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As notas do 2.º período

por João Miguel Tavares, em 22.03.13
Naqueles discursos moralizadores que de vez em quando faço aos meus filhos, tipo general a dar moral às tropas antes da batalha, exijo apenas uma coisa (além de serem bem-educadinhos, como é óbvio): que sejam bons alunos na escola. Explico-lhes que, por enquanto, eles não têm de se preocupar com a roupa, que aparece lavada e passada; não têm de se preocupar com a comida, que aparece feita; não têm de se preocupar com as despesas da casa, que aparecem pagas. E, de caminho, ainda levam como bónus muitos livros, filmes e brinquedos.

Em troca de tudo isso, os seus papás exigem uma única coisa: aplicação nos estudos. É assim que eles pagam aquilo que têm. Explico-lhes que a primária se faz com uma perna às costas desde que estejam concentrados e atentos, e na hora de fazer o trabalho de casa não há cá brincadeiras. Quando se entra no nosso escritório/ biblioteca/ sala de piano as palhaçadas ficam lá fora. Ali trabalha-se e estuda-se. Ponto final. Eu sou mesmo inflexível a lidar com isso, e já aconteceu metê-los para fora da biblioteca porque não estavam a cumprir as regras.

Muito graças a essa exigência, acho eu, e à infinita paciência que a Teresa tem em estudar com eles (tema que merecerá discussão daqui a uns tempos, já que por eu os querer mais independentes e auto-disciplinados nem sempre concordo com o seu esforço), a Carolina e o Tomás tiveram Satisfaz Muito Bem nos testes de todas as disciplinas: Matemática, Português e Estudo do Meio. Eu digo-lhes sempre que eles não precisam de ser os melhores da turma (embora devam tentá-lo), mas que na primária, quando as coisas ainda são fáceis, abaixo de Satisfaz Muito Bem não há cá sorrisinhos de condescendência nem palmadinhas nas costas.

Felizmente, com estas óptimas notas, já houve sorrisinhos de dever cumprido e palmadinhas de alegria. E, dentro em breve, haverá também uma prenda para os dois que andam na primária, que eles merecem. (O Gui, claro, já se queixou da discriminação, mas eu expliquei-lhe que a vida dele era só regabofe, e que quando deixasse de ser regabofe também teria a sua prenda. Ao que ele replicou: "o que é regabofe?")


publicado às 08:45


10 comentários

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De Anónimo a 22.03.2013 às 11:31

Concordo que as crianças aprendam logo que possível que para tudo há uma ocasião e quando é para estudar não é para estar com brincadeiras. A minha filha tem 4 anos e tem aulas de violino. Pratico com ela em casa porque tenho algumas noções desse instrumento e zango-me com ela quando tenta levar a coisa para a brincadeira ou não se concentra na tarefa e mostro-lhe que de facto quando se concentra atinge de imediato melhores resultados na execução. Talvez outras pessoas acharão que sou muito dura atendendo à idade. No entanto, penso que é preciso ter cuidado quando achamos que determinada fase, competência ou conhecimento que estão a aprender "é fácil" e por isso têm obrigação de a aprenderem. Não nos esqueçamos que os ciclos de estudos estão adaptados à idade e ao seu nível cognitivo (eu também tenho muita dificuldade em descer ao nível intelectual deles e por isso já deleguei algumas das tarefas de acompanhamento de trabalhos da escola ao meu marido). O que para nós parece fácil (até porque podemos achar que os nossos filhos estão desenvolvidos para a sua idade) para eles poderá não ser ou significar um verdadeiro esforço para conseguir os bons resultados.

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