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Dia das Bruxas

por João Miguel Tavares, em 31.10.14

Hoje o Gui está de fugir.

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publicado às 09:42

Sim, os miúdos adoraram. A aula demorou mais de duas horas (só agora é que consegui falar com a Teresa ao telefone), parece que a excelentíssima esposa fabricou sangue com gomas, cheerios, mirtilos e bolas de açúcar (prémio Nobel, de certeza), os miúdos fizeram perguntas de doutorados em Medicina, e nem sequer queriam sair para o almoço. Quem disse que aprender não é divertido?

 

Vou chatear a excelentíssima esposa para pôr algumas fotos do evento no PD4.

 

publicado às 13:44

A propósito do prometido post sobre o (alegado) excesso de actividades extracurriculares (vai ser hoje!, vai ser hoje! - espero eu, porque a excelentíssima esposa está em casa, e quando ela está em casa nunca se sabe), proponho para começo de conversa a longa mas muito interessante partilha da Mara. Já é a segunda vez que ela me tira as palavras da boca.

 

A sobrecarga das crianças tem várias dimensões. Umas são profundamente erradas, e têm a ver com a nossa organização social e a nossa concepção do trabalho, e deviam mudar. As outras têm a ver com as expectativas e os desejos de cada família para os seus filhos, e aqui tenho muita dificuldade em traçar uma linha entre o certo e o errado.

1. As actividades extra escola não deveriam nunca servir para ocupar o tempo dos miúdos à força porque os pais trabalham um mínimo de 8 horas por dia, o que somado ao tempo perdido a andar para cá e para lá dá, para muita gente, dias de 10/12/14 horas em que não têm possibilidade de cuidar dos filhos. Isto é errado. Não devíamos ter tanta gente desempregada e outros a trabalhar tantas horas. O trabalho é um bem público precioso, que dá dignidade, possibilita a integração social e a realização pessoal, bem como o sustento das famílias. Está tudo mal com os nossos empregos e horários de trabalho, mas isso é um problema bem mais vasto.

Tendo um emprego com horário flexível, em que trabalho a partir de casa 60% do tempo, não tenho, felizmente, o problema de ter que ocupar os meus filhos "à força". Aliás, não têm aecs, saem da escola às 16:00, e deixamos sempre duas tarde livres na semana, mais os sábados à tarde, em que me recuso a marcar seja o que for, porque o tempo de não fazer nada também é importante para qualquer ser humano. Almoços de família, torneios desportivos, cinema, passeios, são marcados, e com parcimónia, aos domingos.

Dito isto, os meus filhos têm várias actividades. Há várias razões para, independentemente do tempo de que dispõem, os pais inscreverem os filhos nas actividades.

2. Cá em casa encaramos as actividades extra como portas para o mundo, como algo que os enriquece e faz deles pessoas melhores. Não espero que sejam músicos ou desportistas no futuro. Aliás, espero deles muito pouco de concreto, quero que sejam solidários, atentos ao mundo e aos outros, e que façam todas as coisas da melhor maneira que conseguirem ("para ser grande, sê inteiro" é a frase colada em letras garrafais no quarto deles). Acho que o desporto e a música deveriam ser obrigatórios para todas as crianças e levados a sério, tal como a matemática ou o português e, infelizmente, não são. Como não são, nós procuramos compensar isto.

3. Há muitos pais (no desporto, a partir de certo nível, nota-se muito) que encaram certas actividades extra como um caminho para o sucesso (para a sua própria visão de sucesso) e se projectam de uma forma que me parece um pouco estranha nos miúdos. São estes mesmo pais que promovem uma competitividade quase doentia entre miúdos de 10 anos. Eu acho isto profundamente errado, mas, ao mesmo tempo, a verdade é que muitos se sacrificam (a nível pessoal e monetário) para proporcionar aos filhos o que não tiveram e gostariam de ter tido. São pais que estão lá, em todos os jogos, em todos os treinos.

4. Por fim, é inegável que há coisas que contribuem para o sucesso profissional e que se "compram" nas actividades extra. As línguas são o exemplo típico. Eu adoro aprender línguas e falo bem uma data delas; talvez os pudesse ensinar. Mas tenho consciência de que a melhor aprendizagem é a que se faz com os "nativos". E, de forma ainda mais aguda e cruel, tenho consciência de que não basta saber bem inglês/francês/alemão/russo, é preciso provar que se sabe. Já participei em muitos concursos, como candidata e como júri. Em todos, os certificados de línguas foram um dos elementos que fizeram a diferença entre quem ficou e quem não ficou. Não consigo, em consciência, não os inscrever, tendo possibilidades disso, num instituto, sabendo as consequências que isso pode ter mais tarde.

Tenho amigas que me dizem "só quero que eles brinquem, sejam crianças e estejam felizes". Obviamente, também eu. Mas quero que sejam pessoas felizes e realizadas em todas as fases da vida, e vamos dando as ferramentas que podemos para que isso aconteça, sabendo que grande parte dependerá apenas de cada um deles. Temos um equilíbrio sempre precário e alvo de muito questionamento. É o nosso, de agora. Vamos andando e vamos vendo, tentando sempre respeitar, mas também estimular, os nossos filhos.

 

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publicado às 12:46


E assim circulou a minha manhã...

por João Miguel Tavares, em 30.10.14

Todos os anos a Teresa vai à escola dos miúdos dar uma aula sobre o corpo humano, que pelo que sei (infelizmente, sou grande e não posso assistir) é sempre um sucesso.

 

Como já terão percebido as pessoas que passam por este blogue, a Teresa quando se aplica é imparável. E quando ela se aplica imparavelmente, eu vou a reboque. As suas capacidades de persuasão, no que me dizem respeito, sempre foram muito eficazes. 

 

Por isso, no dia de hoje, e embora alegadamente nada tivesse a ver com a aula de corpo humano, eu já...

 

...acordei às seis e meia da manhã para desenhar um sistema circulatório em papel cenário, no qual os miúdos conseguissem andar...

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 ...fui à farmácia comprar um pacote de máscaras cirúrgicas...

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...fui ao supermercado comprar Cheerios, porque parece que depois de passados por corante ficam parecidos com glóbulos vermelhos...

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 ...e, de caminho, trouxe também umas gomas para servirem de plaquetas e uma caixa de mirtilos.

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 ...além de uns cogumelos que, à falta de melhor, poderiam fazer (pareceu-me a mim) de glóbulos brancos...

14-b-whitemushrooms.jpg

 ... depois fui ao talho, buscar a encomenda que a Teresa já tinha feito no início da semana: as entranhas de um porco, todas ligadinhas - língua, traqueia, pulmões, coração, fígado. Poupo-vos à fotografia e só espero que não haja crianças vegetarianas na turma do Tomás...

 

... regressei a casa para o inevitável apoio informático na hora de sacar e imprimir imagens...

 

... e quando pensava que poderia largar o sistema circulatório e começar a trabalhar, ainda fui informado que os cogumelos eram péssimos glóbulos brancos e tive de ir a correr comprar umas bombas de açúcar brancas a uma loja de doces...

golf-ball-candy.jpg

 

 ...quando tudo isto acabou, eram 11 da manhã, e a Teresa saiu disparada para a escola. Eu, pelo meu lado, fiquei a olhar para as paredes, mais uma vez confrontado com o velho problema de estar a trabalhar em casa e ser envolvido nos hiperbólicos planos da minha querida mulher. A consequência é esta: o trabalho propriamente dito fica sempre para trás, porque há urgentíssimas 345.726 coisas para fazer.

 

Para a excelentíssima esposa, os assuntos familares têm sempre, mas sempre, prioridade - mesmo que esses assuntos sejam uma simples aula sobre o corpo humano, que ela prepara com a devoção de uma apresentação em Oxford. Gosto tanto que ela seja assim - e lixa-me tanto ela ser assim.

 

Porque 80% daquilo que a Teresa considera ser dever familiar é, pura e simplesmente, um luxo que oferecemos a nós próprios, por termos algum tempo e algum dinheiro. Ou seja, não é, em bom rigor, dever nenhum, ao contrário do meu trabalho, que deveria ser claramente considerado prioritário - mas fazer a excelentíssima esposa aderir a esta magnífica teoria é o cabo dos trabalhos. Ando há 10 anos a tentar, sem sucesso.

 

Felizmente, a aula deve ter sido do caraças.

 

publicado às 11:10

A Patrícia C. está a cobrar-me o texto sobre o "overscheduling" - chamemos-lhe sobrecarga de horário - que eu ontem tinha prometido neste post. Peço imensa desculpa, mas vou ter de empurrar essa prosa para amanhã - agora preciso de ir escrever o texto do Público, que o PD4 não me paga as contas.

 

Levanto só uma ponta do véu, que de certa forma a Patrícia já intui: a questão da sobrecarga está a procupar-me um pouco no início deste 5.º ano por causa da Carolina, devido ao estranho balanço entre as coisas que queremos que ela faça e as coisas que ela quer fazer. Mais sobre isso amanhã - para já, fiquem com o comentário da Patrícia C., para o caso de quererem ir opinando:

 

Oh João, mande lá vir então esse post sobre o overscheduling, faxavor…!

É que, se concordo com tudo no texto e faço parte deste grupo de pessoas (muitas das quais assumo que venham com regularidade ao blogue) manifestamente contra a vaga de perder vida própria em prol dos filhos e sacrificando-se mais que a conta por isso, acho que não se pode dizer "apenas" que se é a favor ou contra esse tal overscheduling - ou sobrecarga do horário, que talvez possa ser uma aproximação de tradução.

Fazê-lo como fim em si mesmo não me parece positivo para ninguém, nem fazê-lo exclusivamente para que os pais tenham espaços de respiração próprios - aí os ATLs, as piscinas, etc. serão depositários de crianças e tenho dúvidas que elas (as crianças) de facto possam tirar o partido que lhes (de novo, às crianças) é devido.

Quando a actividade corresponde a um interesse do miúdo, ou quando os pais consideram que será fundamental para o seu crescimento e vida (por exemplo, a natação, um desporto, ou mesmo o inglês), é uma coisa. Muitas actividades só "porque sim", para fazer uma cruz na lista que inclui desporto, música, linguas, artes, etc. já será outra…

Mas espero o seu post, para ver então como defende a ideia de sobrecarga do horário (sim, é talvez uma tradução enviesada para o meu lado!) :)

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publicado às 10:53


Dificuldades de aprendizagem #2 (uma história de sucesso)

por João Miguel Tavares, em 29.10.14

Eis uma belíssima partilha de uma leitora, a propósito deste post, que nos demonstra como ainda estamos tão longe de compreender como funcionam as nossas cabeças e as cabeças dos nossos filhos. Talvez sirva para acalmar os pais mais ansiosos (os cá de casa incluídos):

 

A opção de procurar um psicólogo (um bom) parece-me a melhor, pois ajudará a perceber o que se passa e a definir as estratégias adequadas e que não prejudiquem a relação mãe-filha (que não deve ser mãe/professora-filha!).

 

Mas já agora conto um pouco da minha história: Também eu tenho um irmão mais velho muito inteligente, bom aluno e que sempre teve boas notas a tudo (5 a quase todas as disciplinas). Era daqueles meninos que as professoras adoram e consideram exemplar! Eu não. As notas eram medianas, os professores diziam que eu era pouco interessada, pouco aplicada, faladora, distraída, etc... Aparentemente também diziam de mim "ela até é inteligente, mas isso não se vê nos resultados". É verdade que eu sabia muitas coisas, mas nada daquilo que era perguntado nos testes. A questão da comparação com o mais velho não ajudava, claro. E sei que os meus pais sofriam bastante com isto.

 

À medida que o tempo foi passando, as coisas foram mudando um pouco, apesar de eu não saber exactamente qual foi o mecanismo. É verdade que os meus pais sempre foram exigindo que eu tivesse boas notas. Penso que com o avançar da escolaridade, os temas me iam interessando cada vez mais (o salto maior no meu desempenho foi a partir do 9.º ano, altura em que há uma maior especialização das matérias escolares, indo mais ao encontro do que os alunos gostam). Acho também que é a partir dessa altura que se valoriza mais um pensamento menos convencional (e eu acho que às vezes era um pouco "fora da caixa")...

 

Hoje posso dizer que sou um exemplo de sucesso académico: sou doutorada, sou boa no que faço, sou procurada pelos meus colegas para fazer - ou ajudá-los a fazer - as coisas complicadas.Na altura (isto foi há 30 anos) não havia o acesso a psicólogos que há hoje. Não sei se teria ajudado ou não. Continuo a achar que para o seu caso, o psicólogo é a melhor opção. Mas acrescento que às vezes também é preciso saber entender a inteligência dos miúdos e utilizar estratégias alternativas de aprendizagem, pois eles não são todos iguais. Alguns são apenas menos convencionais e mais "out of the box"! (JMT, acho que se calhar é isto que se passa como o Gui!)

 

publicado às 10:45

É só para avisar os visitantes cá de casa que as regras para entrar no quarto do Gui, já antes definidas neste post, alteraram-se durante o dia de ontem. Dado nem sempre ser fácil acompanhar a velocidade a que a tecnologia evolui dentro da sua cabeça, eu faço o papel de livro de instruções.

 

Como se explica neste desenho, afixado na porta e produzido com a sofisticação e o cuidado habituais, não se pode entrar no quarto de qualquer maneira.

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A imagem da esquerda significa (pedi-lhe que me traduzisse os gatafunhos) que a Carolina não pode abrir a porta rodadando simplesmente a maçaneta. Ela tem de marcar o código. E que código é esse?

 

Este código:

2014-10-29 09.04.29.jpg

Quem tem a sorte de possuir este código super-exclusivo, pode então introduzi-lo no teclado que se segue, sem dúvida uma das grandes criações do maluco cá de casa (atentem só na pachorra):

2014-10-29 09.03.29.jpg

Depois de introduzido o código, basta carregar no botão vermelho.

 

Que botão vermelho? Este botão vermelho:

2014-10-29 09.03.38.jpg

E pronto, é isto. Se nos vierem visitar, já sabem.

 

publicado às 09:58


Dificuldades de aprendizagem

por João Miguel Tavares, em 28.10.14

Porque o PD4 também é dos seus leitores, fica aqui a partilha desta mãe, muito preocupada com as aparentes dificuldades de aprendizagem do seu segundo filho. O seu pedido de ajuda estava na caixa de comentários deste post, onde vários leitores já opinaram sobre o tema, mas aqui ele tem mais destaque e outras pessoas podem ajudar com dicas e palpites.

 

Se me permite vou deixar o meu "problema", quem sabe algum dos comentadores me ajude com as suas experiências de vida.


Tenho dois filhos. O mais velho (7.º ano) sempre foi bom aluno, estudioso e, verdade seja dita, nunca me deu problemas com a escola. Talvez seja este o problema, por eu "pensar" que seria assim com a segunda filha. Ela está agora no 2.º ano. Desde o ano passado que a professora me diz que "é distraída, faladora e desconcentrada" (noto isso também), que demora a entender os conceitos e ... que tenho de trabalhar muito com ela em casa.

 

Mas aqui está o problema. Eu sinto que não estou a conseguir contribuir para melhorar o seu desempenho e o (pouco) tempo que estou com ela à noite e aos fins de semana está a tornar-se num suplício. Tentar explicar-lhe matemática é para esquecer! Parece que não percebe mesmo...

 

O estranho (ou talvez não, já nem sei nada) é que é uma miúda inteligente, muito perspicaz, decora o sítio de tudo (se eu não souber de algo em casa, ela sabe de certeza), é responsável, faz a mochila e o saco da piscina sozinha, nunca se esquece de nada. Será que é mesmo "limitada" para a matemática? Como poderei ter a certeza?

 

Tudo me tem passado pela cabeça. Pô-la em explicações (coisa que sempre me pareceu absurdo no 2.º ano...), levá-la a um psicólogo para tentar avaliar a sua capacidade (se ela não tiver realmente capacidade, vou andar a massacrá-la?). Não sei mais o que fazer. Só sei que me sinto a falhar sempre que falo com a professora, que me diz que tenho de "trabalhar muito com ela". 

 

Eu faço o que posso, mas nunca é suficiente. Já não brincamos, já não saímos... Estou a ficar desesperada! Há alguém na mesma situação?

 

publicado às 16:37


Uma cura para a hiper-paternidade

por João Miguel Tavares, em 28.10.14

Uma leitora do PD4 chamou-me há tempos a atenção para este texto publicado no New York Times por Pamela Druckerman, intitulado "Uma cura para a hiper-paternidade".

 

Druckerman é autora de um livro chamado Bringing Up Bébé: One American Mother Discovers the Wisdom of French Parenting, e que, como o próprio nome indica, aconselha aos pais ocidentais a educação simultaneamente mais exigente e descontraídada dos pais franceses.

BriningUpBebe.jpg

Eu tenho sérias dúvidas que os franceses sejam assim tão diferentes de outros pais latinos - tirando o facto de terem um sistema de apoios sociais impressionante -, mas aquilo que Druckerman diz no seu artigo é muitíssimo acertado e vai completamente ao encontro àquele que é o meu ponto de vista educativo, sobretudo neste dois aspectos:

 

1. "Remember that the problem with hyper-parenting isn’t that it’s bad for children; it’s that it’s bad for parents", diz Druckerman. Ou seja, um dos grandes problemas em vivermos obcecados com os nossos filhos e com as suas necessidades é que isso pode dar cabo de nós - e ao dar cabo de nós, acaba por também dar um bocado cabo deles.

 

2. “Expect more from your children, and they will rise to it. Expect less, and they will sink.” Acredito muito nesta ideia de exigência em relação às crianças. Estamos sempre muito preocupados em que elas se quebrem, se puxarmos demasiado. Os miúdos não são de vidro - ele aguentam muito bem uma cultura de regras claras e de exigência educativa. 

 

O artigo opõe ainda à cultura francesa a cultura norueguesa, ou escandinava, onde a sobreprotecção das crianças parece estar a atingir patamares francamente excessivos. Adoro este exemplo, dado por um produtor norueguês, que está a elaborar um documentário sobre a forma como os franceses criam os seus filhos:

 

Nós, na Noruega, não contamos os golos em jogos de futebol com miúdos com menos de 12 anos, porque acreditamos que todos eles devem sentir-se vencedores.

 

Virgem Maria. Em vez de lhes ensinarem a aprender a aceitar derrotas e vitórias, alguns noruegueses (quero acreditar que não todos) ensinam-lhes que as vitórias e as derrotas não existem. Sim, eis um fantástico exemplo de sobreprotecção e hiper-paternidade.

 

Mas leiam o texto original, que tem mais dois bons conselhos, com os quais muito me identifico:

 

1. Don’t worry about overscheduling your child. Kids who do extracurriculars have higher grades and self-esteem than those who don’t, among many other benefits, says a 2006 overview in the Society for Research in Child Development’s Social Policy Report.

 

2. It really is just a phase. Unbearable 4-year-olds morph into tolerable 8-year-olds.

 

Acho mesmo que as duas coisas são verdade - e o ponto 1 é bem capaz de merecer um post à parte, que vou tentar escrever amanhã.

 

Ah, e acima de tudo, adoro a ironia das três frases finais de Pamela Druckerman:

 

Don’t bother obsessing about what you think you’re doing wrong. You won’t screw up your kids in the ways you expect; you’ll do it in ways you hadn’t even considered. No amount of hyper-parenting can change that.

 

É mesmo isso.

 

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 Ilustração de Natalie Andrewson

publicado às 10:09


O estudo do corpo humano, segundo o senhor Tomás

por João Miguel Tavares, em 27.10.14

O Tomás tem andado a estudar o corpo humano na terceira classe, e a sua professora desafiou todos os miúdos da aula a desenharem o corpo humano como o imaginam ser por dentro. Este foi o desenho do Tomás:

2014-10-10 18.27.48.jpg

Perguntei-lhe que raio de quadrado era aquele que ele pôs na cabeça do ser humano, que parece ter um cérebro lá dentro.

 

Ele respondeu:

 

"É a caixa craniana."

 

Óbvio, não?

 

Adoro. Os miúdos são incríveis pela forma fresca e desformatada como olham para aquilo que os rodeia, o que me causa uma inveja de morte.

 

Mas o desafio da professora do Tomás não se ficou por aí. Também pediu que os alunos elaborassem uma lista das perguntas sobre o corpo humano que gostariam de ver respondidas durante as aulas.

 

Esta é a lista do Tomás:

2014-10-10 18.28.04.jpg

Há duas perguntas de que eu gosto particularmente:

 

"O que está dentro da maçã de adão?"

 

E, sobretudo,

 

"Porque é que o cotovelo e o ombro são arredondados?"

 

É engraçado como até o matemático e geométrico Tomás consegue ser altamente criativo nas suas questões. Ou então não é criatividade - é apenas a capacidade de ver e interrogar-se sobre aquilo que o rodeia sem o peso daquilo que "já se sabe". A cultura que adquirimos é um bem inestimável, claro, mas também é uma cortina que nos ofusca o olhar puro que um dia tivemos sobre as coisas e as palavras.

 

Há uma frase de George Orwell de que eu gosto particularmente: "É necessário uma luta constante para ver aquilo que está à frente do nosso nariz."

 

Suponho que ser criança seja conseguir fazer isso sem esforço absolutamente nenhum.

 

publicado às 09:48

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Os livros do pai


Onde o pai fala de assuntos sérios



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