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Os putos vão passando por fases, umas mais fáceis, outras mais difíceis. A actual está a começar a ficar dura por causa disto: o volume. O volume da voz dos três mais velhos e a tendência incontrolável do trio para falar, discutir e perorar sobre tudo e um par de botas. Eles pura e simplesmente não se calam.
Eu sei que parece um bocado absurdo um tipo estar a queixar-se de excesso de confusão doméstica nesta altura do campeonato, e é normal que as pessoas perguntem: "Mas só agora é que notaste isso?" Na verdade, sim, só agora, porque antes não era bem desta maneira. Quer dizer: é evidente que confusão sempre houve, e em abundância, mas era de um outro género.
Quando estávamos à mesa das refeições, passávamos o tempo a mandá-los pegar bem nos talheres, endireitar as costas, tirar as mãos da comida, a chegarem-se para a frente. Era uma confusão relativamente concentrada, digamos assim. Hoje em dia, não, é o caos verbal instalado: eles falam de tudo, metem o nariz em tudo, escutam as nossas conversas, dão palpites. E cantar? Os tipos não páram de cantar.
Era eu rapazinho e estava sempre a escutar "não se canta à mesa!". E eu juro que nunca percebi porque é que não se podia cantar à mesa. Que desrespeito poderia envolver cantar a uma mesa de refeições? Cantar é sempre bonito, pensava eu. Como é obvio, os antigos é que tinham razão: não se canta à mesa porque os adultos não estão para ouvir uma guinchadeira que vai do Frozen ao Elvis Presley.
Agora dou por mim aos gritos atoda a hora: "Calem-se!" Já não aguento tamanho expender de opiniões e notas musicais. Parece que todas as noites tenho uma taberna dentro de casa. Digo-vos: se esta fase não passar depressa, vou ter de começar a aplicar o método Assuracentourix às refeições. Lembram-se? Oh, sim.