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Isto de ter um marido que escreve a toda a hora (com um garfo na mão, a fazer o pino, a fazer equilibrismo, enquanto bate uma soneca) não é justo. Sobretudo quando se é uma mulher cujo trabalho não permite que se passeie pela net, e muito menos se faça um post ou se facebook qualquer coisa, durante o trabalho. A vantagem está sempre do lado dele - até porque também não é quando se chega a casa e os banhos, o jantar, os TPCs e a preparação do dia seguinte estão à nossa espera, que há tempo para responder a provocações do excelentíssimo esposo. A maior parte das vezes nem chega a haver tempo para o fazer antes de cair para o lado numa cama qualquer lá em casa.
Mas isto hoje foi de tal ordem que acabei de receber uma mensagem de conforto sobre o post do Gustavo. E resolvi ocupar a minha hora de almoço (a hipoglicemia costuma provocar irritabilidade, portanto logo à noite já tenho desculpa para o ajuste de contas) para responder...
É nisto que dá ceder às vontades do marido depois de nove anos a dizer "não". Desde que a Carolina nasceu que o João rabuja de cada vez que levo os miúdos ao cabeleireiro: porque é uma loucura o que se paga por cortar três fios de cabelo (e é!), porque não se corta tanto quanto se devia (cortar é sinónimo de rapar no dicionário joãomigueltavariano), porque só se devia perder tempo a cortar o cabelo dos miúdos uma vez por ano e não uma vez por estação do ano (quando se levam três miúdos a cortar o cabelo demora sempre algum tempo), porque eu é que devia cortar o cabelo aos miúdos para poupar tempo e dinheiro...
Exactamente porque já não conseguia ouvir mais o excelentíssimo esposo com este último argumento em relação à Rita, e uma vez que ela tem estado doente e eu não a queria meter num cabeleireiro, este fim-de-semana resolvi seguir as dicas de uma supermãe com quem estive há uma semana e cortei o cabelo à Rita. Resultado: claro que correu mal, visto que nunca frequentei a cadeira de auto-apipocanço e os meus dotes de mãos não incluem saber tratar de cabelos, unhas e pele. Com muita pena minha.
Mas daí a chamar Gustavo à minha Rita vai uma grande distância. Então uma menina já não pode ter o cabelo curto que começam logo a dizer que fez uma viagem suspeita à Suíça?
É pena que um homem tão cinéfilo como o meu marido não se aperceba das semelhanças com famosas figuras da Nouvelle Vague onde a cabeleireira amadora se inspirou.