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Desculpem voltar ao tema Carrilho/Bárbara, sobretudo depois de já vos ter chateado com isto duas vezes (aqui e aqui). É que embora a saga já não esteja a animar tantas conversas de café, a mim continua a supreender-me - e a surpreender-me ao ponto de até ter comprado a Lux desta semana.
Não por causa da chamada maior da capa (mais uma acusação imprópria de Carrilho, neste caso afirmando que os filhos "foram sujeitos a uma lavagem cerebral"), mas por causa de um suposto "exclusivo", que garantia mostrar "todo o fim de semana de Carrilho com os filhos após o divórcio de Bárbara".
Eu li aquilo e pensei: "Exclusivo do fim-de-semana? Então mas o homem andou com um fotógrafo atrás no primeiro par de dias em que ficou sozinho com os filhos?" Sim, pelos vistos andou: há fotos de Manuel Maria, Dinis e Carlota num café à porta de casa; fotos de Manuel Maria, Dinis e Carlota a passear à beira-rio; fotos de Manuel Maria, Dinis e Carlota a almoçar; fotos de Manuel Maria, Dinis e Carlota na Avenida de Roma.
Obviamente, não me é possível garantir que aquilo foi combinado entre Carrilho e a revista (embora tudo aponte para que sim), mas ainda que não tivesse sido combinado, foi certamente consentido. Até porque Carrilho corrobora o trabalho com um longa entrevista à jornalista Natália Ribeiro, onde dá pormenores do divórcio e volta a atirar-se a Bárbara Guimarães.
Ora, porque é que tudo isto me dá a volta à tripa, e porque é que me parece tão importante eu continuar aqui a sublinhar a diferença de comportamentos de um e de outro num caso que tem sido exposto na praça pública? Por duas ordens de razões:
1. Primeiro, porque Manuel Maria Carrilho está a querer destruir a carreira de Bárbara Guimarães. Não há outra justificação para o seu comportamento. O que é que leva um professor universitário, um ex-ministro e um destacado filósofo português a expor-se desta forma em revistas cor-de-rosa? Porque se presta ele a entrevistas atrás de entrevistas a um tipo de comunicação social que nada tem a ver com ele nem com o seu trabalho intelectual, que pertence a um outro mundo, a um outro planeta, cuja superficialidade mediática ele próprio já criticou bastas vezes?
Só há uma resposta para esta pergunta: Carrilho ataca Bárbara Guimarães em revistas que não são frequentadas pelo seu público, mas que são frequentadas pelo público dela. Ele perde alguma coisa, mas ela perde muito mais, e por isso Carrilho acha que ganha no somatório de perdas. Carrilho terá feito as contas na sua cabeça, e concluído que entre o prejuízo que aquilo lhe traz a si e aquele que provoca à sua ex-mulher, a coisa compensa no seu planozinho de vingança.
E é por isso que eu, que pertenço mais ao público de Carrilho do que de Bárbara Guimarães, faço questão de estar aqui novamente a denunciar este seu comportamento. A sua atitude é uma vergonha desde o princípio e continua a sê-lo semanas depois, quando as cabeças já deveriam ter esfriado. Mas, pelos vistos, a cabeça de Manuel Maria nunca esfria. Vive em permanente estado de ebulição trauliteira.
2. E como vive em permanente estado de ebulição trauliteira, vai de repetir acusações a Bárbara Guimarães: "completamente tresloucada", com "um comportamento completamente alucinado", "alcoólica", que "não sabe o que é educar". Mas se Carrilho se limitasse a renovar as acusações em relação à mãe dos seus filhos, não haveria aqui qualquer novidade. Aquilo que mais me impressionou na entrevista, e a razão essencial deste segundo ponto e de eu voltar a este assunto, foi o que o caro filósofo disse sobre os seus filhos.
Carrilho diz que sentiu os filhos "ansiosos", que estiveram "sequestrados" durante três semanas, que foram "sujeitos a uma lavagem ao cérebro", que não está descansado por Bárbara Guimarães estar a cuidar deles, que está "inquieto com a educação" dos filhos, que está "muito preocupado com o seu futuro", que o que "a Bárbara fez é criminoso", que os filhos não deveriam viver "com pessoas de comportamentos instáveis e previsíveis".
Certo. OK. Tudo bem. Vamos por um momento admitir que tudo isto é verdadeiro até à última sílaba. Mas então, a ser absolutamente verdade, que tipo de pai é que, diante desta paisagem de apocalipse emocional, aceita um acordo de divórcio em que abdica da custódia dos filhos e fica com o direito de os ver apenas uma tarde por semana (das 16 horas até à hora de deitar) e estar com eles um fim-de-semana de 15 em 15 dias?
Manuel Maria Carrilho acha que os filhos estão a habitar uma casa de doidos e à beira do descalabro, mas em vez de ir lutar por eles para tribunal, para lhes dar uma educação equilibrada, ponderada e cheia dos melhores valores, deixa-os entregues a uma mãe alcoólica, que não faz ideia do que é educar, e aceita um acesso limitadíssimo aos filhos, mais limitado do que provavelmente conseguiria num divórcio litigioso, mesmo que este lhe corresse mal.
Portanto, não há volta a dar: ou Carrilho é um grande mentiroso, ou é um péssimo pai, ou é as duas coisas em simultâneo. E só lamento que a jornalista da Lux não lhe tenha feito a pergunta obrigatória, a única que se impunha, depois de ter escutado mais aquele chorrilho de queixas e indignações: "Mas ó senhor professor, se a situação actual dos seus filhos é assim tão má, porque é que abdicou de lutar por eles?" Adoraria ouvir a resposta.