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A criança que se pode ver na imagem chama-se Musa Khan, tem nove meses (na verdade, assim a olho, eu diria que já tem mais de um ano, mas para o caso pouco interessa), e a sua história é das coisas mais incríveis e absurdas que li nos últimos tempos. Tão absurda que cheguei a duvidar que fosse verdade - mas é mesmo, como se conta aqui, no Público, ou aqui, no The New York Times.
O que Khan está a fazer na fotografia é a colocar as suas impressões digitais à entrada de um tribunal do Paquistão, por estar acusado de... tentativa de homicídio. A sério. Khan é acusado de tentar matar pessoas aos nove meses de idade.
E, para se acalmar da acusação e da necessidade de tirar impressões digitais, foi confortado no tribunal com um biberão de leite. Argumenta o seu avô: "Ele nem sequer consegue pegar no biberão, como é que haveria de atirar pedras a pessoas?"
Que pessoas, afinal? Trabalhadores de uma companhia de gás, que se dirigiram a um bairro de lata de Lahore, onde Khan vive, para proceder ao corte de abastecimento, dado o atraso no pagamento das contas. Segundo a acusação, a família da criança - e a própria criança - terá decidido atirar pedras aos trabalhadores da companhia, sendo posteriormente acusada pela polícia, que foi obrigada a intervir, de tentativa de homicídio.
O caso, como é natural, está a correr mundo e a dar cabo da imagem das forças de segurança do Paquistão, que na era pós-Bin Laden já andava pelas ruas da amargura. O juiz encarregado de avaliar a culpabilidade de Musa Khan já exigiu à polícia que explicasse que raio de acusação era aquela. Até porque, segundo parece, no Paquistão para se ser acusado em tribunal é necessário ter mais do que... sete anos. Um país agradável, portanto.