por João Miguel Tavares, em 21.12.12
Estou com um grave problema de lógica interna cá em casa, e a ausência de um fio narrativo plausível está a deixar-me angustiado. Eu tenho uma filha de oito anos que está bastante desconfiada de que o Pai Natal não existe, um filho de seis anos que está mais ou menos confiante de que o Pai Natal existe, um filho de quatro anos que está absolutamente certo da existência do Pai Natal e uma filha de três meses que se está nas tintas para tudo isso.
E o que se passa é isto:
1. Temos prendas debaixo da árvore de Natal, porque as pessoas vêm cá a casa e deixam prendas para os miúdos.
2. Temos idas às compras com os dois mais velhos, que usam o dinheiro das semanadas para comprar prendas para os irmãos, coisa que eles adoram fazer, é generoso e é didáctico, e portanto está fora de questão que não o façam.
3. Temos a narrativa tradicional do Pai Natal, que aparece na noite de dia 24 para 25 e deixa as prendas todas nos sapatinhos, e por isso convém que se portem bem.
Ora, como raio é que se compatibiliza 1 com 2 e com 3? O Pai Natal vem cá a casa mas as prendas já cá estão? O Pai Natal é que dá as prendas mas eles é que as compram? Para que é que eu me preciso de portar bem se a árvore já está cheia de presentes? Chiça-penico, nada disto faz nenhum sentido. Preciso de um argumentista de Hollywood na minha vida.