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A Ana Sousa deixou uma pergunta interessante nos comentários a este post:
Qual seria a sua reacção se a Carolina reprovasse?
A pergunta é uma boa pergunta. Eu diria que depende muito. Se há regra fixa que eu aprendi ao fim de quatro filhos é esta: não há regras fixas. Depende do filho. E depende do contexto.
No caso da Carolina, se ela reprovasse provavelmente levaria um castigo dos grandes, na medida em que falhara o compromisso que assumira comigo e com a sua mãe. Dissera-nos que sabia a matéria toda e, afinal, era mentira. Sendo estudar o seu trabalho, ela havia sido incompetente, e teria de sofrer as consequências disso.
Mas devo dizer que, recentemente, a Carolina fez uma prova de piano que lhe correu mal. Mais exactamente, correu-lhe mal quando comparado com aquilo que se tinha esforçado, que naquele caso, e para ela, fora bastante. Trabalhou muito para aquela prova, mas quando lá chegou enervou-se um bocadinho, tinha muita gente a olhar para ela, e tocou mal.
Aí não fiz mais nada além de confortá-la, até porque já lhe tinha dito o mais importante antes da prova: "Não te preocupes, porque o papá viu que te esforçaste. Se correr bem, excelente. Se correr mal, paciência, tu fizeste o teu melhor."
Suponho que o segredo esteja exactamente neste "fazer o seu melhor". Quem dá o que tem a mais não é obrigado. Há miúdos com capacidades muito diferentes. Não tenho dúvidas acerca das capacidades escolares da Carolina e do Tomás, portanto eles não têm desculpas para terem notas fracas. Tenho algumas dúvidas em relação às capacidades escolares do Gui - ele preocupa-me bastante mais, porque os seus circuitos cerebrais são de um outro tipo, funcionam a outra voltagem.
Tudo isto tem de ser gerido com pinças. Citando o barbudo Marx, que é coisa que fica sempre bem, a filosofia é esta: "De cada qual, segundo a sua capacidade; a cada qual, segundo as suas necessidades." Como forma de governo de um país não é, como já se viu, grande coisa. Mas como forma de governo de uma casa, na gestão da vida familiar, parece-me um óptimo conselho.
Eu recuso-me a ser mole com eles, mas também não quero ser injusto. Claro que nunca é um equilíbrio fácil, essa dosagem entre exigência e complacência. Mas é o que torna isto de educar filhos realmente giro e desafiante.