por João Miguel Tavares, em 11.01.13
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Ser casado com uma médica deve ser tramado!É como em tudo: há coisas boas, há coisas más e há coisas mais ou menos.
Coisas boas. Por exemplo, nunca tive de ir amochar para um banco de urgências às quatro da manhã. O mais chato que costumo ter de fazer no que diz respeito a investidas nocturnas no domínio médico é ir a uma farmácia de serviço comprar remédios. É uma vantagem apreciável, que já justifica umas viagens exploratórias a faculdades de Medicina.
Coisas más. O excesso de conhecimento de desgraças e maleitas. Depois de tudo o que a minha excelentíssima esposa já viu em bancos de urgência qualquer erupção cutânea pode ser potencialmente a antecâmara de uma falência de órgãos generalizada. Eu, por mim, desvalorizo tudo. É um princípio de vida. Só que ela não. E é uma chatice utilizar o argumento clássico do "onde é que isso já se viu?". Porque a excelentíssima esposa vai sempre encontrar um desgraçado qualquer que numa noite chuvosa lhe entrou pela urgência a dentro precisamente com aquilo que eu disse que não era possível ter.
Coisas mais ou menos. Os telefonemas a toda a hora. Ter uma médica em casa é ter uma mulher agarrada ao telefone sete vezes por dia (nos dias calmos) a resolver problemas a familiares, amigos e conhecidos. Porque é que isso é "mais ou menos" e não apenas "mau"? Não, não é porque enquanto ela está ao telefone eu consigo ver melhor a bola. É porque no dia em que a convencer a passar o seu telemóvel para número de valor acrescentado, eu vou viver como um verdadeiro nababo até ao fim dos meus dias.