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Um grande susto

por João Miguel Tavares, em 21.05.13
No sábado passado vinha a sair da natação descontraidamente com os três miúdos mais velhos quando o Gui decide passar sozinho a rua de São Bento. É certo que não vinha nenhum carro e que ele até olhou, mas depois de fazer aquilo fiquei com vontade de lhe arrancar a cabeça, o que era capaz de ser mais prejudicial à sua saúde do que se tivesse sido atropelado. Eu fiquei debaixo de um carro quando tinha mais ou menos a idade dele, e estou farto de contar histórias domésticas sobre a responsabilidade de andar na rua e saber parar no passeio quando a estrada se aproxima, atravessando apenas com o ok dos pais.

Quando se tem quatro filhos, não existem mãos que cheguem para agarrar todos eles, mais o material que é preciso transportar quando se sai de casa. Assim, o único remédio é começar a treiná-los desde pequeninos para caminharem de forma independente mas responsável. Como por esta altura vocês já devem saber, eu sou muito crítico do excesso de protecção paternal, pois vivemos numa sociedade em que mal os perdemos de vista 10 segundos (porque eles já viraram a esquina e nós ainda não) achamos que estão inevitavelmente fadados a encontrarem-se com Jack, o Estripador. E depois o que acontece, como um dia disse Daniel Sampaio, é que eles passam quase directamente de não poderem ir sozinhos para a escola para saírem à noite até às quatro da manhã.

Nesse sentido, dar-lhes independência é uma luta contra nós próprios: claro que eu preferia tê-los sempre pela trela quando andam na rua, mas acho genuinamente que não o devo fazer - para espanto de alguns pais que me encontram a caminho da escola e me devem achar demasiado despreocupado. Não sou, na verdade, mas tento disfarçar o melhor que posso, porque não há nada mais bonito do que um filho independente e bem comportado. Mas claro, depois acontecem coisas destas e nós reavaliamos tudo outra vez.

Desde sábado, o Gui está de castigo e vai comigo para o infantário pela mão. Eu expliquei-lhe muito bem porquê, e agora pergunta-me todos os dias: "quando é que voltas a confiar em mim?" Como costuma acontecer com todos os traídos, acho que ainda vai demorar bastante.

publicado às 09:49


5 comentários

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De Joana Pereira a 21.05.2013 às 10:46

Há momentos em que temos mesmo que ser valentes e ajudá-los a ser independentes, mas de forma ainda "supervisionada". No outro dia coloquei uma faca afiada nas mãos da minha filha de 5 anos para a ensinar a usá-la. Fizemos a sopa juntas. Não fazem ideia do suor e stress que fazer uma sopa podem envolver!!! No final ela ficou feliz. E eu quero acreditar que quando ela tiver que cortar alguma coisa, vai faze-lo com algum cuidado...

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