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Hiperactividade, a polémica

por João Miguel Tavares, em 23.01.13
O Henrique Raposo, com o talento para a polémica que Deus lhe deu (é um elogio), escreveu este texto no Expresso, com o sugestivo título "as crianças não são hiperactivas, são mal-educadas". A crónica tem dado bastante conversa pelas redes sociais e pelos blogues, e o Ricardo Martins Pereira respondeu-lhe n'O Arrumadinho com um longo texto, onde contesta sobretudo a teoria de que os pais actuais não querem saber da educação das crianças para nada.

Apesar de ninguém me ter perguntado a opinião, eu, numa posição muito magnânime, diria que concordo com os dois. Ou seja, concordo que muitas crianças nos dias de hoje precisam de um par de tabefes e não os têm e que uma palmada dada na altura certa só faz é bem. E concordo também que os pais de hoje em dia têm uma dedicação às crianças que nenhuma geração anterior teve.

O que é que falha, então, na matemática, para haver tanto puto mal-educado por aí? Porque é que 1+1 não dá 2? Eu diria que onde a matemática entorta é em algo que a Helena Araújo denuncia muito bem aqui: é que na sociedade actual falta o tempo, mas falta, sobretudo, o espaço. A nossa sobre-preocupação pela saúde dos nossos filhos, o facto de termos passado a ver um pedófilo em cada esquina e um raptor em cada bairro, tornou-nos pais medrosos, e ao tornarmo-nos medrosos retirámos espaço às nossas crianças para correr, brincar na rua, esfolar os joelhos, trepar às árvores.

É certo que poderíamos ainda acrescentar uma outra distorção: com o aumento de psicólogos tendem a crescer as doenças psicológicas. Se é porque elas já existiam e não eram diagnosticadas, se é porque passaram a ser diagnosticadas embora não existam, é tema para teorias várias (algumas de conspiração), que não vêm agora ao caso.

É possível que haja um excesso de diagnósticos de hiper-actividade, e que, como denuncia o Henrique, isso seja uma desculpa de certos pais para justificar comportamentos inadmissíveis dos seus filhos. Agora, o que não tenho quaisquer dúvidas é que o excessivo enclausuramento dos nossos jovens nas cidades actuais coloca muito puto a dar cabeçadas inúteis nas paredes. Há miúdos parvos. Há pais idiotas. Mas há, sobretudo, muito muro à frente dos nossos narizes.

Beyond the Wall, de David Bowman

publicado às 19:14


14 comentários

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De ruterata a 24.01.2013 às 14:29

Na minha opinião existe actualmente a tentação de chamar hiperactivas às crianças.À exepção de alguns casos que são realmente mais trabalhosos, as nossas crianças precisam de amor e atenção/paciência. E ambas muitas vezes faltam aos adultos. Os miúdos precisam de espaço para gastar energias que têm aos montes, de quem lhes ensine com muiiita paciência e insistência como ir estando nas diversas situações das suas vidinhas (educação) e quem as oiça. Já a questão da palmada...não faz muito o meu género. Isso era no tempo dos nossos pais que tinham muitos filhos e pouco tempo para explicações...era logo uma palmada!!!

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