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Na quarta-feira, o Tomás escreveu na escola uma descrição da aldeia de Piódão, suponho que a partir de alguma fotografia que a professora tenha mostrado à turma na sala. À noite, disse-me, pela primeira vez, que tinha de passar o texto a limpo no computador. E assim fez.
Abri-lhe um documento Word, explique-lhe onde se apagava e se fazia parágrafos, e ele lá copiou o seu texto. No final, eu dei apenas alguma ajuda na formatação, num par de vírgulas e pontos finais e em duas ou três repetições de palavras, que pedi para ele tirar.
O texto, como se pode ver, não tem nada de especial - é uma descrição normalíssima de uma criança do terceiro ano (aquele 2.ºA é ainda o fantasma do ano lectivo anterior a falar). Mas, apesar de toda esta banal normalidade, vocês não podem imaginar o orgulho que o Tomás sentiu na transposição do manuscrito para o computador.
Quando viu a página impressa, acho que teve uma reacção semelhante à minha quando olhei para o primeiro texto assinado "João Miguel Tavares" no Diário de Notícias, em 1998. Género: "Eu fiz uma coisa importante!" À primeira ainda olhei para o Tomás com ar "what the fuck is he bragging about?", mas depois tentei emendar o desinteresse e acompanhá-lo na sua felicidade.
A verdade é que, muitas vezes, quando estamos mais desatentos, não percebemos como para eles pode ser completamente novo o que para nós é absolutamente banal. "A aldeia do Piódão" foi o primeiro texto que o Tomás escreveu e imprimiu em computador. Claro que era uma coisa importante para um menino aplicado como ele é - e uma chamada de atenção para um pai distraído como eu sou.