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Na caixa de comentários deste post, o LA-C e a Teresa Power tocam num ponto fundamental.
LA-C:
Tens uma capacidade notável para fazer generalizações a partir do teu quintal. Confundes Portugal com o teu círculo de amigos. Tens uns amigos que te mandam umas bocas por não seres divorciado e sentes que no país as pessoas que ainda têm uma concepção tradicional de família são uma minoria. Agora, lá porque tens uns amigos que se encontram contigo para desabafar, e se queixam de que centram a vida nos miúdos, pensas que isso é generalizado.
Teresa Power:
Agora que esta caixa de comentários acalmou, e corro menos riscos de apanhar com uma garrafa na cabeça - um post sobre a agressividade nos blogs seria um tema interessante! - só venho dizer uma coisa: tens toda a razão, João, em relação a muitas coisas. Mas vem à minha escola, dá uma voltinha no pátio durante o recreio e entrevista alguns alunos... Tu e eu vivemos certamente em "quintais" - como LA-C disse aqui - diferentes, pois o que eu vejo todos os dias, e o que tenho abundantemente nas minhas turmas, ano após ano, e em escolas diferentes - os professores são saltimbancos... - são filhos mal-amados, filhos humilhados, filhos abandonados diante do televisor, filhos a quem os pais até amam, mas não sabem como fazer para o demonstrar... Claro que, como bem dizia alguém, estes pais não lêem nem Estivill, nem Gonzalez, nem Mário Cordeiro, nem JMT. A revista preferida dos meus alunos é a "Maria"... Tu és jornalista, mas eu sou Diretora de Turma há muitos anos!
Ambos têm absoluta razão nas suas críticas. Cada um fala a partir do seu lugar, e este é um blogue de um casal burguês e urbano de classe média - não média alta, mais mais alta do que a média - com quatro filhos que andam no ensino público mas têm aulas de inglês, e natação, e piano, e variadíssimos privilégios que não estão ao alcance de inúmeros pais.
E, por isso, as preocupações de que aqui dou conta são, em primeiro lugar, preocupações burguesas, de que quem se pode dar ao luxo de procrastinar um bocado. Portanto, convém limitar o território. Eu acho que as minhas preocupções são semelhantes às de quem me lê, ou este blogue não teria tanto sucesso, mas lá está: para ler blogues também é preciso tempo e acesso à internet. Fica aqui assumidíssimo: as minhas generalizações só se aplicam, em termos de audiências, de classe C para cima.