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A vida sexual das crianças em 1975 #2

por João Miguel Tavares, em 20.02.14

Tendo em conta que, nos comentários a este post, a Antónia Guerra e a Patrícia Fernandes falaram ambas de uma imagem do livro que nunca mais esqueceram, sobre uma relação sexual representada com a "zona genital transparente", não resisto a reproduzir aqui essa página, para efeitos de nostalgia softcore.

 

 

Lá está o truca-truca à transparência. Como vêem, não estava a mentir quando disse que o livro me parecia atrevidote para crianças dos sete aos nove. Os nossos pais estavam muito à frente.

 

Mas, curiosamente, o texto que acompanha esta ilustração tem um je ne sais quoi de conservadorismo. Ora vejam: 

 

Rapazes e raparigas gostam de estar juntos. Passeiam, vão ao cinema, emprestam livros e discos uns aos outros [reparem que há aqui uma certa erudição], encontram-se durante as férias.

 

E depois, um belo dia, um rapaz e uma rapariga descobrem que, como a tia Teresa e o tio Roberto [nota mental: perguntar à Teresa se conhece um Roberto] outrora, gostam de ficar a sós.

 

Quando estão sozinhos, apreciam muito conversar, mas têm, também, grande prazer em beijar-se [reparem: "também" têm prazer em beijar-se, mas apreciam sobretudo conversar].

 

Anseiam por viver juntos e procurarão ficar sempre cada vez mais próximos um do outro [ou seja, não há cá truca-truca sem desejo de juntar os trapinhos, que isto é um livro com desenhos de sexo explícito, mas respeitável]. O contacto dos seus corpos e a troca de carícias constituirão, para eles, uma grande felicidade [confere]. Um dia, finalmente, quererão unir-se por completo [linda expressão] e, mais feliz do que nunca [confere], o rapaz introduzirá o seu pénis na vagina da rapariga [não há hipótese: "introduzir pénis na vagina" continua a ser a expressão mais anti-clímax da história do sexo], experimentando ambos um novo prazer, que se denomina prazer sexual [é um livro optimista, que acredita que toda a gente sai satisfeita].

 

No momento em que o prazer é mais intenso, os espermatozóides saem do pénis do homem e entram pela vagina da mulher, percorrendo o tubo [o "tubo"?]. Algumas vezes, um deles encontra um óvulo no seu percurso. É dessa maneira que se pode, se assim se desejar [e muitas vezes não desejando], ter um bebé.

 

publicado às 16:03


30 comentários

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De VascoB. a 20.02.2014 às 16:45

Os seus comentários são hilariantes, já me fartei de rir.

Mas há um certo nó na garganta que fica, uma certa sombra no ar, uma sensação que regredimos, que nessa altura tínhamos uma sociedade mais organizada (à sua maneira e cultura da época) e que hoje temos uma quantidade enorme de lacunas...

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