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Confesso que fiquei muito surpreendido com o contrataque das mulheres magras (chamemos-lhe assim) após a minha sequência de posts da semana passada. A sua posição pode ser resumida neste comentário da Ana, a propósito deste meu texto:
Esta história toda à volta das gordas e magras é de uma hipocrisia descomunal. As gordas que criticam estas campanhas acabam por fazer exactamente o mesmo que aqueles que estão a criticar. De repente, só as mulheres mais gordas e sem um único ossinho à vista é que tem um corpo perfeito e todas as outras são anorécticas que não comem e parecem esqueletos. Então e as magras que o são por motivos genéticos? Então e aquelas que podem passar dias e dias só a comer hambúrgueres e batatas fritas e não engordam absolutamente nada?
Eu sempre fui naturalmente magra, sempre estive abaixo do peso desejável para a minha altura e não consigo engordar por mais porcaria que coma. Estamos a passar de "as magras são bonitas e as gordas não" para "quem é magro é um esqueleto e não é bonito". A segunda imagem, com mulheres mais gordinhas que as da primeira imagem esqueceu-se que nem todas as magras o são por opção, tal como a primeira imagem também falha por incluir apenas mulheres magras.
Não defendo nem uma, nem outra. Detesto ver campanhas que ora classificam as gordas como belas, ora as magras. A primeira imagem discrimina as gordas. A segunda imagem discrimina pessoas como eu. Já não há paciência para isto. Todas são belas, desde que saudáveis. O que é belo para mim pode ser horroroso para os outros e vice-versa. Cada um é como é e quem não gosta, não olhe. Ao estarmos a caminhar na direcção de valorizar as mulheres com mais peso e condenarmos tudo o que é magro "porque são esqueletos e não comem e não é saudável e porque a mulher real tem curvas", estamos a fazer a mesma porcaria de só valorizarmos os magros. Haja paciência.
Eu percebo bem a posição da Ana, que até acabou por ser replicada de forma mais extremada por outras mulheres - mulheres magras, claro está - que garantem sentir-se discriminadas no seu dia-a-dia. Chiça, até a Sara Sampaio se queixou no Facebook após a polémica com a Jessica Athaíde:
Tal como a Jessica, também eu sou alvo de muitas críticas ao meu corpo (a maior parte da vezes por mulheres), no entanto pelo motivo oposto ao da Jessica. Já perdi a conta das vezes que me mandaram ir comer um hambúrguer, me chamaram anoréctica, esqueleto, etc. Tantas foram as vezes que se calhar já devia estar habituada, no entanto, sempre que leio essas palavras dói.
Ora, quando chegamos ao ponto de esta menina se queixar...
...é porque alguma coisa deve estar errada, não sei se no conceito de beleza feminina, se no olhar que as mulheres têm sobre elas próprias.
Sobretudo para nós, homens, tudo isto é um bocado absurdo. Eu tanto aprecio a Sara Sampaio, jovem ninfeta magrinha, como aprecio a Nigella Lawson, cinquentona roliça.
Do ponto de vista masculino - falo em relação a quase todos os homens que conheço -, o 86-60-86 está longe de ser aquilo que mais lhes interessa numa mulher.
Mais sobre isto já a seguir.