Há uns dias encontrámos um colega da Teresa que ainda tem mais filhos do que nós, e ficámos a reflectir em conjunto sobre qual a conjugação de idades em que a nossa vida ficou mesmo um lodo. Cá em casa, por exemplo, foi quando o Gui era recém-nascido, o Tomás tinha dois anos e a Carolina quatro. Nenhum deles era verdadeiramente autónomo, portanto era uma loucura de fraldas, de roupas, de acordar à noite, e de sei lá mais o quê. Hoje em dia, apesar de serem quatro, é bastante mais fácil do que em 2010, o ano do contacto com o além (ou quase).
Mas depois a conversa continuou para a questão que mais me interessa neste momento, e não, não é acerca da existência de Deus: é como manter a sanidade mental e encontrar tempo para mim, me time, eu sozinho, sem ninguém a chatear, tempo para recarregar as baterias interiores. E aí o colega da Teresa foi taxativo: "Lá em casa está tudo na cama às nove da noite. Os mais novos a dormir, e os mais velhos a ler."
E esta foi a minha reacção interior: "SIM! SIM! SIM! É ISSO QUE EU QUERO PARA MIM!"
É isso que eu quero para mim, que eu tento há anos e anos, e que não consigo. Eu bem tento convencer a Teresa da importância disso, lanço-me aos seus pés, rogo-lhe para ela ter piedade, mas há sempre mais uma coisa, e mais uma, e mais uma, um TPC por fazer, uma música para tocar, um capítulo de Os Cinco para contar, e de cada vez que um puto adormece antes das dez e meia da noite eu lanço um foguete na direcção do lustre da sala só para comemorar.
O problema é este: a Teresa parece que nunca se cansa de ser mãe. Não sei se é uma coisa das gajas. Mas eu, aí pelas 21 horas, já estou cansadíssimo de ser pai. A minha paternidade está esgotada, precisa de ir dormir, e sobretudo o eu-João-Miguel-que-não-sou-só-pai precisa de acordar, viver três ou quatro horas, ver as vistas, ler uns livros, até o corpo desabar em cima de um colchão. Preciso tanto disto. E então se fosse antes de eles irem para a faculdade, seria estupendo.
Mas depois a conversa continuou para a questão que mais me interessa neste momento, e não, não é acerca da existência de Deus: é como manter a sanidade mental e encontrar tempo para mim, me time, eu sozinho, sem ninguém a chatear, tempo para recarregar as baterias interiores. E aí o colega da Teresa foi taxativo: "Lá em casa está tudo na cama às nove da noite. Os mais novos a dormir, e os mais velhos a ler."
E esta foi a minha reacção interior: "SIM! SIM! SIM! É ISSO QUE EU QUERO PARA MIM!"
É isso que eu quero para mim, que eu tento há anos e anos, e que não consigo. Eu bem tento convencer a Teresa da importância disso, lanço-me aos seus pés, rogo-lhe para ela ter piedade, mas há sempre mais uma coisa, e mais uma, e mais uma, um TPC por fazer, uma música para tocar, um capítulo de Os Cinco para contar, e de cada vez que um puto adormece antes das dez e meia da noite eu lanço um foguete na direcção do lustre da sala só para comemorar.
O problema é este: a Teresa parece que nunca se cansa de ser mãe. Não sei se é uma coisa das gajas. Mas eu, aí pelas 21 horas, já estou cansadíssimo de ser pai. A minha paternidade está esgotada, precisa de ir dormir, e sobretudo o eu-João-Miguel-que-não-sou-só-pai precisa de acordar, viver três ou quatro horas, ver as vistas, ler uns livros, até o corpo desabar em cima de um colchão. Preciso tanto disto. E então se fosse antes de eles irem para a faculdade, seria estupendo.
Da série World's Best Father, por Dave Engledow
31 comentários
De patricia a 30.01.2013 às 22:42
Cá em casa, são 3 (13,12 e 5 anos). E a hora de ir para a cama, (excepto sexta e sábado) é as 9.30...para as 10.00 estar tudo de luz apagada e em silêncio.
Mesmo que fiquem TPCs por terminar, ou musicas por aprender...as horas de sono deles e as horas de paz dos pais são sagradas e de uma prioridade máxima.
Mesmo que fiquem TPCs por terminar, ou musicas por aprender...as horas de sono deles e as horas de paz dos pais são sagradas e de uma prioridade máxima.
De Anónimo a 30.01.2013 às 22:27
Os meus filhos têm 2 anos de diferença. No primeiro ano do mais novo ía dando em maluca porqque era muito dificil manter rotinas com um bebé que estava sempre doente. Mas passei o cabo das tormentas e já navego por águas calmas. A partir das 21h30 esta mãe trasnforma se em monstro e os meus filhotes nao gostam nada do meu lado psicopata. Mas a logística é tremenda. Jantar as 19h30, seguem se banhos, xixis, copos de agua e afins. As 21h ja estao d pijama a preparar se para historia. Quando ha atrasos não há banhos ou são a correr de chuveiro, a historia conta se em 1 min e pronto. Mas claro que há dias que nao me safo de atrasos. Como quando estou a apagar a luz e o pai abre a porta, a chegar do trabalho. :)
De Anónimo a 30.01.2013 às 22:18
É a primeira vez que aqui comento, mas hoje não podia mesmo deixar de o fazer.
Também tenho quatro filhos (uma com 11, outra com 10 e dois que estão a dias de completar os 7 anos). E compreendo perfeitamente o que diz, aproveitando apenas para informar que não é, efectivamente, "uma coisa de gajas" - eu, que sou e adoro ser mãe, preciso de tempo para mim como de pão para a boca. Gosto muito de estar com os meus filhos mas, convenhamos, também gosto muito quando estou apenas comigo. Muito mesmo!
Por isso, a regra é e sempre foi de os deitar às 21h. E faço tal e qual como o colega da sua mulher: as mais velhas ficam a ler na cama, enquanto os mais novos (pelo menos por enquanto) adormecem em minutos.
Não é desamor de mãe (ou, no seu caso, de pai). É um verdadeiro caso de sobrevivência! :)
(Mas diga lá que não ia ao quinto? Eu ainda sonho com isso!)
Alda
Também tenho quatro filhos (uma com 11, outra com 10 e dois que estão a dias de completar os 7 anos). E compreendo perfeitamente o que diz, aproveitando apenas para informar que não é, efectivamente, "uma coisa de gajas" - eu, que sou e adoro ser mãe, preciso de tempo para mim como de pão para a boca. Gosto muito de estar com os meus filhos mas, convenhamos, também gosto muito quando estou apenas comigo. Muito mesmo!
Por isso, a regra é e sempre foi de os deitar às 21h. E faço tal e qual como o colega da sua mulher: as mais velhas ficam a ler na cama, enquanto os mais novos (pelo menos por enquanto) adormecem em minutos.
Não é desamor de mãe (ou, no seu caso, de pai). É um verdadeiro caso de sobrevivência! :)
(Mas diga lá que não ia ao quinto? Eu ainda sonho com isso!)
Alda
De Mafalda Sant'Ana a 30.01.2013 às 21:29
Cá em casa também somos 4. Um com 9, outro com 7 e duas gémeas de 3. As gémeas vão para a cama às 8 e às 8:30 já roncam. Os mais crescidos vão para a cama às 8:40 (final do programa xxxx no canal preferido)e nem sempre adormecem antes das 9. Mas é preciso que quem acha que eles têm de ir para a cama cedo (nesse caso, eu) os faça ir lavar os dentes, etc, etc e depois deitar. Para isso, novamente eu, a interessada, tenho que garantir que está tudo feito, TPC, jantar, etc, bem cedo. E ao fim de semana apesar de apetecer a todos, não sair muito desta rotina, se não custa muito a adormecer no domingo. Mas isto não era assim quando só tinha dois. Deitavam-se pelas 22:00. Mas, depois de ter os 4, e de precisar cada vez mais de silêncio e de tempo para mim, comecei a ir impondo horários cada vez mais cedo e consegui. São estas horas, todos dormem e roncam. Espero ter ajudado.
De Francisca Prieto a 30.01.2013 às 20:45
Solidária. Tão solidária.
(Todos para a cama imediatamente. E diz o PAI: não sejas chata, deixa lá acabarmos este campeonato de Fifa)
(Todos para a cama imediatamente. E diz o PAI: não sejas chata, deixa lá acabarmos este campeonato de Fifa)
De Xs a 30.01.2013 às 16:18
lolol
Compreendo-te.
Nós ainda não temos filhos, mas é isso mesmo que eu quero instaurar em casa quando eles vierem!
Tempo para mim, para o casal e para o silêncio... é fundamental.
Senão não há cabeça que aguente!
Compreendo-te.
Nós ainda não temos filhos, mas é isso mesmo que eu quero instaurar em casa quando eles vierem!
Tempo para mim, para o casal e para o silêncio... é fundamental.
Senão não há cabeça que aguente!
De Anónimo a 30.01.2013 às 14:08
Eu sempre deitei os meus às 9.30, exige o esforço de ter de chagar a casa a horas de lhes dar o jantar até às 8, o que para quem trabalha numa empresa nos dias de hoje sabe que nem sempre é fácil, têm 3 e 5 anos. Desde que o meu marido foi trabalhar para fora e eu estou sózinha com eles ainda me faz mais falta este bocadinho, então ao fim de semna que estou 13 ou 14 horas sempre com eles ainda me apetece deitá-los mais cedo...
Mas existe o reverso da medalha, seja Terça, Quinta ou Sábado às 7 horas estamos todos a pé a ver o Mickey.
Não há vidas perfeitas...
Mas existe o reverso da medalha, seja Terça, Quinta ou Sábado às 7 horas estamos todos a pé a ver o Mickey.
Não há vidas perfeitas...
De Arca Trapos a 30.01.2013 às 13:42
Não sou mãe, mas parece-me que qualquer casal necessitaria desse tempinho. Dizem que é importante para os casais manterem aquele tempinho de ambos e para ambos! :)
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Os livros do pai
Onde o pai fala de assuntos sérios
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