Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Deixem-me, em primeiro lugar, agradecer a todos a partilha das descrições dos vossos jantares em família. Devo dizer que a maior parte delas são suaves quadros de horror - que eu li com aquela sensação de consolo própria de nos sabermos acompanhados nas pequenas desgraças quotidianas. Como afirma a leitora Ana, "os jantares caóticos são uma epidemia dos tempos modernos". Pelos vistos, são mesmo. Mas não tinha consciência da sua dimensão.
Vale a pena trazer para aqui a partilha da Inês Teotónio Pereira, que já vai em seis filhos. Ou seja, em casa dela tem tudo para ser o caos agravado, mas a sua experiência acaba com final feliz:
Pois eu tenho mesmo problema. Só o bebé é que janta primeiro, os outros cinco - que vão dos 14 aos 6 anos - jantam todos connosco à mesa. Há um ano inaugurámos esta nova rotina mas desistimos passadas duas semanas porque passávamos o jantar aos gritos com os miúdos para não deixarem cair comida para o chão, para não comerem de boca aberta, para não darem cotoveladas uns nos outros, para não entornarem água, etc. Além disso, quando acabávamos de servir o último, de cortar a carne, etc., o primeiro já estava a acabar e nós acabávamos por comer o nosso jantar frio. Sim, era um inferno.
Há três meses voltámos ao ataque com outro espírito e partindo de dois princípios: claro que não vai ser como nos filmes e temos de ser mais tolerantes. Passados estes três meses já conseguimos jantar em paz e sossego e todos fazem um esforço. Cada dia é melhor que o anterior: é uma questão de treino. Porque é que insistimos? Porque esta é a única altura do dia em que estamos quase uma hora centrados uns nos outros, em conjunto, e não focados na televisão, nos TPC, nos telemóveis, no trabalho ou noutra coisa qualquer. É a única altura do dia em que estamos mesmo em família.
O jantar é já uma rotina em que eles têm a função de levantar e de pôr a mesa, têm aprendido a falar um de cada vez e - o mais importante - a ouvirem o que os outros têm para dizer. No fundo, nós pais somos apenas moderadores e vamos em cada jantar monitorizando o estado da arte da família... Dá trabalho, exige paciência e exige tolerância. Só o fazemos porque é um pretexto para estarmos em família, sendo que muitas das vezes não apetece nada. Mas compensa: passados três meses acho que cada um de nós conhece melhor a nossa família. Como em tudo na educação é preciso persistência e paciência. Boa sorte!