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O problema de quem usa as calças

por João Miguel Tavares, em 07.04.14

Aviso por antecipação: este é um post sobre a guerra dos sexos, por isso, minhas senhoras e meus senhores, ponham o capacete.

 

Devido às minhas andanças de promoção do Manual de Sobrevivência para Pais e Maridos, tenho sido frequentemente confrontado, por quem me entrevista, com a questão (velha como o mundo) do desequilíbrio do papel do pai e da mãe dentro do ecossistema doméstico.

 

Ou seja, sim, toda a gente sabe que o pai está mais presente em casa do que antigamente e assume funções impensáveis há 30 ou 40 anos, mas não, os papéis não estão equilibrados, e a mãe continua a trabalhar muito mais dentro de portas, continuando a ser a grande "sacrificada" (um dos adjectivos favoritos das mães de família).

 

Ainda que eu não negue a existência desse desequilíbrio, faço questão de chamar a atenção para um aspecto do problema que tende demasiadas vezes a ser esquecido na discussão: o poder. O poder das mulheres dentro de casa. O poder que elas detêm sobre todos os aspectos da vida doméstica: sobre onde vamos quando saímos, sobre o que os miúdos vestem, sobre o que fazemos no fim-de-semana, sobre que empregada devemos contratar, sobre que móveis devemos comprar, sobre onde vamos passar as férias, sobre tudo e um par de botas.

 

Claro que as famílias têm todas uma identidade própria, e há sempre muitas diferenças e algumas excepções. Por exemplo, cá em casa representamos os papéis tradicionais na relação com os filhos, no sentido em que a mamã é a mais carinhosa e o papá o mais autoritário. Mas eu conheço famílias em que esses papéis estão invertidos: o pai é mais "mãe" e a mãe mais "pai". Aquilo que eu nunca encontrei, contudo, dentro do meu círculo de amigos, mesmo no mais alargado, é um família onde eu pudesse dizer: "é o homem quem manda lá em casa".

 

Mesmo em famílias onde o pai está mais presente e cuida mais dos filhos do que a própria mãe, é a mãe quem manda. Claro que há-de haver casos - há sempre casos para tudo - em que é o homem que usa as calças. Simplesmente, eu não conheço nenhum.

 

Isto não tem nada a ver, como é óbvio, com força bruta ou poder absoluto - não estou a dizer que a mulher consiga pôr o homem a rebolar e a dar a patinha. Estou apenas a dizer que a liderança doméstica da mulher é algo socialmente muito entranhado, e eu raramente vejo nelas disposição para se aliviarem desse fardo.

 

Ou seja, as mulheres querem que o seu trabalho seja mais dividido, mas não querem que as coisas passem a ser feitas de outra maneira.

 

Por exemplo, uma das expressões que mais as irrita é um homem dizer "eu ajudo muito lá em casa". Isto porque - e com razão - a expressão "ajudar" já significa uma acção subalterna, no sentido "eu faço e tu ajudas". Mas, na verdade, é mesmo de ajudar que se trata, já que quando fazemos alguma coisa raramente fazemos mais do que obedecer a ordens.

 

Daí a dificuldade em que o equilíbrio nas tarefas domésticas alguma vez seja atingido - isso implicaria, em última análise, que as mulheres cedessem no seu poder de mandar em casa. E poder é poder - dá gosto tê-lo e nunca é fácil cedê-lo. Eis o que muitas vezes é esquecido no balanço feminino da vida doméstica no século XXI.

 

E pronto, senhoras. Era isto. Podem começar a dizer mal de mim.

 

publicado às 10:12


60 comentários

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De VascoB. a 07.04.2014 às 15:45

No fundo é como se a sua excelentíssima trocasse um pneu em plena estrada consigo dentro do carro (ainda que você estivesse a arder em febre). Ou saísse do carro avariado e abrisse o capot a dar uma vista de olhos... ou mudasse aquela abraçadeira que estava quase a partir. São clichés, redutos, orgulhos...

Não gosto muito de personalizar estas questões mas posso partilhar o meu caso. Quando conheci a minha excelentíssima, morava eu sozinho à muiiito tempo. Ela lá se foi mudando aos poucos e um dia cheguei a casa e tinha uma bela surpresa: tinha-me arrumado o guarda-roupa. Fiz uma cara de enterro quando vi e lá lhe expliquei que aquilo tinha uma desarrumação específica e que não me conseguiria orientar assim.
Demoramos algum tempo até ela assimilar que eu até cozinho melhor (nasceu comigo, como quem canta ou desenha), até sei alguns truques domésticos, etc. Ela não estava realmente preparada para isso e foi uma aprendizagem.

Só uma achega: Sou da opinião que embora a mulher tenha sofrido uma evolução estonteante desde o tempo em que tinha de casar imaculada e com o propósito último de casar e ser boa esposa e mãe até aos dias de hoje de emancipação em diversos aspectos, o homem (ou boa parte deles) ainda sofre da síndrome do ninho. Ou sejam sai da casa da mãe e migra para a casa da esposa. Isto, para além de eternizar a querela sogra/nora, faz com que nunca cheguem verdadeiramente a valorizar o trabalho doméstico, na medida em que existe um sem número de coisas que nunca perceberam que precisam ser feitas. Obviamente lá fora, nos países em que os meninos e as meninas saem de casa aos 18... as coisas são diferentes e os homens são mais cooperantes. Talvez porque tenham percebido que o pó debaixo da cama não desaparece ao fim de x dias...
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De Xavier Coutinho a 07.04.2014 às 23:36

Saem de casa aos 18? E vão para onde? Aqui vão para a universidade alguns deles. Devem ser países do 3º mundo.
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De VascoB. a 07.04.2014 às 23:52

Ah Ah!
Nem imagina a vida que existe lá fora ;)
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De Anónimo a 08.04.2014 às 10:28

Em Portugal não é normal sair-se de casa a não ser para casar/juntar-se.
Mesmo quando vão estudar, só alugam quarto/casa naqueles tempos e depois regressam ao lar dos pais.
Normalmente quem não casa (se junta) mora com os pais para sempre... então nos meios mais pequenos, é mesmo assim sempre.
Aliás, aqui na "aldeia" mulher que deixasse a casa dos pais para ir viver sozinha, sem marido/companheiro, havia de ser bonito.... que nomes teria :)
E com a crise e a falta de meios de subsistencia individual esta tendencia não consegue alterar-se e os filhos tendem a ficar cada mais até mais tarde em casa dos pais, que até gostam que assim seja, esquecendo-se que quanto mais tarde voarem, mais dificil será...
Sei que existem muito países em que não é assim, que é habitual os filhos sairem de casa dos a maioridade e embora não ache que isso tenha de virar regra (tipo fizeste 18 anos, rua de casa), acho importante que assim seja logo que se consiga sustentar, pois só assim se cresce e se sabe como é a vida. É que os paizinhos não duram sempre...
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De Ana a 09.04.2014 às 19:09

Olá Vasco.
Penso que tocou no ponto fundamental. os homens não percebem a razão de fazer muitas das coisas das lides domésticas. E Por isso não as fazem, ou fazem mal, ou demoram a fazer.
Outra coisa que concordo é que gostam de migar da casa da mãma para a casa da mamã. E muitas vezes põem-se nessa posição.
Como se resolve? Penso que só com paciência... (mas a minha já vai acabando...)ou habituar-se a viver assim (acho mais fácil)
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De David Cabanas a 07.04.2014 às 15:22

Eu arrisco dizer que um homem depois de casar e ter filhos...no meu caso foram logo duas ao mesmo tempo...fica um chefe "laissez faire" lá em casa!!!Nunca mais nada volta ao mesmo! a vida de solteiro passa a ser uma recordação e as vontades próprias ficam para "um dia"...
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De Anónimo a 07.04.2014 às 16:49

Acho que este comentário diz muita coisa.
É o que eu vejo no meu marido. Casamos quase há 14 anos e ele veio directo de casa dos pais, para a nossa. Como ainda não tinhamos filhos e as coisas até eram faceis de gerir e fazer, fui fazendo as coisas sem lhe "pedir"/"exigir" divisão ou "ajuda" (culpa minha, eu sei).
Os filhos nasceram e a vida mudou, mais roupa, menos tempo e as coisas complicaram-se.
Lá lhe fui explicando o que era preciso fazer e ele ficou espantado com o que eu consigo fazer todos os dias e como consigo ter tudo organizado.
Começou a dar-me muito mais valor e até a comentar que não fazia ideia que uma casa dava tanto trabalho (santa ignorância) mas apesar do elogios saberem bem, não limpam o pó e ele continua a ser preciso "mandá-lo" sim, porque por iniciativa própria... bem, lava o carro, os terraços e trata da relva... já não é mau... mas podia ser melhor e isto se a maezinha dele o tivesse habituado e eu não o tivesse estragdo no inicio do casamento... é bem verdade...
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De Anónimo a 07.04.2014 às 18:05

Upss, não era a este comentário que eu queria comentar. Era ao de cima...
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De David Cabanas a 09.04.2014 às 08:57

Pois...também achei por isso não disse nada antes...
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De M. a 07.04.2014 às 15:14

Apesar de me ter apercebido de que estou em minoria e de que provavelmente pertenco a uma faixa etária mais jovem (e com menos experiencia, dirao voces) nao quero deixar de partilhar a minha opiniao.

Tenho 25 anos e vivo há aproximadamente um ano com o meu namorado (estrangeiro, nao que ache que isto seja relevante). Nunca tive pretensoes de transformar as lides domésticas em assunto meu, para dizer a verdade detesto-as e num mundo ideal, seria até o meu companheiro a preocupar-se exclusivamente com elas. Nao me importo especialmente com as cores dos cortinados, os móveis, com o que vao achar os demais sobre a comida que eu cozinho ou os talheres que uso. pode ser o facto de viver no estrangeiro que me fez ter este desapego, mas a verdade é que tirando a limpeza (ninguém gosta de viver no meio da imundice) a casa nao é um assunto que me preocupe e muito menos que considere meu. Sei que serei a excepcao, mas nao por isso acho mais importante partilhar o facto. Nós existimos.
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De Alexandra a 07.04.2014 às 14:22

Olá João,
Eu devo ser aquela família que o João não conhece. Lá em casa somos só dois, por enquanto, mas devo admitir que dou muito facilmente o poder ao meu marido. Se bem que todas as decisões importantes são tomadas a dois, a verdade é que muito mais depressa ele está a ver destinos de férias, contratos de água e luz e o que compensa mais, qual o melhor verniz para ele aplicar na mesa e cadeiras que temos na varanda... Já para não mencionar que, porque chega a casa antes de mim, é quase sempre ele que decide o jantar e o confeciona, além de arrumar a cozinha a seguir. Como pode ver, tenho um marido dos tempos modernos e sou muito grata por isso.
Quando vierem as crianças, logo se vê ;)
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De João Miguel Tavares a 08.04.2014 às 13:22

Ah, mas quando as crianças vêm é que as coisas mudam... Depois não se esqueça de me contar :-)
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De Alexandra Martins a 09.04.2014 às 11:23

Sim, tenho consciência que tudo muda e os nossos horários e prioridades egoístas, por sermos só dois adultos, serão postos em causa e virados do avesso. Mesmo assim acho que vou gostar :)
Daqui a uns anos conto-lhe como está a ser!
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De Mónica a 07.04.2014 às 14:03

Apesar de ser visitante diária nunca antes tinha comentado.

Eu adorava puder sair dessa posição de poder, até porque lá em casa não o é de todo. É bem verdade que o meu marido faz algumas tarefas mas são poucas e o poder de decisão sobre férias e compras tem de ter sempre o aval dele. Nem uns míseros cortinados consigo comprar se ele não estiver de acordo, o que implica fazer pesquisas de mercado, de lojas, fornecedores on-line, budgets, etc para depois o maridão dar a sua aprovação. No entanto, tenho de ser eu a gerir e a lembrar-me de tudo o que tem a ver com a casa e com a filhota e ai de mim que me esqueça de alguma coisa, mesmo que tenha falado sobre esse mesmo assunto com ele, pois invariavelmente a culpa vai ser minha "porque não apontas tudo na agenda!".

É demasiado cansativo estar 13h fora de casa e ainda ter todo este rol de responsabilidades e tarefas diárias, pelo que, se ele o quisesse (mas não quer porque é um homem inteligente e sabe o quão desgastante isso é) cederia de boa vontade essa posição de "poder".
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De Maria Cruz a 07.04.2014 às 14:03

Bem, sei que já foi dito, mas tenho que discordar também como outras leitoras o fizeram.
Acho que o termo ¨ajudar¨ é irritante, quando meu marido está a dar banho na minha filha, ou tirando a mesa, ele NÃO está me ajudando! Não, ele está fazendo coisas da rotina familiar, que cabe a todos nós. Se ele resolver um problema no meu computador, daí sim, está me ajudando, ok?
Como trabalho meio período, tenho mais tempo que ele, e obviamente faço muito, muito mais por aqui, coisa que inclusive gosto, acho justo. Mas desde que ele chega do trabalho vamos fazendo o que se tem que fazer, mais ou menos em conjunto, dar o jantar, estudar, escovar dentes, por para dormir...
O que cansa é ter que ficar dizendo, feito uma mãe rezingona o que ele tem que fazer:
Vai escovar o dentes do Gui,vai por pijama na Pipa, vai por o lixo na rua, põe essa louça na máquina...
Pareço um sargento, mas se não pedir, não mandar, fica tudo por fazer! Me irrito e daí ouço: Era só dizer!
Detesto mandar, mas muitas vezes não há alternativa!
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De Ana a 07.04.2014 às 13:05

Diálogo com a minha filha:
- Mãe, quantos anos tens?
- Tenho 41.
- Ena, tantos! E o pai?
- O pai tem 40.
- Ah, então é por isso que tu é que mandas cá em casa!

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De Carla R. a 07.04.2014 às 12:19

Eu concordo com o João e sou Mulher, Mãe, Profissional, Dona de Casa, etc e tal.
Nós sabemos como queremos as coisas feitas, nós sabemos quando queremos as coisas feitas e sabemos organizar, planear e executar com mestria todas as tarefas que tomamos como nossas.
E aí reside a questão: as tarefas que nós tomamos como nossas! As que não são nossas ou não queremos que sejam nossas não devemos criticar ou ir fazer diferente. Por exemplo lá em casa eu cozinho, os miúdos já colocam a mesa, e o levantar a mesa e pôr a louça da máquina é uma tarefa do Pai. Ele tem a sua maneira pôr a louça na máquina e eu tenho a minha... Porreiro! Desde que a louça fique bem lavada por mim está tudo bem. E se a tarefa é dele e ele decide fazer algo primeiro eu não vou lá "despachar" o que não está feito. Cada um tem a sua maneira de fazer e o seu timing.
Se eu faço muito mais coisas do que o meu marido em casa? Faço.
Se ele faz muitas coisas em casa? Faz, diferentes das minhas, mas faz...
Se gostava que ele fizesse mais?... Não sei...
Acho que estamos bem equilibrados mesmo com o prato da balança das tarefas domésticas mais pesadas para o meu lado há outras actividades e tarefas inerentes a seremos casal e pais de 2 que acabam por sobrar para o lado dele.
Por mim estamos bem!
(E sim é verdade que temos imenso poder dentro de portas e mesmo fora delas)
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De Vera a 08.04.2014 às 15:42

Sou casada tem 12 anos, temos 3 filhos pequenos e considero que somos um casal quase perfeito ainda que cheio de imperfeições. As tarefas, bem, as tarefas domésticas poderia dizer que são minhas, mas estaria a fugir à verdade. Isto porque as tarefas domésticas não se resumem a limpar, estender, passar, arrumar e cozinhar. Essas são quase sempre minhas. Somos diferentes e vimos de famílias diferentes. Eu sou a senhora das limpezas e herdei isso da minha mãe que detesta ver coisas fora do lugar, com 13 anos de convivência aprendi algumas coisas com a minha sogra uma delas foi, descontrair, não se pode fazer tudo e há uma vida para além das lides da casa. Agora tenho dias, dias em que entro em stress por ter a casa desarrumada, e dias em que "não estou nem aí" vou para o parque com os meus filhos, para a praia, andar de bicicleta, viver a vida que está lá fora, afinal de contas ninguém me vai espreitar a casa a ver se está limpinha ou não. Suja nunca está. Arrumada, bem, já desisti de a ter completamente arrumada, e quem com 3 filhos tentar ter a casa tipo museu vai com certeza ganhar uma depressão! O meu marido teve essa educação mais descontraída em relação às lides da casa, para ele se estão 11 coisas fora do lugar não há qualquer problema, para mim é uma dor de cabeça, ou era, estou a render-me ao facto de que a vida é para ser vivida de preferência FORA de casa, e depois, bem, depois arruma-se e ninguém morre por isso. Chego a casa mais cedo que o meu marido, bem mais cedo, logo é um tanto ou quanto impossível esperar que me ajude nas lides da casa e da roupa. Não temos mulher-a-dias. Quando ele está em casa ajuda no que pode, até porque quase nunca permito que se estenda no sofá, e ele até tem "medo" de o fazer, acho que tem a ver com o meu olhar matador:)
Dia em que joga o Benfica é dia de exceção, ainda que eu seja do Porto
A verdade é que passamos atestados de incompetência aos maridos e depois ainda temos a lata de nos queixar e dizer que fazermos tudo! Bem, eu faço muita coisa, mas ele faz muita coisa que eu não faço. Ele arranja as coisas lá em casa, raramente temos que chamar alguém porque alguma coisa partiu ou avariou. Trata dos filhos, dá-lhes banho quase sempre, veste (desde que eu lhe diga qual é a roupa), o que é compreensível porque a parte da roupa é tarefa minha. Normalmente vamos os dois ao médico com os miúdos, mas quando é para ir só um ele prefere que seja eu, tem a ver com a queda natural para a coisa que as mães têm. Quer se queira quer não existem tarefas para as quais as mães têm mais aptidão, ou pensam ter . Quando está livre é ponto assente que ele trata das atividades dos miúdos, ou seja, só ao fim de semana, durante a semana eu faço maratonas, leva um ao ténis, leva o outro ao futebol, leva os dois ao Inglês leva a mais pequenina a andar de bicicleta ou ao parque pois ela faz questão que assim seja, leva, vai buscar, chega a ser loucura, mas é a nossa loucura. A verdade é que há dias que estou EXAUSTA, mas ele também deve estar, a final não andou a brincar, trabalhou o dia todo e quando chega a casa continua a trabalhar. Eu também trabalho mas sou a que trabalho perto de casa e logo quem está mais disponível. Ao fim de semana se lhe peço para aspirar ele aspira, faz as camas sem que lhe tenha que pedir, não, não fui eu que o eduquei assim, somos um casal, existe amor suficiente para sabermos que as coisas têm que ser partilhadas, existe uma coisa que ele faz e que eu me recuso a fazer, tratar de contas, dinheiro, IRS, selos do carro, seguros, e o diabo a quatro. Resumindo, eu faço quase todas as tarefas ditas domésticas, ou quase todas, mas quando ele pode ajudar ajuda. Ele trata da burocracia, coisa que eu detesto fazer. Muitas vezes sou eu que os corro de casa a todos, " vai andar de bicicleta com os miúdos, vai ao parque, assim não ficamos todos presos e a verdade é que arrumo a casa bem mais depressa quando eles não estão. Certo ou errado, esta é a nossa vida, somos felizes, as coisas fazem-se, cada um tem as suas tarefas, é bem verdade que dou por mim a dizer que eu faço quase tudo, sou a criada de serviço, mas nós mulheres também temos um bocado a tendência para o drama :) Ele não passa a ferro, mas eu também não levo o carro à revisão nem mudo pneus :) Vera
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De Vera a 08.04.2014 às 15:47

Esqueci-me de dizer que tb sou mae de 4, mas um já tem 26 anos e já é pai, ou seja já está a tratar da sua vidinha :)
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De Rita Melo a 11.04.2014 às 16:47

Este é o espelho da minha casa, Vera. Estava a ler e a rir com tanta semelhança! E concordo plenamente... cada um com as suas tarefas e com amor tudo se ajeita... eu prefiro mil vezes tratar da roupa e da loiça do que andar a preocupar-me se o carro já foi à inspeção ou se precisa de óleo, ou se as lâmpadas estão fundidas... Ah, e o meu marido é que cozinha e vai às compras porque tratar de 3 filhotes pequenos ao fim do dia já é por si só uma tarefa hercúlea! :)
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De Simplesmente Ana a 07.04.2014 às 12:16

Primeiro, em relação ao "ajudar". Não concordo nada que seja uma posição que se assuma subalterna por acaso. O homem é que se assume o ajudante para não ter que ter o fardo maior (em casa).

Mas indo à questão: creio que as mulheres usam as calças nestes aspectos discutido no texto porque é na família que encontram a sua realização. Pelos menos, falo por mim. Se pudesse, trabalhava em part time para "gerir a família". Neste campo, admito que sou eu que comando as tropas. Consultas, exames, reuniões da escola, roupa, comida, hora de deitar, locais para férias,etc.

Às vezes fico mesmo cansada, mas se tenho que faltar a algo relacionado com ela fico "doente". Não ser eu a acompanhá-la a uma consulta, por exemplo, é sentir-me falhar.

Também é verdade que os pais são mais mauzões e as mães mais meiguinhas (por aqui, confere), mas isso não significa que eles imponham mais regras. Pelo menos, eu aplico mais castigos. A diferença é que os faço com tranquilidade, sem gritaria.



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De Mafalda a 07.04.2014 às 12:15

Olá JMT.
Concordo no que diz. Sou "gaja" e concordo, já viu?
Por exemplo, enquanto filha e enquanto os meus pais foram casados, o meu pai era o brincalhão e já a minha mãe era a autoridade e exigência. Mas depois, na vida doméstica era a minha mãe que ditava as regras, em parte porque o meu pai não queria participar nelas (tinha e tem, muito aquela visão de que o homem trazendo o dinheiro para casa, já tem a sua missão cumprida) e outra parte, quando havia alguma coisa que o meu pai pudesse fazer e mostrava disponibilidade para tal, não podia fazer como ele entendia ser melhor, mas como a minha mãe dizia que tinha que ser. Em outras coisas, conversavam e decidiam em conjunto, se bem que a opinião da minha mãe era a que tinha mais força. Muitas vezes isto deu discussão, claro... Mas verdade seja dita, que muitas vezes o meu pai (assim como muitos homens) quando lhe era perguntado alguma coisa, a resposta que saía era um "faz como achares melhor", "para mim qualquer coisa está bem", ou um "decide tu" .
Acho que quando se pede uma opinião a um homem, é quase como se os tivessem a pôr entre uma espada e uma parede, e não sabem bem o que responder... ou porque simplesmente nunca pensaram no assunto, ou porque já sabem que a mulher fez um filme sobre isso e não sabem se devem responder o que pensam realmente ou o que elas querem ouvir.
Da parte que me toca, como adulta e com vida conjugal (ainda sem filhos), sinto muito isso. Os rapazes por mais educados que sejam a ter uma vida de "não importa se és homem ou não, tens que saber fazer de tudo em casa", isso não acontece. Eles precisam de ser ensinados, e reeducados ;) Verdade seja dita, que a paciência por vezes nas mulheres não é muita, e é melhor que os rapazes se mexam e façam como lhes dizemos, se não mais vale não tocarem em nada, porque nada é feito como nós queremos. O facto de ainda não termos filhos ajuda a fazermos este ajustes, e a verdade é que o meu homem já faz muito em casa (sim, como eu quero) e comparando com o que eu tinha em casa dos pais, é uma diferença muito grande. Ainda assim, acho que eu tenho mais força nas decisões que ele, e por vezes isso é um fardo e cansa. Acho que não é fácil a nós mulheres darmos esse espaço aos homens, dar-lhes essa autonomia. As mulheres têm sempre 3001 mil coisas na cabeça e mesmo quando têm oportunidade de se sentar no sofá a descansar, estão já a pensar no que têm que fazer, no que fizeram e o que poderão vir a ter que fazer. Os homens não são assim...é para descansar, é para descansar mesmo e isso irrita-nos (pelo menos a mim). Mas o que é certo é que quando tivermos filhos e ele tiver que ficar 6 meses em casa com a criança na licença (vivemos/trabalhamos em oslo), eu estou mais descansada, porque sei que ele sabe como quero que as coisas sejam feitas e quando chegar a casa a tarefa de mãe/mulher será muito mais fácil.
Estas discussões são sempre boas, por isso continue.
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De Vera a 08.04.2014 às 15:57

"E estou mais descansada, porque sei que ele sabe como quero que as coisas sejam feitas e quando chegar a casa a tarefa de mãe/mulher será muito mais fácil." Acho que é este o nosso problema, "ele sabe como é que eu quero que as coisas sejam feitas", nós assumimos que a casa é nossa, que nós mandamos e que tudo tem que ser feito como nós queremos. Nós pensamos assim, temos o tal poder, ou melhor, retiramos todo e qualquer poder ao homem, passamos o tal atestado de incompetência e o resultado é o que se vê, eles ajudam-nos porque nós não lhes permitimos simplesmente que façam, que façam à maneira deles...

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