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Claro que foi a Rita, minhas senhoras e meus senhores. Mas não só a Rita. Digamos que a Rita foi a autora material, mas a autora moral foi mesmo a excelentíssima esposa. Não se pode dizer que aquilo que aconteceu tenha sido propriamente uma surpresa, tendo em conta que eu - dotado de incríveis capacidades divinatórias - já o havia previsto aqui, quando referi, a propósito de uma certa casinha, "se a Rita lhe deita a mão chama-lhe um figo".
Na verdade, o figo acabou por não ser a casinha, mas a linda escultura branca ao seu lado. Esta é mesmo a última foto que foi tirada à vítima antes do seu homicídio violento às mãos de uma criança de 15 meses, que a empurrou sem piedade de uma prateleira a meio metro de altura.
Mas sabem porque é que a autora moral tem mais culpas no cartório do que a autora material? Porque aqui o excelentíssimo esposo, no dia anterior ao crime, tinha prudentemente tirado daquela prateleira toda a decoração que podem ver na foto, após detectar certas movimentações altamente suspeitas da futura criminosa.
Infelizmente, como tratei de amontoar os bibelôs na prateleira de cima sem grande equilíbrio estético (há que admiti-lo), a excelentíssima esposa achou que, diante daquela salganhada, era preferível enfrentar os perigos ritinhescos a bem da decoração natalícia - e voltou a pôr tudo no lugar de sempre. Até que a tragédia - obviamente - se consumou.
Ó minhas senhoras, mas porque é que vocês não dão mais ouvidos aos vossos queridos, sábios e prudentes maridos? Perante o trágico acontecimento, a Teresa argumentou, dada a ausência de álibis plausíveis, que conhece pais que nunca mudaram nada do sítio nas suas casas e que os seus bebés aprenderam a não mexer com um dedo no que quer que fossse.
Bom, eu já tive mais ou menos essa discussão a propósito das palmadas. Se há pais que conseguem, acho fabuloso. Invejo-os muito. Gostava de aprender com elas. Mas tendo em conta que não sei como se faz essa coisa de amestrar uma criança só com os olhos e torná-la tão bem educada como a rainha de Inglaterra, não vou esperar que tudo corra pelo melhor quando a experiência me diz que há altíssimas probabilidades de correr pelo pior. Chama-se - lá está - prudência.