por Teresa Mendonça, em 08.03.13
A vida de uma mamã médica não é fácil. Parece que, para todos os fenómenos que ocorrem no universo do corpo humano, ela está obrigada a conhecer o mecanismo fisiológico que os desencadeiam no exacto momento em que se manifestam.
Ora, para tudo, é preciso paciência.
Há uns tempos, o João resolveu
queixar-se aqui de que a mamã cá de casa é uma mariquinhas e que está sempre a virar o agregado familiar do avesso. O que ele queria dizer é que eu passo a vida a policiar os sintomas dos miúdos, marido incluído, para não tomar decisões precipitadas sobre se um sintoma é ou não importante, e evitar assim enfiar-lhes com medicamentos sempre que um começa com febre e outro com dores de garganta.
Ainda na semana passada comentava com uma colega como nos sentimos pressionados pela família quando os miúdos ficam doentes. No caso dela os sogros passam a vida a queixar-se do pobre neto ter uma médica em casa e quase nunca tomar antibiótico quando tem febre. No meu caso tenho um marido que passa a vida a perguntar-me "então pá? O que é que ele tem? Ainda não vai amanhã à escola?", por manifesta dificuldade em compreender que se os miúdos têm alguma virose a abancar no corpinho então não há necessidade de lhes despejar antibiótico pela goela.
Nas últimas semanas temos tido uma fartura de maleitas cá por casa. Entre antipiréticos e anti-inflamatórios, soros fisiológicos, expectorantes, broncodilatadores, máquinas de aerossóis, cinesiterapia e (um) antibiótico fizemos muito pela riqueza das farmacêuticas. Mas o uso de cada um desses instrumentos tem de ser devidamente ponderado (excepto do soro fisiológico, que nunca é demais) e é preciso esperar para não enfiar com tudo ao mesmo tempo em cada um deles. A mãe é médica. Mas não é bruxa.