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Sobre as praxes

por João Miguel Tavares, em 04.02.14

Eu já escrevi um texto sério sobre as praxes no Público (podem chegar até ele por aqui), mas gostava de voltar ao assunto no Pais de Quatro, porque é um tema que está muito ligado a certos valores que eu defendo com unhas e dentes, e em relação ao qual muita gente não é tão sensível quanto eu julgo que deveria ser.

 

Há uma maneira óbvia de colocar o problema, que é dizer que toda a gente é contra as praxes violentas, que resultem em excessos e na humilhação desproporcionada de caloiros. Com certeza. Ninguém acha que deva haver gente a morrer nas faculdades. Mas aquilo que defendo é mais do que isso - é que qualquer humilhação, e qualquer relação de poder discricionária, baseada na simples antiguidade, é completamente ilegítima, por mais insignificante que possa parecer.

 

Eu recebi um mail de uma leitora indignada com o meu texto do Público, que para me provar a sua razão elencava aquilo que eram as praxes na universidade onde andara, supostamente para me demonstrar a sua inocência. E ela falava em coisas como "mandar os caloiros irem para a fila da reprografia buscar os nossos textos reproduzidos" ou "só os deixar começar a comer quando já estivéssemos sentados".

 

Nada disto tem a ver, em termos de gravidade, com o que quer que seja que se tenha passado no Meco, como é óbvio. Mas, aos meus olhos, isso não torna as praxes que a leitora retrata mais legítimas, ainda que a única coisa que ela tivesse feito fosse mandar um caloiro buscar folhas à fotocopiadora.

 

Admito que tal tenha a ver com uma maneira mais filosófica de encarar a realidade, que me leva a pensar nos princípios que antecendem a prática de certos actos, e com uma fidelidade séria àquilo que Kant definiu como imperativo categórico. Ninguém merece ser tratado como um meio, nenhum ser humano deve ser instrumentalizado. E a praxe é isso - uma instrumentalização do corpo do outro.

 

Fora de relações consensuais (sejam amorosas, sejam profissionais) e de punições legais (prisão), qualquer pessoa maior de idade tem direito de estar ao abrigo do exercício do poder de outro sobre ela. Digo maior de idade, porque, como sabem, os pais têm o direito de educar os seus filhos e exigir-lhes que façam o que não lhes apetece. Mas praxar caloiros universitários? Não há uma única boa razão para que tal aconteça.

 

Eu sou mesmo radical nisto. Se algum dia souber que um dos meus filhos, daqui a 10 ou 12 anos, anda a praxar miúdos numa universidade, eu sou gajo para ir lá e enfiar-lhe uma lambada (pedindo antecipadamente desculpa à Helena Araújo). Aí, sim, como pai e educador, valeria a pena invadir com os dedos a bochecha de um filho - porque naquele momento ele estaria a desrespeitar a sua família e a educação que ela lhe deu.

 

Independentemente da minha fé em Deus, cada ser humano é um milagre, que merece respeito absoluto sempre que as suas atitudes não desrespeitarem a comunidade. Praxar é diminuir essa certeza. Pura e simplesmente não se faz.

 

Praxe num colégio americano, 1962

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publicado às 14:11


Os parques da Monstrum

por João Miguel Tavares, em 04.02.14

Sempre me fez alguma confusão o facto de os parques para crianças, com honrosas excepções (como o do jardim do Príncipe Real, por exemplo, ou, com alguma boa vontade, o Parque dos Índios, em Monsanto), serem tão pouco imaginativos.

 

A mesma coisa terão concluído os dinamarqueses Ole B. Nielsen e Christian Jensen, que tinham experiência anterior no mundo da cenografia. Vai daí, decidiram criar em 2003 a empresa Monstrum, especializada só nisto: parques infantis. O sucesso não demorou a chegar, e hoje os seus parques já se estendem por vários países. Esperemos que algum deles possa chegar rapidamente a Portugal.

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado às 10:45


Os casamentos russos contra-atacam

por João Miguel Tavares, em 03.02.14

Há dois meses eu já aqui tinha partilhado convosco a sublime arte de fotografar casamentos na Rússia, e as maravilhas que eles por lá faziam com o Photoshop, elevando-o a patamares de foleirice nunca antes atingidos sequer pelo senhor Trindade, fotógrafo de casamentos há 43 anos em Jerusalém do Romeu.

 

Mas, entretanto, o grande Malomil apresentou há dias um novo leque de obras-primas, e eu fiquei tão invejoso que não resisto a regressar ao local do crime, seleccionando meia-dúzia de fotos photoshopicamente notáveis de entre a estrondosa galeria apresentada. Aqui vai:

 

1. Mulher-Violino seguida de Meto-a no Bolso

 

 

2. Um amor sob rodas

 

 

3. Movimento Nove Estrelas

 

 

4. As Crónicas de Nárnia em versão Martha Stewart

 

 

5. O Lago do Cisne

 

 

6. Um casal muito rodado

 

Eh pá, isto é tão bom que uma pessoa nunca se cansa. Acho que não vou ficar por aqui.

publicado às 11:12


O homem Nestum

por João Miguel Tavares, em 03.02.14

Ontem foi dia de chegar cá a casa mais um daqueles carregamentos regulares de mantimentos, que já deram tanta conversa e tanta polémica neste blogue (para quem não se lembra, é ir aqui, aqui e aqui).

 

Como a Teresa, o Tomás e a Carolina não estavam em casa, o Gui ofereceu-se para transportar as coisas do hall de entrada até à cozinha e ajudar-me a arrumar o leite, a água, os iogurtes e os cereais.

 

Enfim, "arrumar" é uma maneira de dizer, porque o carregamento de Nestum apanhou o Gui em dia de costela artística (acontece-lhe de vez em quando). E o que saiu da sua arrumação foi isto:

 

 

Perguntei ao Gui o que raio era aquilo. Ele respondeu:

 

- É o homem Nestum com uma toalha de praia ao ombro.

 

Claro, o homem Nestum. Como é que eu não me tinha lembrado disso?

 

Confesso que fico sempre desconcertado com estas ideias que lhe saem assim de repente. Eu olho para o Tomás e para a Carolina e consigo imaginar aquilo que eles vão ser no futuro. Mas o Gui, não. O Gui é um kinder surpresa - nunca ninguém sabe realmente o que por ali se esconde nem o que se passa dentro daquela cabeça.

 

Imaginar o homem Nestum ainda é como o outro. Mas o detalhe da toalha de praia ao ombro, esse, é uma verdadeira delícia.

publicado às 10:00


A Crise Explicada às Crianças explicada aos adultos

por João Miguel Tavares, em 02.02.14

O Montepio Geral tem um canal de educação e informação na net, virado para temas económicos, e há uns meses (daí eu estar tão veraneante nas imagens) vieram cá a casa entrevistar-me a propósito do meu livro A Crise Explicada às Crianças. O resultado dessa conversa saiu agora e pode ser visto aqui:

 

publicado às 22:06

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Os livros do pai


Onde o pai fala de assuntos sérios



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