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Acerca das discussões domésticas

por João Miguel Tavares, em 05.05.14

A propósito da morte de Gabriel García Marquez, José António Saraiva escreveu no jornal Sol uma crónica que terminava com uma breve reflexão sobre discussões domésticas: 

 

Valendo-se da sua experiência de vida de casado 56 anos com a mesma mulher, [Gabriel García Marquez] dizia mais ou menos o seguinte nas memórias: "Quando nos casais as pessoas se zangam, há quem diga que devem falar um com o outro, esclarecer tudo exaustivamente, até ao fim; pois eu dou o conselho oposto: quando há um problema no casal, um mal-entendido, uma zanga, o melhor é não falar e deixar passar um tempo. A conversa só vai agravar a situação." Sempre pensei exactamente o mesmo.

 

Eu não tenho por hábito pensar exactamente o mesmo do que José António Saraiva (ou Gabriel García Marquez), mas neste caso penso exactamente o mesmo do que os dois - o que vai um bocadinho contra aquilo que é o domesticamente correcto nestas matérias. O costume, de facto, é aconselhar o casal a não se deitar zangado, a resolver os problemas antes de adormecer, a evitar levar para a almofada quaisquer ressentimentos.

 

Parece-me muito bonito - mas também muito lírico e até perigoso. O tempo é sempre o melhor conselheiro, e quando nos esforçamos para resolver problemas quando ainda estamos a fumegar pelas orelhas, só para cumprir a máxima do "não deitar zangados", corremos um risco semelhante ao de pegar nos tachos quando eles ainda estão a ferver. Os riscos de queimadura são muito elevados.

 

Mas eu gostava de saber, aí desse lado, se alguém ainda leva a sério a máxima do "não deitar zangados", ou se este é mais um daqueles lugares-comuns que se ouvem nos programas do Dr. Phil, mas aos quais já ninguém liga a mínima. Afinal, as pazes são feitas antes de ir para a cama, na cama ou depois de sair da cama? Digam coisas.

 

publicado às 09:39


43 comentários

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De Joana a 14.05.2014 às 14:12

Nas discussões domésticas, eu cá levo mesmo a sério a máxima do "não acordar zangado". Afinal de contas, é um dia novinho em folha que aí vem e há que aproveitá-lo bem!

Gosto muito deste blog. Parabéns aos autores!
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De cineteratura100mg a 09.05.2014 às 18:01

O que eu sinto é que qualquer problema se deve resolver imediatamente. O tempo é tão curto que passá-lo zangada com a cara metade é desperdício. E depois é certo que se me deitar depois de uma discussão não durmo e o problema fica tão grande que ocupa o quarto e a casa e o prédio todo...
Mas a experiência diz-me que esmiuçar enquanto o sangue ferve é empolar o problema.
Quem puder, que resolva logo e com beijinhos na cama.:)
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De Odisseia na Internet a 10.05.2014 às 16:35

Concordo. É melhor resolver logo o assunto com uma discussão. O silêncio envenena as relações. Para além disso, não dizerem nada um ao outro é infantil.
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De Andreia F Martins a 08.05.2014 às 00:51

Sou da opinião de que as discussoes são parte fundamental numa relação, e porquê? é tb com elas que se conhece melhor o parceiro (mesmo q sejam só os defeitos) e se aprende a conviver, pois que mesmo que haja muito amor devem tb ser tidos em conta o respeito e a autonomia de cada um. Claro qé duro discutir com qem amamos mas no fim de contas tal só acontece por peqenas coisinhas, logo o casal deve sempre ter as pazes feitas na altura d ir para a cama (dizem q o sexo das pazes é sempre melhor) ;)
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De Anónimo a 07.05.2014 às 18:20

Como diria uma amiga minha:
Sim!
Ficávamos todos a saber o mesmo...
Em todo o caso, prefiro dormir sobre o assunto.
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De Filomena a 07.05.2014 às 20:59

Certamente......concordando, melhor mesmo deixar assentar a poeira, senão sai asneira.
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De ANA SANCHES a 07.05.2014 às 18:00

CONCORDO plenamente dormir sobre o assunto e depois resolver.
No calor de uma zanga é melhor calar, falar só inflama mais as coisas.

Cá em casa se puder ser, tentamos sempre resolver as coisas senão dormimos sobre o assunto e depois falamos.....~

Tem resultado estamos juntos 17 anos( casados só há 5).
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De Anónimo a 07.05.2014 às 15:19

"Seja seletivo nas suas batalhas. Às vezes, estar em paz é melhor do que estar certo."
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De Anónimo a 07.05.2014 às 14:07

com magoas ou sem magoas, o importante é ter uma pessoa junto a nós!!!!
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De corvo a 07.05.2014 às 13:58

Zangar sempre de manhã para dar tempo para arrefecer e ainda falar antes de ir para a cama.
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De Sofia Lopes a 07.05.2014 às 11:39

Eu estou numa relação há 13 anos, 5 dos quais em vida em comum. E cá por casa a gestão das discussões é complicada - o meu namorado gosta de ficar ali a esmiuçar a coisa ("é a falar que as pessoas se entendem", diz ele e com razão), eu como sou mais explosiva prefiro deixar a poeira assentar, sob o risco de dizer o que não devo. Mas como ele gosta de resolver na hora, mesmo quando lhe digo "epá agora não sff", depois queixa-se que sou bruta...
"Portantos" - eu sou adepta do "vamos lá acalmar e depois falamos", ele é mais do "temos que conversar é agora" (como costumo dizer, eu sou o gajo e ele a gaja desta relação :D )...
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De Filomena a 07.05.2014 às 11:25

Olá !
Pois é...eu falo por expencia. Estou casada há 25 anos e tenho tido muitos altos e baixos. 1º o nascimento do filho que nos afasta um pouco dos maridos e "alguns" ñ entendem, foi o meu caso. Depois viver com outras pessoas...eu até sou de me dar com tudo mundo, mas nem toda a gente é assim...depois foi a mudança de casa, para um lugar que eu sempre detestei, e ainda detesto ! Mas eu falei, falei, e nada ! Agora ninguem gosta de viver aqui (hahaha) estava certa, masquei pontos. Enfim , isto gerindo varias discussões nestes longossssss anos. Agora como estou um pouco cansada...e o meu filho já tem 21 anos...vou deixando andar o barco e viro costa e deixo falar sózinhos, coisa que antigamente, ñ fazia, respondia na hora. Conclusão dias sem nos falarmos até eu (eu sempre) dar o braço a toçer e falar de mansinho. Agora isso acabou. Cheguei a uma idade em que a vida é tão curta , que ñ me apetece discutir.
Afinal o que tira de conclusão? Quando somos novos, tudo é belo e as discusões acessas, até ficam bem(dentro de 4 paredes) , com o passar dos anos , vamos conheçendo as manhas , as manias do outro que deixamos pra lá. Eu chamo de saturação. Mas a vida continua. Espero que tenha entendido alguma coisa do que para aqui escrevi. Um resto de boa semana.

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