Já tinha lido alguns desses estudos. Aliás, em velhas discussões com o meu irmão (programador de jogos), em que eu me punha na posição de defensor incondicional da literatura como forma muito superior de "treino mental" e o meu irmão era o defensor acérrimo dos jogos, já ele me tinha "alertado" para este fenómeno, que pessoas "dos livros", como eu, parecem recusar como se fosse uma blasfémia. (Claro que as duas coisas — livros e jogos — não são contrárias, mas discutir com o meu irmão é mais divertido se nos aproximarmos dos extremos.)
Adiante. O que é interessante nisto é que a primeira tentação de quase toda a gente é achar que tudo isto é terrível, que os miúdos estão a ficar burros, que os jogos só podem fazer mal. E falamos, falamos, falamos, sem pensar por um segundo em ver o que acontece de facto. E o que acontece de facto é muito mais interessante do que os nossos medos poderiam fazer crer.
Por coincidência, vou voltar a referir Steven Pinker. Lembro-me de ter lido este artigo (
http://www.nytimes.com/2010/06/11/opinion/11Pinker.html?_r=0) e ter achado deliciosa a forma como vai contra os nossos instintos pessimistas.
Os medos são úteis. Convém não correr a abraçar uma nova tecnologia só porque é nova. Mas, neste caso, os jogos e a internet parecem fazer mais bem do que mal ao nosso pobre cérebro.
Quando temos muito medo duma coisa, mais vale esclarecer o que se passa com estudos a sério e não elevar as nossas primeiras impressões ao estatuto de verdade incontestável.