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Quando é que eles devem ir para o infantário?

por João Miguel Tavares, em 06.10.14

Nos comentários a este post, a leitora Sílvia deixou um pedido pertinente e que pode interessar a muitos pais:

 

Vou tentar pedir-lhe, se achar pertinente, para abrir uma nova discussão: Quando é que eles devem ir para a pré-escola/creche/infantário? Sendo que o meu [filho] de um ano tem a sorte de poder ficar com os avós. Para quem tem essa possibilidade, qual a melhor altura para os colocar na escola? Eu estou a pensar na pré aos 3, o meu marido, da velha guarda (fomos para a escola na altura que só se ia aos 6 anos para a primária), acha demasiado cedo (acha melhor aos 4 anos), porque afinal ele vai passar quase 20 anos fechado na escola... Não sei, se puder e quiser abrir essa discussão podia-me elucidar!

 

Ora aqui está uma boa questão. Eu não tenho espectaculares teorias sobre o assunto, pela simples razão de que não tive opção: os meus filhos tiveram de ir para o infantário quando a Teresa voltou a trabalhar. A Carolina, o Tomás e o Gui nasceram todos entre o final de Fevereiro e o início de Março, portanto estavam com seis meses quando chegou Setembro, e foi com essa idade que entraram no infantário. A Rita, como nasceu em finais de Agosto, acabou por ter de esperar um ano. Vivendo os meus pais em Portalegre e os da Teresa em Castelo Branco, não havia alternativa.

 

Assim sendo, não tenho propriamente um termo de comparação, para poder dizer se é melhor eles entrarem para a creche com um, dois, três ou quatro anos. Como o que tem de ser tem muita força, não me recordo sequer de ter discutido isso com o pediatra dos meus filhos. Mas como o Dr. Mário Cordeiro de vez em quando passa por aqui, talvez ele possa esclarecer qual a sua posição. Tenho ideia que, caso haja opção, o Dr. Mário defende os três anos, mas posso estar enganado. Daquilo que já li e ouvi sobre o assunto, é a idade em que as vantagens da socialização e o músculo do sistema imunitário começam a compensar as desvantagens dos "infectários".

 

Mas para responder directamente à questão da Sílvia, e porque cada um de nós acaba por encontrar excelentes razões para justificar os seus próprios actos, devo dizer que nunca me arrependi dessa decisão. É verdade que aos seis meses eles são muito pequenos, mas isso também tem a vantagem de nem saberem o que lhes acontece - e de, por isso, se adaptarem muito melhor ao infantário e às suas rotinas do que uma criança mais velha. Qualquer pai ou mãe que coloca uma criança na creche, pela primeira vez, aos três ou quatro anos, é melhor mentalizar-se para 15 dias de berraria na hora de o deixar na escola.

 

A dimensão da berraria também depende da personalidade dos pais, porque, como todos sabemos, um minuto depois de se fechar a porta os miúdos já estão na maior. Mas para os mais sensíveis a manipulações psicológicas, deixar um filho chorão no infantário pode ser um dos piores momentos do dia - momento pelo qual eu nunca tive que passar. Os meus filhos sempre andaram no mesmo infantário, gosta(ra)m muito de lá andar, e não tenho dúvida que sejam (foram) felizes lá - e eu prefiro tê-los divertidos no meio de miúdos da mesma idade que eles, do que fechados em casa com uma avó ou com uma empregada, sempre a olhar para as mesmas paredes e com diminuta socialização com crianças.

 

A questão da socialização é importante. A Rita está com dois anos, e a diferença em relação à sua postura em Outubro de 2013 é radical, obviamente. Actualmente a Rita já tem amiguinhos, já tem mesas de trabalho, já começa a fazer muitas tarefas, e percebe-se perfeitamente quando uma criança gosta do sítio onde está. Ela gosta, está muito bem adaptada, e para mim é um descanso saber que não vou ter de passar pela berraria dos três anos, porque ela já conhece todos os cantos à casa (os primeiros 15 dias de Setembro, em qualquer infantário, são sempre uma desgraça).

 

Penso, ainda - e isso é um aspecto muito importante -, que o infantário promove muita a independência dos miúdos e melhora as suas capacidades de autonomia e responsabilização. Há algo que ainda valeria a pena acrescentar aqui, e que tem a ver com a diferença de relação que eu tenho com a Rita quando comparada com os outros três filhos na sua idade. Como a Teresa não se cansa de sublinhar, eu sou muito mais próximo dela do que era dos outros. E isso, só para confundir um pouco as coisas, tem a ver com a minha maior presença em casa - mas isso é matéria para um próximo post, que este já vai longo.

 

Entretanto, digam de vossa justiça e partilhem as vossas experiências.

 

 

 

publicado às 10:00


61 comentários

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De Nicole I. a 07.10.2014 às 11:05

Eu de facto não tive essa hipotese a minha filha com 5 meses foi indo aos poucos a creche, não foi para uma pública por só a aceitarem em Setembro e assim iria ter já 10 meses e eu não tinha com quem a deixar. Nunca gostei de amas, muitas são ilegais, não respeitam as minímas condições de segurança e tem crianças de idades diferentes no mesmo espaço.
Posso é falar das diferenças que vejo na minha filha e nos meus sobrinhos gémeos e sobrinha mais velha. Ou seja a minha filha tem 11 meses agora, os gémeos 12 e a mais velha 14 meses.
Quanto a sociabilização a Melissa não é agressiva com outras crianças, sabe brincar e partilhar os brinquedos, os gémeos estão na avó e tem muito estimulo e desenvolvimento muto por isso nunca se notou muita diferença. Mas com a outra sobrinha que ora vai a ama ora fica com a avó, nota-se nela menos a vontade a brincar e mais egoista. Claro que são pequenos e pode ser da personalidade deles.

Quanto aos choros a minha filha sim teve uma fase de chorar muito ali com 10 meses, depois passou... mas lá esta assim que lhe dão uma bolacha ela cala-se e vai brincar, quando a vou buscar esta sempre tranquila a brincar.
Com a creche noto que tem rotinas mais rígidas e horários diferentes da alimentação dos restantes sobrinhos, que não andam na creche. Os primos da Melissa fazem as sestas que querem e comem a horarios mais ou menos identicos ao da família. A Melissa não come as 7:30/ 8.00 depois almoça 11h e dorme a sesta do 12 a 15 e lancha as 15:00/15:30... logo janta pelas 18:30/19h e dorme logo as 20H... nos meus sobrinhos comem as 9h almoçam a 1h dormem a sesta das 14h as 16h tendo dormido uma hora as 11h. E lancham as 17h e jantam as 20h/20h.30.
Logo ai o que aconselho quando entram na creche ou infantário é saber as rotinas e regras e tentar preparar o caminho em casa.

Quanto a doenças a minha menina só apanhou congetivite, de resto tem tido muitas otites mas são naturais dela.

Depois depende da educação que os avós ou cuidadores da criança dão. Se são muito premissivos e não fazem brincadeiras de estimulo e educativas é natural ver um ligeiro atraso na criança quando vai para o pré-escolar. Com a minha sobrinha de 7 anos aconteceu isso, ficou com a avó até aos 3 anos.. Só começou a andar após 1 ano, falar o mesmo e tinha um vocabulário muito fraco comparado com crianças que iam a creche desde bebes, não sabia cores nem contar, não sabia nada quando entrou na creche nem sabia que devia de ficar sentada na hora da história. Porque a avó paterna fazia as suas lidas da casa com a neta atrás a ver ela limpar, lavar e cuidar da horta e do gado.

Tal como foi dito, se a criança passar os seus dias na mesma sala, com os mesmos brinquedos e com avós a falar a bebe e a olhar para paredes não vale a pena a criança ficar nesse meio. Se forem avós que leem, levam os meninos ao parque quando não chove, mostram as cores e afins acho que não fará grande mal.

P.S- Para verem a grande diferença da sobrinha de 7 anos, eu lembro me dela com 3 ou 4 anos e ainda não saber encaixar as peças naqueles cubos de formas, a minha filha tem 11 meses e sabe encaixar se eu apontar o local, e se não apontar ela vai por tentativa e erro.. já a outra sobrinha não o conseguia fazer a não ser se indica-se o local a por a peça. Logo dai veem a falta de estimulo que teve por parte dos avós e pais.

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