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Perdoem-me antecipadamente a imodéstia deste post, mas eu espero em breve poder justificar melhor este pequeno momento de vaidade pessoal. O Tiago Cavaco fez no seu sempre excelente blogue uma avaliação pessoal de 2013, ordenada de A a Z, onde atribui o T de Tavares a mim e à Teresa.
Aquilo que ele diz é muito importante para mim, porque é um texto que vê por dentro o que somos e que explica na perfeição - melhor do que eu seria capaz - porque gostamos de partilhar a nossa vivência familiar no espaço público. Há muito tempo que eu ando para escrever sobre isso, e não sei bem se o Tiago me tirou ou me colocou as palavras na boca. Certo, certo é que lhe estamos profundamente gratos pela generosidade das suas palavras, que aqui ficam com uma certa baba e a devida vénia:
T. Tavares
Conheci o João Miguel Tavares na Faculdade. Ou melhor, conheci-o a ele mas ele só me conheceu a mim uns anos mais tarde. O João era do ano anterior e já na altura tinha reputação entre os miúdos do curso de Ciências da Comunicação. Fui acompanhando-o depois no DN e depois quando, com o Mexia e o Lombra, integrou a "Geração de Setenta". Fast forward e hoje o João é meritoriamente um nome incontornável na nossa imprensa. Este ano encontrámo-nos umas quantas vezes e nasceu uma amizade entre as nossas famílias. Aliás, mais que uma amizade, nasceu uma admiração dos Cavacos pelos Tavares.
A Teresa e o João são o único casal público que conheço que assume a condição da família como exemplo cívico. Não quero teorizar muito sobre isto, até porque eles merecem melhor, mas resumiria desta maneira: os Tavares mostram-se como família sem o pudor imposto por uma cultura que supostamente protege a família não por razões familiares mas por razões individualistas. Com todo o respeito pelos meus amigos que escolhem fazer diferente, creio que esconder as nossas crianças da exibição pública diz mais sobre o que pensamos acerca de nós mesmos do que sobre o que pensamos acerca delas. Pode funcionar como um narcisismo retroactivo, coroados que nos sentimos pelo modo tão sensível como conseguimos separar o privado do público.
A partir do momento que somos pais, acreditem, a manutenção da linha que separa o público do privado é seguramente a tarefa menos importante que nos é dada. A partir do momento que somos pais, acreditem, temos uma responsabilidade pública. Se a soubermos viver publicamente faremos muito mais por todas as restantes individualidades. Com isto não sugiro que os pais pespeguem ao segundo a vida das suas criancinhas online, mas que entendam que boa parte da reserva de proteger a família do olho colectivo pode ter mais cinismo que coração. Olhem para o exemplo da Teresa e do João. Sem exagero, é das melhores coisas a acontecer na nossa vida pública. Mostra coragem, uma qualidade muito perdida nos nossos dias tão calculistas.