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A minha alergia aos lares de terceira idade

por João Miguel Tavares, em 12.11.14

A mesma regra que eu acho que se deveria aplicar aos filhos - a partir do momento que são maiores de idade, deixamos de ter a responsabilidade legal de os sustentar (excepto em casos de deficiência, como é óbvio) -, também se deveria aplicar aos idosos.

 

Eu, por exemplo, sou filosoficamente anti-lares de terceira idade. Sei que para muita gente não há outra alternativa, que tem mesmo de ser, e o que tem de ser tem muita força. Mas acho que muitas vezes os filhos não se esforçam realmente para abrir os cordões à bolsa, organizarem-se, contratarem empregados para cuidar dos pais, ou, em última análise, levá-los para suas casas. Repito: muitos não podem. Mas também repito: muitos não querem. Por regra, eu acho que os velhos deviam morrer nas suas casas, junto às suas famílias, e não em lares. Espero sinceramente ter forças e disponibilidade para estar à altura deste desejo quando um dia me calhar a mim.

 

No entanto, e como bem salienta a Teresa A., não me parece que faça sentido um tribunal decidir de que forma devo tratar os meus pais. Um tribunal deve, sim, impedir que os filhos assaltem o património dos pais idosos, como tantas vezes acontece. E o direito sucessório deveria dar mais liberdade a cada um para dispor dos seus bens como lhe aprouver (já conversámos sobre isso no PD4). Mas daí a impor a obrigatoriedade legal de um filho pagar o lar de um pai vai uma grande distância. Não porque eu não ache que moralmente não deva ser assim - mas porque acho que juridicamente não deve ser assim.

 

O problema já se tem colocado em Portugal, e numa rápida pesquisa encontrei esta notícia de 2012 do jornal i, em que pelos vistos até me descubro a concordar com Marinho e Pinto:

 

O governo quer abrir o debate para encontrar formas de penalizar os familiares que abandonam idosos em hospitais e lares, mas a ideia já recebeu críticas. O sociólogo Manuel Villaverde Cabral avisa que o Estado “não pode legislar os afectos” e o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, acusa o governo de tentar “desresponsabilizar-se” das suas obrigações, numa lógica “meramente economicista”.

 

É um facto. Se o nosso Estado Social não servir para cuidar das crianças e dos idosos, então serve para muito pouco, e anda a gastar os seus recursos nos locais errados.

 

Eu percebo perfeitamente que muita gente discorde de mim, mas eu sou, de facto, um liberal, tanto em termos pessoais como políticos: o Estado deve abster-se ao máximo de intervir nas liberdades de cada um. Incluindo nessa triste liberdade de se ser um filho da mãe.

 

Funny-Old-people-cartoon.jpg

 

publicado às 10:39


28 comentários

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De Isabel a 29.04.2015 às 04:50

Lidar com idosos pode ser uma situacao complicada. Por vezes as pessoas nao querem cuidar dos idosos apenas por estes interferirem negativamente na vida individual e da familia em geral e por nao concordarem com nada que a familia se esmere em fazer por eles. Tudo esta' sempre errado e nao e' nunca esta' bem como fazemos. Penso que pessoas com um feitio dificil ficam ainda mais dificeis com a idade e isso pode levar a que quem deles cuida fique deprimido ou se sinta sempre errado nos esforcos que faz para tentar levar as coisas o melhor possivel. Ter que trabalhar o ano inteiro, as vezes em 2 empregos para fazer face as despesas, e depois passar ferias escutando abusos de um familiar idoso tambem nao e' muito gratificante ou relaxante e a pessoa regressa de novo ao emprego exausta. Por outro lado, cada familia tem nocoes de privacidade diferentes e dar banho a um pai ou mae idosos e' uma actividade que pode nao ser bem acolhida pelo proprio idoso. Outra questao e' a comida nunca estar boa, a menos que seja feita por eles. Sou filha unica com uma mae de 98 anos e apesar de nao a ter num Lar (porque ela me pediu para morrer em casa) sinto que preciso de mais apoio em casa, mas que a casa nao tem condicoes para obter essa ajuda devido a degradacao do predio e a impossibilidade de fazer obras profundas visto o andar nao ser nosso. Apenas um desabafo!
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De Ricardo_A a 15.11.2014 às 00:30

Sendo também liberal tenho pena é que o estado não me autorize a morrer no dia em que eu assim decidir. Isso, sim, é a dignidade suprema a que alguém pode almejar: decidir morrer quando quer, ao pé de quem quer, sem precisar de definhar até perder, muitas vezes, a noção da sua própria existência.
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De Maria a 13.11.2014 às 23:34

Concordo plenamente...os Lares são uma roubalheira....um negócio da China...
Oa meus pais estiveram cerca de 2 meses num lar....(contra minha vontade...) a pagarem no 1ºmês: 1640,00€, no 2º mês:1. 800 e tal... e as reformas deles não chegavam...o meu pai tinha que ir buscar das poupanças que tinha para poder pagar !....(Este lar é gerido por um padre !.....)
Claro que o dinheiro da poupança não durava sempre !... E para nós filhos tbm a vida não está fácil !.... Daí decidir ficar com eles....
Espero que Deus me dê forças para lhes dar tudo o que precisam...para mim são os pais que me criaram e que amo de todo o <3... E farei tudo para que se sintam felizes....
Lares...só em última necessidade !...Por muito bons que sejam....não existem laços de sangue...daí não haver por vezes a sensibilidade e os afectos de que eles precisam ! Estou feliz por os ter comigo e sinto que eles se sentem felizes também....
Maria
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De MARIA SILVA a 13.11.2014 às 16:07

boa tarde,

infelizmente falo por experiência, o meu sogro de um dia para o outro paralisou da cinta para baixo e viveu assim 2 anos de 3 meses, a minha sogra auxiliava mas com muitas limitações, mesmo trabalhando e tendo dois filhos pequenos fomos nós que tratamos sempre dele, desde o banho, ao cortar o cabelo, medicação, isto porque fomos sempre contra os ditos Lares para idosos.
3 meses depois de ele falecer descobrimos que a minha sogra com apenas 65 anos tinha Alzeimer e foi galopante, conseguimos com muito sacrificio aguentar tudo durante 5 anos, desde um lar de dia a uma pessoa a tomar conta dela durante o periodo em que estavamos a trabalhar.
Foram 7 anos de exaustão e sem vida propria, em Agosto não tivemos alternativa de a colocar num Lar mesmo sendo contra a nossa vontade, fomos vencidos.
Durante estes anos e depois de todo este esforço que faziamos tinhamos todos em cima de nós, desde a Assistente Social, Enfermeiros e etc,
Claro que a pensão dela não cobre todas as despesas e temos que ser nós a pagar a diferença sem nenhuma ajuda extra.
O estado devia pensar pensar mais nos idosos, porque com sacrificio nós vamos conseguindo mas se não for o caso qual a alternativa, um Lar do estado é impensável, as listas de espera são intermináveis, um particular a mensalidade é impraticável, o que fazer.....

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De MARIA SILVA a 13.11.2014 às 15:40

boa tarde,

infelizmente falo por experiência, o meu sogro de um dia para o outro paralisou da cinta para baixo e viveu assim 2 anos de 3 meses, a minha sogra auxiliava mas com muitas limitações, mesmo trabalhando e tendo dois filhos pequenos fomos nós que tratamos sempre dele, desde o banho, ao cortar o cabelo, medicação, isto porque fomos sempre contra os ditos Lares para idosos.
3 meses depois de ele falecer descobrimos que a minha sogra com apenas 65 anos tinha Alzeimer e foi galopante, conseguimos com muito sacrificio aguentar tudo durante 5 anos, desde um lar de dia a uma pessoa a tomar conta dela durante o periodo em que estavamos a trabalhar.
Foram 7 anos de exaustão e sem vida propria, em Agosto não tivemos alternativa de a colocar num Lar mesmo sendo contra a nossa vontade, fomos vencidos.
Durante estes anos e depois de todo este esforço que faziamos tinhamos todos em cima de nós, desde a Assistente Social, Enfermeiros e etc,
Claro que a pensão dela não cobre todas as despesas e temos que ser nós a pagar a diferença sem nenhuma ajuda extra.
O estado devia pensar pensar mais nos idosos, porque com sacrificio nós vamos conseguindo mas se não for o caso qual a alternativa, um Lar do estado é impensável, as listas de espera são intermináveis, um particular a mensalidade é impraticável, o que fazer.....

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De zezinha a 13.11.2014 às 14:09

Cuidar de alguem não é fácil, seja um pai envelhecido, um adulto doente ou um filho deficiente.
é um peso muito grande. o problema é que na mentalidade portuguesa tem de haver sempre um sacrificado: ou é a irmâ/irmão que não casou e por isso tem mais disponibilidade, ou é a filha porque isso é trabalho de mulheres, ou é a mulher/marido porque quando se casa é para o bem ou para o mal etc...
E quando o necessitado, nada fez para merecer esses cuidados ainda é pior, pois há pessoas que durante a vida fazem coisas execráveis aos familiares e não se podem pedir a ninguém que tenha pena de quem o maltratou.
Outra questão cada vez mais premente é esta: com o envelhecimento da população que vive cada vez até mais tarde e principalmente o decréscimo de gente jovem não se pode esperar que os descendentes cuidem dos ascendentes sob pena de no futuro ninguém fazer outra coisa do que cuidar dos pais e avós.
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De Ana Patriarca a 13.11.2014 às 13:23

Muito fácil criticar, mas viver as situações é que é o elas.
Espero que nunca tenha de tomar essa decissão, acima de tudo porque nenhum dos seus país ou sogros venha a presisar mas, se tal acontecer, se alguém da sua familia vier a precisar a sério e de verdade, então ...apenas lhe dou 6 meses nessa situação, a si claro e toda a sua familia "chegada" envolvida (mulher filhos) sem esquecer os amigos mais chegados, então depois de 6 meses de cuidados 24h sob 24h falamos.
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De Bela a 13.11.2014 às 12:50


Li atentamente o texro de João Miguel Tavares e todos os comentários.

A minha mãe, faleceu em 2001, teve problemas do foro neurológico, os médicos deram-lhe a designação de Demência Senil, doença que é caracterizada por uma perda progressiva e irreversível das funções intelectuais. Nunca referiram concretamente a que grupo pertencia.
Com o passar dos anos perdeu também a capacidade de controlar as necessidades básicas: urinar, comer, etc.

O meu conselho é deixarem viver sózinhos os idosos que efectivamente ainda possam ser realmente independentes. Depois quando eles começam a ter problemas diversos colocá-los num local adequado onde haja pessoas que saibem cuidar deles.
Egoísmo? Não!
É muito fácil criticar e fácil apontar o dedo a quem coloca os idosos num lar, mas só quem está na situação é que sabe o porquê de o fazer.

Apesar de ela ter um pensão de sobrevivência, de valor reduzido, tal montante pouco mais dava do que para os medicamentos que tinha de tomar. Foi um grande sacrificio, sobretudo da minha parte e do resto da família que vivia debaixo do mesmo tecto.

Não foi fácil! Eu sei bem o que é o Síndrome do Cuidador, porque foram 7 (sete) anos a cuidar da minha mãe.

Inicialmente, poque estava a trabalhar, foi colocada num lar. Depois devido a problemas económicos, fiquei desempregada, veio para minha casa, porque os meus irmãos vivem no estrangeiro e em países onde a situação económica deles era idêntica à minha.
Cuidei dela o melhor que pude, mas garanto-vos que não foi fácil.
Uma vez por ano, durante as férias de meu marido, consegui sempre colocá-la uma semana num lar para eu poder descansar e dar um pouco mais de atenção ao resto da família. A estadia dela no lar era paga com o subsídio de férias de meu marido e consequentemente nós, sem dinheiro extra, limitavamo-nos e ficar por casa.

E o pior foi que quando quis voltar à vida laboral, numa empresa me quis porque segundo eles, por meias palavras, já tinha 'uma certa' idade.
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De Maria C. a 13.11.2014 às 08:42

O JMT defende a liberdade de os filhos tomarem as suas próprias decisões, mas depois julga-os moralmente. E a minha questão é esta: sem saber a história daquela família em concreto, será que podemos julgar?
Uma coisa que a mim me parece desajustada sempre que se fala deste assunto é comparar os idosos às crianças. Posso estar errada, mas para mim são assuntos completamente diferentes. É que as crianças nunca foram outra coisa senão crianças, ao passo que os idosos têm um passado. Ora os afetos que daí resultam podem ser muito distintos. Ou seja, o que eu quero defender, basicamente, é que há nesta questão dois aspetos independentes. Por um lado, os idosos devem, sim, sempre, ser tratados com toda a dignidade e ter acesso aos cuidados de saúde adequados - daí eu também defender que o Estado deve garantir que todos têm direito a um lar decente. Mas quanto aos afetos dos filhos e da família, não podemos esquecer que eles assentam numa história comum, às vezes feliz e cheia de boas memórias, outras vezes nem por isso. As pessoas que hoje são idosas foram, há uns anos, pessoas em idade ativa. Nos casos de que falamos, elas foram pais e, possivelmente, avós. E eu acho que não podemos julgar moralmente a decisão dos filhos e dos netos quanto a ter ou não esses idosos em sua casa sem saber que tipo de relações é que eles construiram ao longo dos anos. Para usar um exemplo extremo: um pai que batia no filho a torto e a direito, que nunca quis saber dos êxisto e das suas dificuldades, etc., depois, em idoso, fica dependente, continuando a ser um chato, egoísta, com mau feitio, que dá cabo do juízo a todos à sua volta. O filho decide pôr o pai num lar, porque não está para ter a sua própria vida enfernizada, dia após dia, por mais dez ou vinte anos. Quem somos nós, JMT, para dizer que o filho, ao tomar esta decisão, está apenas a exercer a sua "triste liberdade de ser um filho da mãe"?
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De Maria C. a 13.11.2014 às 08:46

Eu queria dizer 'dos seus êxitos', claro.
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De M a 26.12.2017 às 23:11

Exactamente. Já outros disseram e eu também o digo: todos condenamos uma mãe narcisista e um pai violento enquanto são novos ou "activos". Quando passam a idosos temos que ter pena deles?

O JMT tem razão: acho mesmo que os lares não têm nada que envolver a família na história do lar - nem nos pagamentos nem com obrigações moralistas de os ir visitar e "estar presente". Idosos são pessoas com mais de 18 anos e alguns 50 anos de responsabilidade pela sua vida, foram pais e avós, alguns até tiveram empresas e de repente têm que ser os filhos a assinar termos de responsabilidade como se os pais fossem crianças?

Mas quanto ao pôr no lar, olhe que nos esforçámos e bem para ter gente no domicílio e além de ser um balúrdio (a que acresce ter que sustentar a casa), é um risco. Todas as pessoas que contratámos, tão boazinhas e responsáveis, cada tiro cada melro: uma roubou dinheiro, outra jóias, outras vieram e não fizeram nada, as agências cobram o dobro ou o triplo do que pede um particular e não é melhor...além disso, alguém em casa, sendo caro, não oferece nem um terço dos cuidados de um lar: médicos, enfermeiros, companhia, actividade.

Agora, há lares e lares. E por norma são muito maus. Por 1100 euros encontra-se coisas deprimentes, em quarto triplo, com dementes misturados com não dementes (o que não é saudável), sítios escuros, velhos, sujos, onde as pessoas são largadas a ver TVi o dia todo. São raros, muito raros, mesmo muito raros, os lares que fogem a isto. Ou então aprecem hospitais e não casas.
E lares comparticipados? Já o disseram: listas intermináveis.

O Estado devia ter lares acessíveis e decentes, porque ser velho faz parte de viver, estar debilitado faz parte de ser velho e não é comportável para quem está velho nem para as suas famílias serem sugados desta forma pelos lares. O Estado nunca é concorrência. o Estado oferece o essencial, o privado concorre entre si, oferecendo melhor ou diferente. Quem quer e pode vai, quem não quer ou não pode fica no público.
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De Anónimo a 12.11.2014 às 23:55

Acho que a questão dos lares e um assunto do qul não deviamos dizer "desta água não beberei". E dou o exemplo próprio: a minha avó de 80 e muitos ficou viuva. Já morava num apartamento ao lado da minha tia pra ter a sua autonomia mas ao mesmo tempo todo o apoio. A minha tia, viuva também, ainda nos seus 50 e muitos, já com netos, ainda trabalhava como professora. Ia a casa da minha avó pelo menos 2 vezes por dia, frequentemente mais. Dormia na sua casa, mas no quarto ao lado da minha avó, caso ela precisasse, e precisou, podia socorre-la se caisse ou qq coisa assim (tem o sono leve o q tb ajuda). E assim estivemos uns aninhos. Os outros filhos moram todos em terras diferentes, alguns a mais de 300km, e assim a minha avó continuava a viver na terra dela. Mas os anos passaram, a minha avó com artroses cada vez mais limitada, teve umas quedas feias, mas sobretudo começou a abrir a porta a qualquer um e dar dinheiro livremente para "esmolas" que começaram a chover à sua porta. Foi tb ficando mais confusa e perdeu-se na rua. Começaram discussões porque não entendia porque é que os filhos a queriaam fechar em casa. Começou a precisar de ajuda durante a noite para ir ao wc e não cair aninhada. A minha tia ficava com a mãe de noite, durante o dia uma empregada, ao fim de semna a minha mãe. zangou-se com a empregada, apesar de uma demencia ligeira, sempre foi muito senhora de si e não estava pra aturar amas-secas. Passamos a empregada pra noite (aturavam-se menos) e durante o dia começou a ir para um centro de dia. Era impossivel ficar sozinha assim, os 4 filhos ainda trabalhavam e os netos tb, não tolerava a empregada de dia. Mas foi contrariada. Chegou a fugir. E o pior era a culpa que, sobretudo a minha tia e a minha mãe, mas tb os filhos-rapazes sentiam por, na tentativa de manter a mãe com saude e segurança, a tornavam tao infeliz. Com o tempo a situação só piorou, com a minha avó a deixar de andar e precisar de ajuda para se alimentar. Todos os filhos continuavam a trabalhavar e os netos tb. A empregada não estava disponivel 24h por dia, e na terra em questão, apesar de dinheiro nem ser o maior problema, não arranjamos outra solução senão po-la no lar. A minha mae, que sempre criticou essa situação nos outros (como o JMT está a fazer), não teve alternativa. Mas não é isento do sentimento de culpa. Com as crianças no infantário dizemos que é pra socializarem, pra aprenderem regras, pra brincarem, pra aprenderem coisas novas, etc,etc,etc... E para os velhinhos?? Mas não dá pra parar de trabalhar, não dá pra ter noites a acordar 3 e 4 vezes e no dia seguinte trabalhar com responsabilidade, e nem sempre dá pra contratar pessoas de confiança que ainda assim são um estranho ao idoso, que vai estar na casa dele a mandar e a mudar todas as rotinas, sem ter (é impossivel ter) o trato de amor de um filho. Os lares muitas vezes são o mal menor. É verdade que parecem depositórios de velhos. Mas têm comida, e selecionada para cada um de acordo com cuidados de saude, têm enfermagem e médicos, têm distração, e se os filhos forem preocupados (a minha tia continuava a ir lá a todas as refeições - a escola onde trbalhava era proxima) têm o amor dos filhos.
O envelhecimento não é fácil...
E o aceitar o envelhecimento tb não...
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De Makiavel a 13.11.2014 às 10:29

O seu texto descreve fielmente o que se passa com muitas famílias em Portugal, e o sentimento de culpa que invade quem tem de tomar decisões tão drásticas, sentimento esse que perdura para lá do momento da decisão, por mais que se racionalize e se interiorize a correcção da mesma.
Falar contra os lares da terceira idade é falar de cátedra; aliás, muito típico nos nossos "liberais", defensores acérrimos da liberdade individual e esquecendo que liberdade sem condições materiais mínimas é igual a miséria.
Existe uma patologia associada à realidade dos familiares que cuidam de idosos. Chama-se depressão do cuidador. Está documentada. Por mais amor e carinho que se tenha para com os nossos idosos, isso não pode ser causa de infelicidade e doença para os familiares que os tratam. Os lares da terceira idade são, de facto, um mal menor. Convém saber escolher e convinha também alargar a oferta pública dos mesmos.

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