por João Miguel Tavares, em 03.03.13
Eis o meu texto de hoje na revista do CM, escrito com a língua de fora:
Acabada a licença de maternidade, a Teresa voltou ao trabalho no hospital, e com isso o frenesim da nossa família deu mais um passo em direcção à estratosfera. Estas fases em que há um filho muito bebé para criar enquanto se trabalha de sol a sol é de uma tal violência física e psicológica que às tantas já não sabemos em que terra andamos. Junte-se a isso um par de viroses típicas do Inverno, com febres nocturnas e miúdos obrigados a ficar em casa, um bebé com o nariz mais entupido do que a rotunda do Marquês à hora de ponta, e um bando de filhos a acordar em cânone (agora acorda um, cinco minutos depois outro, 10 minutos depois o terceiro, e por aí fora), e o que acontece é um homicídio em massa de neurónios e de paciência – nada é mais duro do que estar a adormecer e a acordar em constante intermitência, num pára-arranca de sono que arrasa qualquer um.
Isso reflecte-se em tudo: na paciência para aturar os filhos, na paciência para eu e a Teresa nos aturarmos um ao outro, ou na simples incapacidade para termos uma conversa com princípio, meio e fim (...).
O resto do texto pode ser lido
aqui. A ilustração é do José Carlos Fernandes.