as teorias estariam a defender aquilo em que acreditam.
Sabe que na Irlanda dar uma "sacudidela" na rua a uma criança pode levar a ter a Protecção de Menores à porta de imediato? Para mim isto é um fundamentalismo e é isso que "critico" nestes casos. A discussão e apresentação de pontos de vista é de todo saudável desde que não se caia em fundamentalismos. :)
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De Helena Araujo a 19.10.2013 às 08:09

Ana,
Não sabia isso que conta sobre a Irlanda, mas não me custa nada admitir: se num país onde é proibido bater nas crianças um adulto perde de tal maneira o controlo que bate a uma criança na rua (tendo em conta a proibição legal, é um bocadinho como assaltar uma velhinha mesmo em frente a um carro patrulha), é normal que o Estado mande alguém a casa dessa família ver o que andará a acontecer por lá.
Na França, contaram-me ontem no facebook, um pai levou 500 euros de multa por ter dado ao filho de 9 anos uma palmada no rabo. Se bem entendi, os pais são divorciados. "«Depuis plusieurs jours mon fils ne me disait plus bonjour, je lui ai demandé pourquoi et il m'a répondu qu'il n'en avait pas envie. Je lui ai dit qu'il me devait le respect et oui, je lui ai donné une fessée», a déclaré père. Selon lui, il subit «la mode actuelle qui veut qu'on ne corrige pas ses enfants»."
O pai mandou o filho baixar as calças e deu-lhe uma palmada no rabo nu. O tribunal obrigou-o a pagar 500 euros à mãe (na qualidade de representante legal da criança). Pessoalmente, acho 500 euros pouco. Baixar as calças de um miúdo de 9 anos?! Onde está o respeito pelo pudor da criança?!
E dar uma bofetada a um miúdo para o obrigar a ser delicado?! Parece uma anedota.
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De Helena Araujo a 18.10.2013 às 14:19

Pois claro que sou, João!
Há que tempos que estava a estranhar o tratamento tão cerimonioso. :)

Obrigada pela visibilidade dada ao meu comentário.
Quanto às ciências recentes: o que me parece é que daqui a uns anos vão perguntar "como é possível no séc. XXI em Portugal ainda acharem que uma palmada era um auxiliar de educação?"
Há cinquenta anos ainda era normal dar um arraial de porrada ao filho, e não vai há muito tempo que o infanticídio não era punido com a mesma severidade que o assassínio de um adulto. Na Roma antiga, o pai tinha inclusivamente direito de vida e morte sobre o filho.
Isto vai. Devagarinho mas vai.
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De Joana Mendonca a 18.10.2013 às 15:48

Também gosto de pensar que assim é! Que daqui a uns anos vão olhar para trás e pensar "como é possível que naquela altura era normal usar a palmada"! Aliás, assim é já nalguns países! Acho essa ideia linda!
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De João Miguel Tavares a 18.10.2013 às 16:19

Ah, bom, Helena, então esteja descansada, que assim vou passar a tratá-la muito pior :-)
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De Helena Araujo a 18.10.2013 às 16:28

Óptimo! :)
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De Maria João a 20.10.2013 às 15:59

Partilho a sua forma de ver as coisas e até de analisar o porquê das pessoas continuarem a ver a palmada como aceitável. Também acredito que chegaremos à altura em que tal prática será considerada inaceitável em termos de opinião pública e até legais. Aliás se repararmos nos eufemismos absurdos que as pessoas usam para legitimar o castigo físico ("palmada pedagógica", "afastar a mosca", "limpar o pó", etc.), mostra que no fundo as pessoas tentam, para si mesmas, desvalorizar o que fazem. Aliás, noutros campos como a agressão às mulheres também foi assim, inicialmente até pessoas informadas defendiam o benefício dos maridos baterem nas suas mulheres, mais tarde passou a ser uma realidade que embora não assumida continuava a acontecer no privado sem merecer grande atenção ou choque por parte da opinião pública (reparem que actualmente conheço pais que levam as crianças para os WC em lugares públicos para darem a tal "palmada pedagógica", ou seja, supostamente não faz mal nenhum mas não o fazem em público), até que se tornou ilegal (voltantdo à agressão contra mulheres) e hoje qualquer pessoa pode fazer uma denúncia.
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De Helena Araujo a 20.10.2013 às 16:48

Maria João, não me tinha ocorrido que essas expressões serviriam para desvalorizar. Agora que o diz: "elementar, meu caro!"
Já a p.p., com sigla e tudo, é um golpe baixo: posto nestes termos, até parece científico!

Bom, já que estamos a falar nisso, aqui vai um pequeno concurso: descubra as diferenças. ;-)

http://dangerousminds.net/comments/newspaper_asks_the_question_if_a_woman_needs_it_should_she_be_spank
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De Maria João a 21.10.2013 às 09:14

Helena: Touché! Não poderia ter encontrado melhor exemplo.
E repare como hoje não só nos parece dantesco a prática em si de agredir as mulheres, como também o facto de lermos um artigo em que esse assunto era discutido como mera opinião ("Concorda ou não concorda?", "Faria ou não faria?"). De certeza que hoje todos nós nos perguntamos: "Mas como foi possível publicar uma coisa assim? E como foi possível que as pessoas discutissem este assunto como um mero artigo de opinião?" Assim é com a questão de bater nos filhos e em pouco tempo (espero) também nos perguntaremos como foi possível não só admitir a legitimidade da palmada na educação dos filhos, como também o facto da questão ser discutida nestes termos (como uma mera opinião, como uma escolha pessoal e privada) em pleno sec. XXI. Acredito, no entanto, que a discussão das questões que passam pela mudança de mentalidades é essencial para gradualmente as pessoas começarem a questionar conceitos que inicialmente consideram verdades absolutas e se apropriarem de novos conceitos e modos de ver a vida. Só assim poderão de facto actuarem de forma diferente no seu dia-a-dia. Para além disso o simples facto da questão ser levantada e discutida é um sinal que algo está a mudar.
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De Helena Araujo a 21.10.2013 às 10:21

Onde é que tem o ícone do "gosto", nesta caixa de comentários? ;-)
(para ser inteiramente justa, devo acrescentar que esse link me foi lembrado por uma comentadora, num post no meu blog: http://conversa2.blogspot.de/2013/10/e-como-as-touradas.html?showComment=1382096917109)
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De Sónia a 18.10.2013 às 11:50

Concordo com a Helena. Tento seguir esta linha de raciocínio na educação dos meus filhos, que são ainda bem pequenos. Tento... mas quando as horas de sono são tão poucas e salteadas, o dia cansativo e a paciência curta, há alturas em fico a ver vermelho. E lá vai palmada no rabo! Não me orgulho, mas não sou perfeita. Quando me acalmo lá vou falar com o pequeno (com 4 anos já dá para conversar com ele), explico-lhe as coisas e fazemos as pazes, ele promete que não repete a façanha e eu prometo ter mais calma. Com a miúda, que ainda não fez 2 anos, a conversa já não resulta. Às vezes a palmada é a única coisa que a impede de continuar a pôr as mãos na porta do forno ou abrir e fechar gavetas (ou isso ou deixo que ela se magoe...) enquanto tento fazer o jantar.
Cada criança é diferente, há uns que percebem quando falamos com eles, há outros que só depois de levarem uma palmada é que acordam e nos ouvem... E por vezes encontro esta mesma variação no mesmo miúdo, conforme as circunstâncias.
Gaita, ser mãe/pai é tramado!

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