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E agora é a vez de Eduard Estivill

por João Miguel Tavares, em 18.06.14

O jornal online Observador, depois de ter efectuado uma polémica entrevista ao pediatra catalão Carlos González, que muito deu que falar neste blogue, regressa agora com uma nova entrevista, desta feita à nemésis de González, o igualmente pediatra e igualmente catalão Eduard Estivill.

 

Que os senhores devem gostar muito um do outro fica bastante claro pela resposta de Estivill à seguinte pergunta:

 

Para Carlos González, todos os castigos são inúteis. Que opinião tem dele e das suas teorias – porque acha que é um sucesso de vendas?
Não conheço esse senhor, pelo que não posso comentar.

 

Não sei porquê, fiquei desconfiado de que não se frequentam.

 

Ainda assim, nesta batalha de gigantes da pediatria catalã, desconfio que não me seja lá muito difícil escolher o lado. Reparem como até no campeonato da foto-foleira-com-a-mão-na-bochecha (juro que não sei como é que alguém continua a tirar fotos deste género em 2014), González e Estivill têm posturas inteiramente diferentes.

 

 

Carlos González nunca perde o ar beatífico. Ele sorri, sim, mas é um sorriso de quem já atingiu um patamar superior de sapiênca pediátrica. A mão direita apenas faz o favor de amparar uma cabeça que já não é deste mundo. Ele paira acima de nós.

 

 

 

Eduardo Estivill segura a bochecha esquerda de uma forma completamente diferente. Está com o dedo apontado, provavelmente para mais depressa o virar na direcção de um puto irritante, se for preciso colocá-lo no seu lugar. Além disso, não há nada de beatífico no seu sorriso. É um sorriso de um gajo normal, que está ao nosso nível, e os dentinhos de coelho ajudam a acreditar no que ele diz. Se ele tivesse pinta de ariano, a gente tinha mais receio da sua paixão pelas regras e pela autoridade. Num tipo com dentes de coelho, é sempre muito mais fácil acreditar.

 

Como se vê por esta minha equilibradíssima e justíssima apreciação dos dois pediatras só com base em fotografias, eu acho que sou mais Estivill. E, na verdade, não é só por causa das fotos. É mesmo por causa de respostas como estas:

 

Acha que as crianças devem ser castigadas?
O castigo é um acto negativo que a criança pode entender com ansiedade. Ao invés, regras firmes em todos os hábitos dão segurança às crianças. O importante é que os pais comuniquem as regras e os limites como uma coisa natural e não como um castigo.

 

Quais as consequências da culpabilização dos pais no desenvolvimento dos filhos?
Os pais inseguros, com baixa autoestima e problemas pessoais têm uma maior tendência a proteger em demasia os filhos. Assim, passam-lhe as suas carências, o que os torna mais inseguros. O contrário acontece com os pais que são seguros de si mesmos.

 

Acha que tem um discurso centrado nos pais?
Todos os estudos científicos mostram-nos que, na questão dos hábitos de ensino, os responsáveis são os pais. As crianças não aprendem sozinhas, mas sim aquilo que lhes ensinamos. De pais seguros saem crianças seguras. De pais inseguros saem crianças sem bons hábitos. Quando uma criança come bem, dorme bem e está bem educada, o mérito é dos pais. O mesmo acontece no sentido contrário.

 

Mas leiam toda a entrevista, porque vale a pena.

 

publicado às 09:51


61 comentários

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De JP a 18.06.2014 às 14:35

Bom... de facto, este assunto dá pano para mangas! Um dos episódios que mais me custou foi quando decidimos tirar a chupeta à nossa filha. O irmão, gémeo, deixou a chupeta por volta dos 9-10 meses e ela continuou até que achámos que já era de mais. Lá a fomos mentalizando e um dia foi o dia em que ela, pequenina, claro!, concordou que ia dormir sem chupeta. E lá foi para a caminha, confiante. Passado um pouco já a estava a pedir. Daí a cmeçar a chorar, foi um estantinho. Foi nesse momento que a actuação do meu marido foi fundamental. Porquê? Porque não me deixou ir levar-lhe a chupeta. Era a filha a chorar na caminha e eu a chorar à porta. O pai a dar-lhe colinho transmitindo-lhe confiança para adormecer sem chupeta ao mesmo tempo que me controlava para não voltar atrás. Sim, porque estas coisas de tirar chupeta e voltar a dar-lha ia ser um filme sem fim, como sabemos. E assim foi. Ela chorou muito mas acabou por conseguir ter auto-confiança para adormecer sem a chupeta. A lição que tirei disto: não é apenas deixar chorar e não querer saber. É apoiar os filhos no seu crescimento: quer seja a dormirem sem chupeta ou outra coisa qualquer. Se lhes transmitirmos segurança eles sentem-se confiantes em dar "aquele" passo que precisam. Penso o mesmo com a imposição de regras e limites. E eles sabem quando pisam a linha. E os meus sabem tão bem que até já calculam qual o castigo mais adequado à infracção. Quando era miúda, sempre ouvi dizer "quem dá o pão, dá a educação" e agora, mãe que sou, entendo estas palavras como na altura nunca pensei vir a entender. É tudo uma questão de bom senso :)
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De Vanessa Martins a 18.06.2014 às 23:02

Ela não teve autoconfiança para adormecer. Ela não teve foi outra hipótese que não adormecer: chorar muito cansa.

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