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O meu catolicismo (e os argumentos de autoridade)

por João Miguel Tavares, em 16.10.14

Nos comentários a este post, o João Miranda Santos levanta mais uma série que questões que merecem uma explicação da minha parte. Eis a segunda metade da sua argumentação:

 

É verdade que não sei muito a respeito da vida religiosa do JMT (prometeu falar disso mas ainda não chegou a hora), mas pelo menos já sei que para si rezar sempre foi embater no silêncio, e que a sua fé tem a espessura de um fio de cabelo. Também não percebi se se identificou aqui como católico progressista (seja lá isso o que for), o que implicava assumir-se como católico.

Ora, os católicos acreditam que quando um sucessor de Pedro se pronuncia numa encíclica, o que ali se diz é mais do que uma conversa de café, é mais do que um qualquer comentário a um jogo de futebol. Por isso eu entendo que o facto de o JMT classificar a Humanae Vitae como um momento muito infeliz da história da Igreja é de uma grande arrogância, se se assumir como católico. Se não se assumir, então é jogar completamente fora de campo...

O JMT tem direito à sua opinião e às suas convicções, claro que sim. Mas quando se trata de atirar por terra uma encíclica, e ainda para mais quando se reconhece a delicadeza da sua fé e a dificuldade da oração (presumindo que isto signifique dificuldade na relação com Deus), acho que a Igreja, com a qual já tem uma longa relação, lhe merecia mais prudência. Isto sem por em causa a seriedade e o quanto já pensou sobre o tema.

Ou seja, sem o querer ofender, neste campo eu não olho da mesma forma para uma discordância sua como olharia se fosse da Teresa Power (só para usar um exemplo próximo e que o JMT conhece o suficiente para perceber a diferença a que me refiro), na prática é como se não tivessem a mesma "informação".

 

Muito brevemente: a minha relação com a fé sempre foi conturbada. Não tive propriamente uma educação católica, os meus pais não eram católicos praticantes na minha juventude, e devo ter tido para aí uma ou duas aulas de catequese. Mas o tema de Deus sempre me interessou, desde muito cedo, e discuti-o com fervor a partir dos meus 13 anos. Nessa altura eu afirmava-me como ateu, e suponho que ainda hoje me considere estruturalmente como tal, no sentido em que sou como Tomé mas não tenho um mão furada onde meter o dedo.

 

A partir do nono ou décimo ano tive um professor de moral que me marcou muito, passei a ler bastante sobre temas religiosos, descobri Taizé, que continua a ser uma referência espiritual para mim, envolvi-me em grupos de jovens, aprendi a tocar guitarra, comecei a participar nos Convívios Fraternos por causa de um padre de Proença-a-Nova que é muito importante nas nossas vida (na minha, na da Teresa e também na da Teresa Power), e aos poucos iniciou-se um processo de conversão. Fiz a primeira comunhão e o crisma já adulto, comecei a dar testemunho nos Convívios, construímos uma CVX (um grupo de reflexão que segue a espiritualidade inaciana) em Lisboa.

 

As dúvidas regressaram pouco tempo depois de começar a trabalhar - na verdade, nunca deixaram de lá estar. Abandonei os Convívios, porque me sentia hipócrita a apelar à conversão de outros quando a minha própria fé não tinha a convicção que eu julgava necessária para isso. Com o final da CVX deixei de ter uma comunidade de reflexão, e o final do papado de João Paulo II, mais os subsequentes escândalos de pedofilia, foram também pondo em causa a minha relação com a Igreja, da qual me fui sentindo cada vez mais afastado.

 

No entanto, o fascínio pelos Evangelhos sempre permaneceu intocado, desde o primeiro dia. Na verdade, é um fascínio sempre renovado, e acho que o nascimento dos filhos também ajudou a isso. A minha primeira aproximação à fé foi feita pelo lado da estética - aquilo era tão belo que deveria ter alguma verdade. Mas, com o envelhecimento e a paternidade, a dimensão ética tem vindo a ganhar peso - há ali tanta bondade que aquilo deve ter alguma verdade.

 

Mesmo que as dúvidas nunca diminuam, e a existência de um Ser Superior me pareça frequentemente inconcebível, desconfio que eu vá passar a vida toda neste bailado de aproximação e afastamento. Um bailado que é próprio de quem procura ser fiel a si próprio e à sua consciência, que lhe diz "Ele não existe", mas eternamente fascinado, como as mariposas (e as melgas), por uma misteriosa luz que lhe diz "anda cá".

 

Já me auto-intitulei, meio a sério, meio a brincar, como um "católico ateu". Depois descobri que Graham Greene chamou-se exactamente o mesmo a si próprio. O que significa que estou em excelente companhia. 

 

Assim sendo, e voltando ao comentário do João Miranda Santos, mesmo imerso na minha titubeante fé, sempre senti a Igreja como minha, e entre os numerosos defeitos da Igreja Católica há esta extraordinária qualidade: na prática, ela é um lugar de acolhimento, e não de expulsão. Os seus braços estão lá para abraçar, e não para empurrar - e graças a Deus hoje em dia está lá um papa que diz isso mesmo.

 

Daí eu nunca questionar a minha legitimidade para opinar sobre teologia ou encíclicas. Para mais estando a falar de uma religião que se formou, e propagou, junto dos gentios. Para mais estando a falar de um homem que disse ao ladrão que tinha ao seu lado, momentos antes de expirar, "ainda hoje estarás comigo no Paraíso" - o que significa que há a esperança da redenção até ao último suspiro. Para mais estando a falar de um homem, filho de Deus, que gritou na cruz: "meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?", o que ainda hoje me comove e me fortalece - se ele próprio sentiu o abandono e ficou, por que não hei-de eu senti-lo e ficar?

 

Por isso, vou ficando.

 

E por isso, também, vou opinando. Quando o João diz que "os católicos acreditam que quando um sucessor de Pedro se pronuncia numa encíclica, o que ali se diz é mais do que uma conversa de café", eu faço notar que, para mim, a Humanae Vitae é muito mais do que uma conversa de café, e nunca a tratei como tal. Se fosse apenas conversa de café ela não seria tão grave.

 

O que já me parece indefensável é esta conclusão: "classificar a Humanae Vitae como um momento muito infeliz da história da Igreja é de uma grande arrogância, se se assumir como católico". Certamente que o João não precisa que eu lhe comece a fazer uma lista das coisas que foram defendidas em documentos ao longo da história da Igreja, e que nós hoje consideramos uma barbaridade, pois não? Se a encíclica tiver 200 anos podemos dizer "realmente, que estupidez!", mas se tiver 45 anos já não?

 

Aquilo que não é nada católico, e muitas vezes os católicos parecem esquecer-se disso, é colocar os textos do Vaticano ao nível da Bíblia, numa quase equivalência sagrada. Do género: "se acreditas nisto, então obviamente também tens de acreditar naquilo". Não, não tenho. É por isso que a Bíblia permanece como está há tantos séculos e os catecismos vão mudando de tempos a tempos.

 

Qualquer encíclica deve ser olhada com a mesma seriedade com que foi escrita, certamente, mas não devemos fazer dela um bezerro de ouro, ou forçar a nossa consciência e a nossa inteligência a aderir a um documento que, para nós, não faz qualquer sentido. O papa não é Deus, e os últimos papas até têm tido a simpatia de não invocar o problemático dom da infalibilidade.

 

É evidente que o João tem todo o direito de não olhar da mesma forma para uma discordância minha como olharia "se fosse da Teresa Power". Se se sente mais identificado com o que ela escreve, isso faz todo o sentido. O que não faz sentido, a meu ver, é sugerir a ideia de que sobre este assunto os meus argumentos valem pouco porque não sou católico (ou sou um pobre católico, vá). Em primeiro lugar, porque a Igreja tem uma ambição universal - ela fala para todos, e não para uma seita de fiéis. E, em segundo lugar, porque a qualidade dos argumentos deve valer por si, e não por quem os profere.

 

Quando assim não é, a esses argumentos chamam-se "argumentos de autoridade". E os argumentos de autoridade não costumam valer grande coisa. Nem dentro da Igreja Católica, nem fora dela.

 

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publicado às 15:25


24 comentários

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De Hadassah a 27.05.2016 às 12:02

JMT, é possível ter a certeza da existência de Deus (desculpa a "presunção", mas esta minha afirmação está cheia de honestidade).

Creio que estás a meio do processo e por isso "bailas"... oro para que insistas no conhecimento de Deus, ficar por aí é "morrer na praia".

Em Romanos 10:9, diz:

"Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo."

Pelo menos uma parte já conseguiste, admitir que Jesus é o Filho de Deus. Na dimensão intelectual alcançaste a existência de Deus, talvez te falte creres com o coração.

Em diversos momentos temporais surge esta mensagem de Deus:

Jer 29:13 "Vós me buscareis e me encontrareis, quando me buscardes de todo o coração."

Deut 4:29 "Então dali buscarás a Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma."

Lucas 10:27 “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e com toda a tua capacidade intelectual’

Ou seja, a descoberta de Deus começa com um acto de humildade, com recurso à fé e ao amor (o esforço intelectual não chega). Quando descobrimos o amor que existe dentro de nós por Deus, algo inexplicável porque nunca o vimos com os olhos físicos e o buscamos de coração... dá-se inevitavelmente o "clique"... o Espírito de Deus passa a habitar dentro de nós e nos abre os olhos espirituais.

Isto não é um processo "místico", ou algo estranho. É um processo simples e gradual.

A conversa que Jesus teve com Nicodemos explica tudo, literalmente, não devemos entender isto como "poesia", mas como algo de que necessitamos mesmo: nascer de novo.

João 3

"Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.

Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Mestre, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.

Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.

O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.

Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.

O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto?

Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?

Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso testemunho!

Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?

(...)

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."

__________________

P.S. Desculpa tantas citações bíblicas...mas é típico da gente "protestante" :)

Um abraço n' Ele!
DTA
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De Anónimo a 21.10.2014 às 00:42

Não sou religiosa, considero-me espiritual. Acredito que há "algo" superior a nós, enquanto seres humanos, quer esse "algo" seja Deus, Buda, Alá, o Universo, uma Alma superior, ... Acho que qualquer crença que leve as pessoas a questionar as suas acções para com os outros e as leve a quererem praticar o bem para si mesmos e para os outros é saudável e válido, qualquer que seja a crença. O que me assusta é que normalmente em qualquer crença existem fundamentalismos seguidos, praticados e incitados por alguns que acabam por ir contra este Bem maior que acredito ser o cerne de qualquer crença religiosa saudável. Apesar de numa escala bastante menor do que, digamos, esse assustador grupo que se auto-intitula de Estado Islâmico, esta troca de argumentos aqui no blogue já revelou isso mesmo. Ataques contra a legitimidade das suas crenças, das suas dúvidas, e contra a própria legitimidade de o JMT sequer o ousar fazer (duvidar, questionar e opinar sobre o catolicismo)! Julgo que qualquer "adepto" fervoroso de qualquer religião deveria ficar feliz por ver que a sua amada religião suscita interesse, diálogo e debate, principalmente numa plataforma como esta, com um público tão abrangente. Acho também que devem sentir-se no dever de fomentar esse diálogo e essa discussão, mas nunca pela imposição daquilo que acham ser o real e o correcto, e muito menos tentando desvalorizar e até desrespeitar as dúvidas, questões e argumentos de quem se interessou o bastante para lançar esse debate e troca de ideias, ou de qualquer outra pessoa que queira participar. E isso assusta-me. Acho, na minha ignorância, que isso é tudo menos católico, e infelizmente como já foram aqui dados vários exemplos, a própria igreja também o faz, e é por isso que acho que nunca vou ser capaz de me rever em qualquer igreja em particular, porque só quero procurar o Amor e o Bem no geral.
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De Ricardo Resende a 19.10.2014 às 18:01

O que menos gostei de ler na Humanae Vitae (já lá vão uns anos) foi o negativismo e o medo. Há uma nova invenção que está a mudar profundamente a relação entre homens e mulheres, pois põe em causa o balanço anterior (a contracepção era decidida, em última instância, pelo homem). A posição adoptada parece ser, pelos argumentos que usa, marcada pelo medo da licenciosidade, da inversão de papéis. Parece-me muito marcada pelos tempos que se viviam e devia ter sido revista mal surgiu a SIDA.

Depois, depois andou-se anos e anos a discutir a cama, que toda agente sabe que é o principal problema das famílias cristãs. Não se fala sobre generosidade, carreiras e partilha de responsabilidades em casa, abertura à família alargada e aos necessitados, educação dos filhos. Não, o que precisamos é de falar da cama (ou outros locais, vá-lá).

O que gostei de ler nesta encíclica foi a abertura que se vê pouco nas discussões. É um caminho que se percorre e a Igreja é mestra e mãe.
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De Cláudia Marques a 17.10.2014 às 17:01

Sigo o blogue à muito tempo acho que este foi até hoje um dos post's mais pessoais já aqui escritos.
É preciso um grande conhecimento de si mesmo para se conseguir escrever um texto destes.
Deviam, muitos e até porque não, todos os católicos escrever um texto idêntico e começar de facto a perceber que caminho estamos a percorrer.
Muitas vezes batemos no peito, baixamos a cabeça, ajoelhamos até, mas não sabemos de facto o "tamanho" da nossa fé. É preciso fazer um exame para sabermos as nossas fragilidades e as nossas forças.

Além disso adorei saber que é Conviva (desconhecia!).
A Igreja tem de facto como missão ser Universal. Nenhum filho de Deus se devia esquecer disso.
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De Sónia Santos a 17.10.2014 às 10:04

Subscrevo o que diz CD. Falta mesmo alcançar muitos objectivos na Pastoral em Portugal.

O Padre da nossa paróquia decidiu, este ano, lançar-se(a igreja) numa forma diferente de preparar baptismos. Substitui as habituais 3 reuniões, (com os inumeros grupos de pais e padrinhos, numa sala pequena, cheia de gente desatenta e a apanhar uma grande seca... "agora para ser padrinho temos que ir lá aquelas reuniões com o padre, eles devem pensar que não temos mais que fazer"- estamos a falar de pessoas que não sabem nada do que estão a pedir quando pedem o baptismo) por encontros em casa das pessoas com uma familia de cada vez.

Faz isto respondendo, segundo ele proprio, ao apelo do papa Francisco de ir ao encontro das pessoas.

Com isto, JMT, deixo-lhe uma pergunta (sem ofensa e sem arrogancia. Depois das confusões de ontem por aqui é melhor clarificar já as minhas intençoes.):
Não será a sua opção, de não se assumir parte da igreja, (espero não estar a colocar palavras na sua boca) a fácil opção de escolher apenas o que é bom e concorda?

Haverá alguma coisa neste mundo, pela qual damos a cara e o coração totalmente, que não tenha coisas fundamentais a crescer?

O casamento e ter filhos, por exemplo, não é também esta uma realidade, nos tempos que correm, que nos faz, tantas vezes, engolir em seco e pensar: "mas o que é que eu posso fazer para mudar isto"?

E já vão 3 perguntas.

Bem haja por este blog e já agora tambem pela persistencia inteligente em não moderar. A discução tornou-se tão interessante que rapidamente afastou as pessoas mal educadas.
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De Rita a 17.10.2014 às 09:24

Tendo crescido numa familia agnostica (embora num ambiente bastante catolico que me fez, quando crianca, desejar ardentemente que os meus pais fossem "normais" e me tivessem baptizado como *todos* os meus colegas tinham sido), a minha relacao com a religiao foi sempre de pura curiosidade intelectual.

E se me fascinava ver os meus amigos de 8 anos rezar afincadamente uma Ave' Maria, tambem me revoltava que eles se apropriassem da faculdade de serem "bons" e "amigos" como Jesus. Afinal, eu tambem aprendia em casa sobre a bondade e o altruismo. Mais tarde, conheci nao-religiosos, cristaos protestantes, muculmanos, hindus, budistas, todos eles igualmente boas (ou mas) pessoas.

O que estou a dizer e' obvio para qualquer nao-fundamentalista: que pessoas boas e mas ha' em todas as religioes (e entre os agnosticos e ateus, como eu).

Portanto, a minha questao prende-se com a dimensao etica que atraiu o Joao no catolicismo ("há ali tanta bondade que aquilo deve ter alguma verdade." :-) ).

Se entendo a necessidade de alguns buscarem uma entidade superior (bom, talvez nao "entenda" exacamente, porque nunca passei por isso, mas entendam o "entenda" num sentido lato :) ), as questoes seguintes sao para os catolicos:

Porque ser catolico?

O que vos leva a a serem catolicos e nao, por exemplo, protestantes? Indo um pouco mais longe, o que vos atrai no Cristianismo por oposicao, por exemplo, ao Judaismo ou ao Islao? Mais longe ainda, porque uma religiao monoteista e nao uma politeista, como o Hinduismo?

No que diz respeito aos meus amigos da primaria, suspeito que a educacao que tinham em casa tenha desempenhado um papel preponderante na "decisao" (entre aspas, claro) de serem catolicos. Tenho curiosidade de saber as respostas de adultos "convertidos", que encontraram no catolicismo aquilo (ou parte do) que procuravam.

(desculpem a falta de acentuacao)
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De C.D. a 17.10.2014 às 01:22

Nunca comentei, terá de ser hoje.

Depois de tanta argumentação aqui vertida, as conclusões pessoais que retiro são aquelas que há muito venho a tirar da vida pastoral em Portugal:

Primeiramente, - e peço que não me interpretes mal - a maioria das pessoas que casa pela Igreja, ou seja, que recebe o sacramento do Matrimónio, não devia fazê-lo pelo facto de não estar consciente do que está efectivamente a aceitar ao dizer aquele "SIM". A culpa é dos noivos? Também, mas principalmente dos padres que os acompanham (ou deviam acompanhar), de pastorais familiares que, nas comunidades onde existem, estão carregadas de conservadorismo e preconceito e das próprias práticas sociais.

Por outro lado, há muita falta de um bom acompanhamento espiritual por aí e o teu afastamento é prova disso. É verdade que todos temos dúvidas e colocamos muita coisa (Deus) em causa, mas isso não tem que ser pecado (aos nossos olhos e dos outros), nem motivo de ruptura. É mais fácil quando podemos partilhar essas questões com pessoas que falam a mesma linguagem que nós ;)

Por fim, sim, a Igreja quer-se de braços abertos aos "últimos" de que nos fala o Papa. Àqueles que vivem nas periferias e para nós se tornam objecto fácil de crítica e rejeição. Mas a Igreja sou eu, tu, a Teresa Power e cada um de nós baptizado que, de forma mais ou menos distante, aceita Cristo na sua vida. Por isso cabe a cada um de nós ser imagem de acolhimento e comunhão e não de exclusão e ruptura! Eu digo sempre que tento ser todos os dias aquilo que gostava que a Igreja fosse, porque eu sou espelho dessa Igreja (ainda que coloque muitaaaas reticencias a várias questões, tenha dúvidas e hesitações).

E pronto, termino finalmente com um abraço conviva e em jeito de provocação, relembro-te "Vai pelo mundo mostrar a tua herança!" ;)
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De Ana a 17.10.2014 às 00:24

João compreendo o teu percurso, eu própria fiz um parecido, também passei por Taizé, muitos Verões, muitas passagens de ano em comunhão nos Encontros Europeus e dois Encontros Mundiais da Juventude, sendo o mais marcante o do ano 2000, ano de Jubileo. Também andei no movimento dos Movimentos Fraternos, mas tenho tantas dúvidas e por te-las nunca quis fazer o sacramento do Crisma, várias vezes o pároco quis que o fizesse, mas compreendeu sempre a minha postura.
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De João Miranda Santos a 16.10.2014 às 23:48

JMT, antes de mais obrigado pela consideração dada aos meu comentários que os faz merecerem as suas explicações. Agora menos irritado do que me pareceu da primeira vez.
Obrigado também por a este respeito dar a conhecer um pouco mais de si. Para além do seu percurso na fé, que não é de todo dos mais comuns, fiquei a saber que temos em comum o facto de já termos pertencido à CVX. É curioso o facto de estar no ponto em que está, tendo feito o crisma já em idade adulta, com convicção pessoal, e depois de uma caminhada particular.

Mas vai ficando, e faz bem, apesar de eu ter alguma dificuldade de entender esses cognomes para os católicos. Não sei muito bem o que é que é um católico, mas ou se é ou não se é. Dúvidas, pecados e afins todos temos...
Ainda bem que sente a Igreja de braços abertos. Mas eu acho que isso significa também que é preciso deixar-se abraçar.
Coisas erradas foram defendidas por documentos da Igreja. A história o dirá quanto à Humanae Vitae. Pelos exemplos que já se vêm de católicos felizes com a proposta que ela apresenta, duvido que venha a ser considerada como um momento infeliz. Mas de qualquer forma, desprezá-la à partida pela dificuldade de perceber parece-me fechar os braços a esse abraço que a Igreja quer dar.

De facto os argumentos valem por si e não por quem os profere. Mas voltamos ao mesmo, isto não é uma questão de lógica. E para muitas coisas na nossa vida que nós não percebemos, nós valorizamo-las bastante por quem as diz.

Por último é importante esclarecer uma coisa muito importante. De facto na Igreja Católica a própria vivência da Igreja é considerada revelação. Ou seja, para os católicos a Bíblia não é tudo nem é mais sagrada do que a realidade da própria Igreja. Ou não fosse a própria Igreja corpo místico de Cristo. Aliás, a própria Igreja seleccionou os textos que compõem a Bíblia. Não é assim para todos os cristãos, outros há que valorizam em absoluto as escrituras.
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De Anónimo a 16.10.2014 às 23:04

E a vitoria cabecinha ? Anda com medo?

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