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O bom de escrever coisas num blogue popular, como o Pais de Quatro, é que aparece sempre alguém que percebe mais do que nós sobre quase todos os assuntos. Ainda em relação à questão mulher/esposa (posts anteriores aqui e aqui), um leitor intitulado muito institucionalmente Padrinhos Civis coloca, na caixa de comentários, um ponto de ordem histórico na questão:
A palavra "esposa" refere-se ao instituto dos esponsais, que existia na Idade Média e que antecedia o casamento. Recorria-se aos esponsais para contornar uma lei religiosa, que burocratizava e tornava o casamento dispendioso: assim, celebravam-se os esponsais e os esposos ficavam logo a viver juntos, antes de casarem. Era a esposa e o esposo. Após casamento: marido e mulher. Assim é, ainda nos dias de hoje, no Direito Civil: só existe marido e mulher. A designação "mulher" não tem qualquer caráter perjorativo ou sequer desvalorizador, designa uma realidade, nada mais. Há quem prefira usar a palavra "esposa" e mal não faz, é apenas incorreto.
E depois voltou à carga:
Ainda queria acrescentar mais uma coisa: os esponsais, que se tornaram tão populares na Idade Média a ponto de servirem para evitar a celebração do casamento, têm como origem o Direito Romano, onde consistiam numa "promessa de casamento", chamamos-lhe hoje "noivado". O casamento, tratando-se de um negócio, era antecedido de um "contrato-promessa" entre as partes. Dos esponsais nasce a obrigação, do casamento a união.
Muito obrigado ao Padrinhos Civis pelos profissionalíssimos esclarecimentos.