por João Miguel Tavares, em 27.12.12
Eu nunca tive grande paciência para bebezinhos. Sempre precisei (desesperadamente) que os meus filhos entrassem no domínio da linguagem para que nos começássemos a entender. Mas em relação à Rita, que é suposto ser a última de linhagem, eu prometi a mim próprio que iria ser mais contemplativo. E, de facto, entre esta fotografia tirada com um dia de vida, a 1 de Setembro,
e esta outra tirada no dia de Natal, menos de quatro meses depois,
há um mundo inteiro de distância. É a diferença entre chegar à vida e estar absolutamente vivo. Os novos olhos da Rita não são de quem está a ver, mas sim de quem está a descobrir. Ela não está a olhar para a máquina fotográfica. Ela está a pensar que coisa é aquela que estão a apontar na sua direcção. É ela quem está na fotografia. Mas quem está a ser fotografado somos nós.