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Por esta altura acho que já é seguro afirmar que a Rita vai ser igualzinha às outras Mendonças cá de casa: espertíssima, charmosíssima e teimosíssima. Ela é linda, mas tem cá um ginete... No entanto, só para vocês verem como eu levo a sério os conselhos que me dão neste blogue, estou a pensar nos tempos que se aproximam tentar educá-la sem recurso à palmada.
Claro que a Rita ainda é um bocado nova para nalgadas no rabo (até porque com fralda posta ela confunde palmada com massagem), e só está agora a perceber o que não deve fazer - mas, mesmo assim, ela já é espectacular a adorar fazer aquilo que não pode e a aborrecer-se mortalmente a fazer aquilo que pode. Porquê este vício humano em ser do contra, por amor de Deus?
Tivesse eu mais um filho (cruz credo) e a minha prenda de Natal quando ele tivesse entre um ano e um ano e meio seria uma estante Billy com caixas de CDs vazias para o puto poder mandar abaixo. "Toma, queridinho, aqui tens este pedaço de mobiliário só teu, para poderes destruir à vontade."
Brinquedos para miúdos abaixo de ano e meio, lamento dar a má notícia ao pessoal da Chicco, são a coisa mais inútil que existe. Nenhum dos meus filhos brincou com o que quer que fosse durante mais de 30 segundos. Quando eles são bebés, dá-se-lhes peluches e eles só gostam das etiquetas. Quando são um pouco mais velhos, dá-se-lhes casinhas de madeira, mini-puzzles, aparelhómetros que imitam 79 animais da quinta, e ao fim de meio minuto eles concluem: "OK, foi giro e tal, agora vou só ali deitar abaixo mais uns CDs do meu pai."
Definitivamente, é essa a filosofia de vida da Rita, como se vê pela imagem:
E o que é isto, perguntam vocês? Não, não é uma caixinha de arrumação. Neste caso, a Rita foi particularmente sofisticada: quando cheguei à biblioteca, ela tinha virado do avesso um daqueles degraus de plástico que se compram no IKEA, e enfiado meia colecção de música brasileira lá para dentro. E não me venham dizer, senhoras de coração bondoso, que ela é pequenina e não sabe o que faz. Ai sabe, sabe. Sabe não só o que faz, como sabe perfeitamente que não se pode fazer.
Tentando mais uma vez seguir os conselhos da malta zen e anti-palmada, no outro dia estava em casa de uma amiga, que tinha o azar de ter móveis baixos e coisas valiosas em cima deles, e para me entreter resolvi educar a Rita a não mexer, sem nunca lhe bater nas mãos, como é suposto e mandam as boas almas. Resultado: foram nove vezes a desviá-la daquilo que ela queria apanhar. Eu contei. Nove-9-nove vezes a dizer-lhe que não, ela a ir deitar a mão a um router com uma antena super-gira que se iria partir em dois tempos, eu a agarrar nela e a afastá-la dali, a tentar distraí-la com outra coisa, e 20 segundos depois ela a voltar ao mesmo lugar, com os seus dedinhos demolidores. E repetia-se a operação. Nove vezes.
Dir-me-ão: sim, mas ao fim de nove vezes ela aprendeu, não foi? Lamento, mas não: ao fim de nove vezes estava simplesmente na hora de nos irmos embora. Eu admito, porque estamos na quadra natalícia, que se ficasse três dias na casa da minha amiga, a dormir com a Rita no sofá da sala, ao fim da 238.º vez ela concluísse que não era para mexer. Mas uma pessoa tem mais que fazer, não é?
Quer isto dizer que vou rapidamente voltar à técnica de lhe enfiar uma palmadinha na mão quando ela destruir mais um bibelô? Não. Por enquanto, ainda não, porque há um passo intermédio, que também já usei com os outros: a técnica da cadeirinha do castigo.
Ainda há dias, nos Montes da Senhora, a Rita resolveu espatifar uma moldura de vidro. E eu agarrei numa cadeirinha pequenina que lá há e coloquei-a de castigo, sem se poder levantar até eu lhe dizer (ela tentava, mas eu voltava a pô-la na cadeira, ela chorava um bocadinho, e lá ficava). Ora vejam, que eu tirei uma foto para efeitos didácticos:
Só que depois ela faz os olhinhos que a imagem regista, estão a ver? E com o passar dos minutos tudo se torna mais difícil.
Portanto, seja por falta de tempo, seja para fugir à violenta manipulação psicológica paterna através de olhares de gatinho das botas, temo bem que uma palmada nas mãos continue a ser o método mais eficaz de educação primária, contas feitas à eficácia da medida. Mas vamos ver, vamos ver. Ainda não desisti. Até agora, senhores da brigada anti-palmada, estou a portar-me bem. Podem dar-me os parabéns.