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Quando é que eles podem ir sozinhos para a escola? #2

por João Miguel Tavares, em 24.09.14

Escreveram duas leitoras na caixa de comentários, a propósito do meu post anterior:

 

João, peço desculpa mas este assunto deveria ter ficado na esfera privada. Se fosse a sua esposa não gostaria de ler este post. Como mãe de um adolescente de 17 anos, digo-lhe que, ainda hoje, fico à espera do sms a dizer que já chegou a casa...

 

Isto disse a Isis. A MP defendeu uma posição muito semelhante:

 

A Teresa sabe que escreveu este post? Se ela estava muito reticente com esta ideia, agora não sei se será mesmo contra. Então vem dizer para um blog público, com fotografias dos seus filhos, que um deles pode passar a ir/vir sozinho da escola, e ainda dá a localização aproximada?

 

Ora bem. Faço notar que no meu post anterior eu remetia para um texto onde um pediatra português denunciava aquilo a que chamou a "cultura de segurança fóbica". Donde, embora as preocupações da Isis e da MP sejam perfeitamente legítimas e compreensíveis, elas vêm de encontro precisamente àquilo que eu criticava no meu texto de ontem.

 

É muito natural que a Teresa não tenha gostado do que escrevi, no sentido em que eu acho que ela também partilha um bocadinho dessa fobia securitária, e estamos todos a precisar de trabalhar cá em casa as questões da autonomia e da independência. No artigo do Público referido acima, Helena Sacadura, da Associação Portuguesa de Segurança Infantil (APSI), diz algo com que também concordo muito:

 

"A APSI anda há 21 anos a chamar a atenção para o facto de não podermos pôr as crianças dentro de redomas. Uma criança que não corre riscos não aprende os riscos que pode correr [mais tarde]. Hoje, temos crianças superprotegidas na área do brincar, não têm autonomia e não são responsáveis. São analfabetos do corpo."

 

São analfabetos do corpo quando andamos a correr atrás deles nos parques infantis, e são analfabetos do corpo e da mente, na minha opinião, quando não os deixamos andar sozinhos ao lado de casa aos 10 anos de idade.

 

Eu ando a picar a Teresa a ver se ela vem dizer de sua justiça aqui para o blogue. O PD4 tem apenas um décimo da graça que pode ter quando sou só eu a escrever posts. O PD4 nasceu como um projecto a dois, e não tem graça ser só eu a amamentar a criança. Este filho é claramente desprezado em relação aos outros quatro. De qualquer forma - e antecipando a sua intervenção -, a excelentíssima esposa dirá que é a nossa filha mais velha que ainda não se acha preparada para dar esse passo de ir sozinha. Eu acho que somos nós que não estamos a fazer o suficiente para a preparar.

 

Mas deixem-me dizer só mais uma coisa em relação à "vida privada" e ao facto de eu não dever estar a contar isto num blogue. Este blogue nasceu por várias razões, e uma das principais - digamos que está no top 3 das razões decisivas - tem a ver com um combate, chamem-lhe missionário, se quiserem, contra o desaparecimento das crianças - e, por arrasto, da família - do espaço público. Não gosto de viver num mundo de crianças com caras pixelizadas, a não ser por razões óbvias (se foram abusadas, por exemplo). Esse desaparecimento faz parte de uma mesma cultura securitária que, paradoxalmente, empurra os mais pequenos para a sombra na civilização de todos os holofotes.

 

A Teresa não partilha totalmente desta minha opinião, e portanto eu acabo por ter algum cuidado com a exposição dos nossos filhos. Mas recuso-me - e recuso-me mesmo, apesar dos medos que todos temos, e eu também - a esconder os filhos só porque apareço na televisão, escrevo nos jornais, e alguém pode querer fazer-lhes mal por eu ser mais de direita do que de esquerda. Como dizem os americanos, "shit happens", mas eu não vou viver a minha vida atemorizado por isso.

 

Eu não sou diferente dos outros pais: da primeira vez que a Carolina for para a escola sozinha também vou querer receber um sms quando ela chegar à porta. Mas não deixo que os meus medos se sobreponham à convicção - que quaisquer estatísticas demonstram com facilidade - de que vivo num mundo muito mais seguro do que há 100 anos, ainda por cima sendo eu um optimista que acredita que 98% das pessoas é gente decente, que tenta agir correctamente no dia-a-dia - e que estaria pronta a ajudar os meus filhos se eles precisassem, mesmo não os conhecendo.

 

Eu sou jornalista. Eu vejo as notícias. Eu fui editor da secção de Sociedade do Diário de Notícias durante boa parte do caso Maddie McCann. Mas o impacto destes casos é proporcional à sua raridade. Estatisticamente, a minha filha mais velha corre mais perigo de vida quando se enfia no carro comigo para ir para Portalegre do que quando vai sozinha a pé para a escola.

 

Os nossos filhos têm medo do escuro. Nós temos medo que qualquer coisa de terrível aconteça aos nossos filhos. Acham mesmo que só os medos deles é que são irracionais? 

 

publicado às 09:53


54 comentários

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De Anónimo a 24.09.2014 às 14:44

Tenham lá a santa paciência!
O meu sobrinho, desde que começou a frequentar a Escola Secundária, vai a pé sozinho apanhar o autocarro para a Escola e vice-versa. E o autocarro é público, não é escolar.
A filha do meu namorado vai a pé para a Escola e só demora 10 minutos a lá chegar!
Os pais que tanto questionam, já pediram a opinião dos filhos sobre o que eles acham de irem a pé para a Escola?
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De Rui Amaral a 24.09.2014 às 13:13

Acho piada que o maior medo dos pais seja os raptos/pedófilos, que estatisticamente são coisas raras e quase sempre associados a problemas familiares, e para que os seus filhos não corram esse risco, fazem uma coisa que realmente é perigosa, levá-los de carro até À porta da escola, onde muitas vezes estacionam mal (segundas filas, passadeiras, passeios) pondo em risco todas as crianças. 80% dos atropelamentos em Lisboa ocorreram a menos de 500m de uma escola.
Na minha opinião, uma criança aos 10 anos tem mais do que idade para ir sozinha para a escola, eu comecei a fazê-lo aos 6, no primeiro dia de escola. Ok que era numa cidade pequena, e depois? Também já existiam carros, também podia aparecer um estranho e levar-me, etc...
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De Isabel Prata a 24.09.2014 às 14:20

Concordo totalmente com o que diz o Rui e também com o JMT. A nossa noção do que é realmente perigoso deixa muito a desejar e todos os pais deviam fazer um curso acelerado de probabilidades e estatística.

Só uma nota prática, as escolas que têm cartão de entrada, têm também uma aplicação online onde os pais podem "cuscar" todos os movimentos dos filhos na escola, a hora em que entraram, saíram, quanto gastaram no bar.
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De Conceição M. a 25.09.2014 às 09:56

Olá Isabel
Nem todas as escolas têm essas funcionalidades e nem todos os pais têm condições e / ou conhecimentos para poder aceder a elas... não é que tenha relevância para o caso - aqui há uns anos não existiam cartões para registar entradas nem aplicações para se conferir se os cachopos comiam um iogurte ou um croissant com chocolate no bar da escola...
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De Sílvia a 24.09.2014 às 15:09

As estatísticas mostram que a maior parte dos abusadores/pedófilos são familiares directos das vítimas.
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De Olívia a 24.09.2014 às 15:18

Concordo inteiramente com o que diz o Rui Amaral, a minha filha mais velha desde o 5º ano que vai sozinha, ok, um dos dias em que ela não me apareceu na loja meia hora depois do "toque" entrei em pânico, liguei para a escola e nada, pensei que a família biológica a tinha descoberto e a tinha vindo buscar... fui ver os movimentos do cartão e ainda não tinha saído... fui a correr à escola e soube que ela tinha ficado mais um pouco com a professora do ensino especial até fazer um exercício! Não ganhei para o susto, mas ganhei mais confiança nela, em mim e na escola, ela sabe que se desconfiar que alguém a segue deve entrar logo no café ou loja mais próxima e dizer a quem lá está, sabe que deve sempre ir pela rua principal... Se continuo com medo? Sim, se ela continua a ir para a escola sozinha? Sim.
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De Marta Pinto a 24.09.2014 às 12:37

Como mãe o meu coração pende mais para a posição da Teresa, é quase inevitável querermos adiar estes marcos e assim ter que lidar com os nossos receios, a que somamos o facto de recearmos que os nossos filhos também sintam medo, não estado portanto preparados... Mas pondo o coração um pouco de lado tenho que concordar com o João ou caso contrário daremos por nós a adiar infinitamente esse dia e a privar os nossos filhos do crescimento e das coisas positivas que daí virão.

As minhas filhas em idade escolar têm menos de dois anos de diferença, hoje uma com 12 e outra com 11. Este tema começou a ser falado cá em casa quando a mais velha foi para o 5 ano, numa escola muito perto de casa. Ao início coordenávamos entre nós pais, e a ajuda dos avós, o acompanhar a nossa filha nas idas e vindas da escola mas rapidamente ela mesma foi dando sinais que o faria bem sozinha. Já não queria companhia até ao portão e enxutava o pai com um breve "podes ir"... E que nós interpretamos como "estou bem, podes ir descansado!" Em menos de nada percebemos, eu mais reticente, de que ela faria bem, sozinha, o percurso da escola.

A filha do meio teve a "sorte", o ano passado, de fazer este mesmo percurso quase sempre na companhia da mana mais velha. Este ano os horários estão menos coincidentes e demo-nos agora conta que a mais nova tem uma série de medos relacionados com a ida para a escola.
Antecipando um pouco a conclusão, para mim Isto de vê-los rendidos ao medo dói mais do que pôr o coração ao largo e dar-lhes as asas necessárias para crescerem confiantes e autónomos.
Bem sei que há outras razões também relacionadas com temperamento mas não será de certeza alheio o facto de lhe ter sido "facilitado" o caminho, literalmente falando...

Presumo que seja importante para a Teresa receber esta percepção de que "está tudo bem..." e esta, para nos assentar bem, não pode ser só fruto do que é lógico e nos parece o mais acertado.
Uma aproximação gradualmente autónoma à ida para a escola pode assim ser uma forma de ganhar a confiança necessária e criar espaço para percebermos que, afinal, está tudo bem.
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De Ana Rita Sá Pimentel a 24.09.2014 às 12:28

Para mim resume-se ao que a APSI anda a pregar há muitos anos: «Não podermos pôr as crianças dentro de redomas. Uma criança que não corre riscos não aprende os riscos que pode correr [mais tarde]. Hoje, temos crianças superprotegidas na área do brincar, não têm autonomia e não são responsáveis. São analfabetos do corpo.»
Eu também passei dias imensos na rua, sózinha e com amigos, uns melhores outros piores, e (curiosamente!!!) raptos, pedofilia e afins já existiam...não havia era telemóveis e internet portanto a divulgação dos acontecimentos era mt diferente....
Ainda cá estou, há 48 anos ;)
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De Sílvia a 24.09.2014 às 12:07

Concordo completamente consigo.

E se eu fosse sua mulher não ficava nada chateada ou magoada por falar disso aqui, até porque acredito que antes de falar nisto aqui, já ambos conversaram, isto será apenas a continuação da vossa conversa, aberta aos leitores, para nós podermos opinar.

Vou tentar novamente pedir-lhe se achar pertinente abrir uma nova discussão, "quando é que eles devem ir para a pré-escola/creche/infantário"? Sendo que o meu de um ano tem a sorte de poder ficar com os avós. Para quem tem essa possibilidade, qual a melhor altura para os colocar na escola? Eu estou a pensar na pré aos 3, o meu marido, da velha guarda (fomos para a escola na altura que só se ia aos 6 anos para a primária) acha demasiado cedo (acha melhor aos 4 anos), porque afinal ele vai passar quase 20 anos fechado na escola... Não sei, se puder e quiser abrir essa discussão podia-me elucidar!
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De maria Gantes a 24.09.2014 às 11:58


Concordo plenamente, vivemos uma fobia de segurança com as nossas crianças, como se viver não fosse também aprender a correr riscos. Com que idade começámos nós a ir para a escola sózinhos? Eu vivia nas avenidas novas, e aos 8 anos (i.e há 38 anos atrás), pedi à minha mãe para me deixar vir sózinha com os meus colegas...era quase a unica que ficava à espera que me viessem buscar à porta da escola (e na altura tinhamos de atravessar a a estação do Rego)...quantos colegas encontramos no caminho para a escola?, e a importância que é termos essa autonomia e gozarmos do poder de desfrutar do nosso próprio tempo? Perigos, os pais servem também para nos alertar para os mesmos: não aceitar boleias, não atravessar com o sinal vermelho, não dar conversa a desconhecidos (o que não significa fugir de qualquer conversa que possam ter connosco!!)
Assusta-me que hoje em dia até metermos conversa com uma criança pode ser considerado um ato suspeito, dizia-me no outro dia um colega que neste momento tinha "medo" de falar com uma criança numa paragem de autocarro,por ex, porque poderia ser interpretado como uma aproximação pedófila...faz sentido?
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De mãe de coração a 24.09.2014 às 11:44

Achei muito interessante este post e o debate que dele surge! Enquanto "mãe recente" estou sempre em busca de segundas e terceiras opiniões sobre tudo o que à educação de um filho diz respeito.
Concordo que existem muitos perigos no mundo, hoje talvez mais que em épocas passadas devido ao acesso fácil à informação, mas a realidade é essa mesma de que falavam, não há milagres e ninguém está 100% seguro. Resta ao comum dos mortais preparar-se da melhor forma que é capaz, e preparar os jovens no mesmo sentido.

Gostaria, ainda, de deixar aqui uma observação, se me é permitido!
Diariamente se vê os pais a acompanhar os filhos até à porta da escola (alguns, se lhes permitido, iriam até à sala de aula), no entanto, são esses mesmos pais que deixam os filhos no sábado à noite à porta do Centro Comercial para saírem com os amigos ou mesmo no centro da cidade para "baterem perna" pelos bares! E sim, a tudo isto tenho assistido ao longo dos anos. Falam no direito à liberdade, quando questionados. E eu pergunto-me ... será que não há aqui uma contradição muito grande? Porque não é seguro o meu filho ir sozinho para a escola ou brincar na rua, mas é seguro deixá-lo no Centro Comercial com os amigos para uma "noite de cinema"?
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De Teresa Power a 24.09.2014 às 11:51

É isto mesmo que eu tenho estado a pensar para comigo ao longo da leitura destes dois posts e dos respectivos comentários! Ora aí está a imensa contradição da nossa sociedade! O meu marido trabalha na universidade e acha imensa graça às filas, por esta altura do ano, de papás e mamãs a matricular os filhos... que daí a poucos dias estarão a cair com bebedeiras às portas das discotecas!
Concordo 100% com a posição do João, que é a nossa cá em casa.
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De Anónimo a 24.09.2014 às 11:59

Concordo.
Há pais que no extremo, se pudessem levavam os filhos até dentro das salas e aulas - na primária da minha filha fazem isso, apesar de os professores pedirem para não o fazer, é uma escola pequena "estilo familiar"...
Eu deixo a minha filha (7 anos) à porta e vejo-a entrar. Só saio do carro se tiver necessidade de um recado, de ver o painel onde se fixam recados, ou assim.
Mesmo na secundária do meu filho, os pais estacionam o mais perto possível do portão, com a confusão que isso acarreta, mas não ficam à espera no carro... não, vão por-se a pé à porta à espera que o/a filhinho/a saia, pegam-lhe na mochila e lá vão para o carro. Falo de miudos de mais de 12 anos!
Mete-me confusão, pronto
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De Conceição M. a 24.09.2014 às 15:16

Olá Teresa
Acho que trabalho no hospital em frente à Universidade em que trabalha o seu marido - os "piquenos" que caiem à porta das discotecas com bebedeiras muitas vezes vêm aqui parar à Urgência e é ver a preocupação deles em assegurarem-se que os pais não vão saber... Mas são esses mesmos rapazes / raparigas que quando é necessário tratar de coisas de responsabilidade, como as matrículas na universidade, agradecem o apoio dos pais.
Se não estou em erro, a Teresa também é professora - é habitual, hoje em dia, os pais irem matricular os filhos, a reuniões de EE, falar com o/a DT... Quando eu entrei no 1º ano do ciclo preparatório (atual 5º ano), num colégio em Lisboa, o meu pai foi lá matricular-me e acho que, até eu sair de lá, concluído o 12º ano, nunca mais lá pôs os pés: eu é que levava o cheque e ia à secretaria pagar as mensalidades e sabia que tinha de trazer o recibo, ia ver as notas, fazia as inscrições... quando entrei na faculdade, eu é que me fui informar como era e o que é que tinha de fazer...Isso acontecia não por eu ser particularmente diligente ou autónoma ou por os meus pais serem particularmente omissos - as coisas eram assim e pronto! Não me lembro de os pais das minhas amigas andarem lá pelo colégio - aliás, era mau sinal quando isso acontecia!
Mas neste período de 30 e tal anos o relacionamento pais / filhos mudou muito (se calhar umas coisas para melhor e outras nem por isso...). E os pais de hoje (enfim, nem todos...) fazem um acompanhamento muito mais próximo aos filhos - e lá está, às vezes mesmo sem querer, mais do que devíamos!
Não fui para a fila da universidade com o meu filho - mas ele lá me foi ligando para ir confirmando algumas coisas :) e deu-me logo o código de acesso dele para aceder ao portal da universidade e verificar os pagamentos das propinas e esse tipo de coisas :)
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De Teresa Power a 24.09.2014 às 15:25

Bem, Conceição, podemos concluir que ensinar a ser responsável é uma grande tarefa, e nada fácil! Onde devemos impôr limites e onde devemos dar liberdade? Bela pergunta! E aí entre o seu trabalho e o do Niall há muito para explorar! Acho que é muito pertinente discutir este assunto da liberdade, aos dez anos como aos vinte... Ab Teresa
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De Conceição M. a 24.09.2014 às 14:05

Olá mãe de coração!
Não sei se poderá fazer essa "ligação direta" entre os pais deixam os filhos à porta da escola e os que os deixam no sábado à noite sair para irem aos bares. Eu deixei sempre o meu filho na escola até ao 12º ano (e continuo a deixar a minha filha) - não por quaisquer eventuais receios, mas porque a escola fica longe de casa e porque fica no caminho do meu emprego. Quando eles mudaram de escola - ainda mais distante de minha casa mas perto do emprego e de casa dos avós - aí sim começaram a ir a pé para casa dos ditos avós (no 7º ano), para as aulas de Inglês...
As saídas à noite são outros 500!!! Certamente merecedoras de comentadíssimos posts no PD4 daqui a uns (não muitos) anos.
Parece-me a mim que os pais verdadeiramente receosos de, por exemplo, deixarem os filhos ir para a escola sózinhos (os que residem efetivamente próximos) ou ir para alguma atividade próxima da escola ou coisa do género, não digo com 10, mas com 12 ou 13 anos, não acho que sejam esses que vão deixar os filhos à porta do CC para dar um giro pelos bares...
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De mãe de coração a 24.09.2014 às 14:58

Olá Conceição M.,
De modo algum pretendia ou pretendo julgar quem quer que seja pelas opções que tomam. O levar os filhos à escola, independentemente das idades, deriva de diversos factores, quanto a isso nada a dizer.
O que me faz confusão é a dualidade aplicada à segurança. Há pais ultra exigentes no que respeita à rotina diária e menos no que respeita ao divertimento e "liberdade" no convívio com os amigos.
E eu referia-me sim a pais de miúdos de 12, 13 anos que circulam livremente no CC e até mesmo nas noites da cidade (ou melhor, na cidade onde vivo). Facto que constatei presencialmente e que tive oportunidade de confirmar junto de pessoas da família a quem os filhos foram, por diversas vezes, convidados para "sair" sem qualquer acompanhamento de adultos.
Acredito que não sejam a regra, mas o facto é que existe e a mim, pessoalmente, faz-me confusão!
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De Conceição M. a 24.09.2014 às 15:41

Sim , eu compreendi.
Aqui na cidade onde vivo também constato que jovens de 12 /13 já começam a sair à noite, sózinhos (no sentido de não ser com os pais), pela zona dos bares - matéria para discussões futuras aqui no blogue :)
O que me parece é que os pais que assim permitem (sem qualquer julgamento da minha parte) não serão os mesmos que receiam deixá-los ir sózinhos para a escola - não acredito muito que uma mãe que, morando próximo da escola, não deixa a filha de 12 anos ir a pé, sózinha, para a dita, porque tem medo das travessias de rua. ou que abordem a criança, ou que ela se perca, ou...e depois ao sábado à noite, sem a mínima preocupação, deixa o rebento ir com as amigas sair e dar uma voltinhas pela zona dos bares...
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De Anónimo a 24.09.2014 às 11:44

Ontem numa reunião da escola da minha filha, lembrei-me do pd4, numa perspectiva diferente, mas também relacionada com a protecção "a mais" dada às crianças, vários pais reclamaram de situações em que eu questionei (para mim) se estaria a ser demasiado "leviana" e "má mãe" por não ver o problema:
1- o motorista da carrinha escolar mudou. O senhor é conhecido, credenciado para tal e não se conhecem problemas com ele. Para muitos pais, é inadmissível porque este senhor não conhece as crianças (vai passar a conhecer!), não sabe os seus nomes (só as vai transportar!), não terá os mesmos cuidados (porquê?). Isto deu azo a manifestação junto à Junta de Freguesia - é a Junta que trata do transporte.

2 - quando da ida à piscina (uma vez por semana) são as funcionárias da câmara que asseguram a ida das crianças (também em transporte camarário). Nova manifestação porque tinham de ser as funcionárias da escola (que têm outros afazeres e horários), porque são as únicas que conhecem bem os meninos (as outras passam a conhecer, não?)
Note-se que nunca houve problema com nenhuma destas pessoas...

3 - quando vão às piscinas devia haver quem assegurasse que os meninos, e em especial as meninas, devido aos cabelos geralmente maiores, tomam bem banho, incluindo lavar o cabelo com shampo e retirar bem o mesmo. (a sério? isso teria de ser uma funcionária para cada criança, ou quase... Depois, em casa, damos banho novamente e não é por passarem umas horas com o cabelo menos bem lavado que vão ficar carecas!)

Com isto 4 meninos/as não vão à piscina. De notar que nenhuma delas tem sequer a possibilidade de participar nesta ou em outra actividade de forma particular, com os pais, logo ficam privadas de o fazer.

Enquanto via os ânimos exaltados por estas coisas, que para mim não constituem problema, cheguei a pensar que o problema sou eu!

Tanto que com o meu filho mais velho, que joga futebol já fui muitas vezes criticada por o deixar jogar quando chove!!!! Quem dizer, é um desporto ao ar livre, com as devidas precauções joga ao sol, à chuva, com frio....
Raramente fica doente.
Por vezes magoa-se. Felizmente nunca partiu nada, mas fica lesionado, tem de fazer tratamentos musculares ou lá o que os clubes fazem.
Também sou má mãe porque deixo o meu filho praticar um desporto onde se pode magoar.
Mais, tenho coragem de ir ver os jogos (quando posso) e ele ser derrubado e eu não invadir o campo! Claro que fico aflita, a olhar para o rosto dele e de quem o assiste para perceber a gravidade... mas é o desporto dele, a paixão dele.
Vou mete-lo em casa, rodeá-lo de almofadas para não se magoar?

Sei que não tem a mesma dimensão do andar sozinha, mas são tudo questões que antigamente (parece) que nem se punham - íamos a pé para a escola, brincávamos na rua ao sol e à chuva..., e hoje em dia nos angustiam tanto. Não será porque temos sempre alguém pronto a apontar-nos o dedo quando algo acontece? Sempre pronto a dizer "bem te avisei?"...
Não sei... e espero nunca vir a descobrir...
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De Teresa A. a 24.09.2014 às 12:34

Entao eu também sou uma mae muito má, porque estou plenamente de acordo com aquilo que escreve.

No infantário da minha filha assisti a conversas de duas maes (em ocasioes distintas) com uma das educadoras. Em ambos os casos era sobre desejos especiais para a crianca, do género de "A Mariella ontem chegou a casa a cair de sono porque nao dormiu no infantário à hora que devia". Ou queixas de que a filhinha chegou a casa com a roupa toda suja/molhada.
Tenham dó! Temos 3 educadoras para um grupo de 17 criancas dos 9 meses aos 6 anos. Os mais pequenos, que fazem sestas, dormem num quarto comum.
Ê pá, se querem que a criancinha seja tratada de maneira especial, fiquem com ela em casa ou metam numa ama (notem que vivo na Alemanha e a malta aqui tem dinheiro suficiente para isso, além de que o infantário é grátis a partir dos 3 anos).

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De Fernanda a 24.09.2014 às 12:41

Como eu a entendo. :)
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De Patricia C. a 24.09.2014 às 13:13

Uma vez numa reunião no atl alguns pais (de miudos de 5º e 6º ano) disseram que não permitiam que os filhos fossem de autocarro da Carris fazer uma visita de estudo acompanhados por 3 monitores porque iam muitas pessoas estranhas dentro do referido autocarro!
E ainda hoje tenho amigas cujos filhos de 13/14 anos não têm autorização para irem sozinhos para a escola que fica a 10 minutos de distância a pé nem sequer à padaria que é ainda mais perto!
Isto faz-me muita confusão e muitas vezes achei que era uma espécie de ave rara porque os meus filhos vão sozinhos para a escola, porque a minha filha apanha o autocarro para ir ter com as amigas ao centro comercial, porque já a deixei ir sozinha a vários concertos (sendo que na hora da saida estou lá para a ir buscar), porque o meu filho sai de casa de manhã para ir brincar com os amigos na rua e só volta para almoçar e depois de despachar os tpc's volta a sair e só quando os vamos chamar para jantar é que voltam!
Lembro-me que quando era miuda e a minha mãe tinha de se ausentar durante vários dias e o meu pai morava longe, eu e os meus irmãos passavamos os dias todos na rua e só voltavamos às 18 horas porque a essa hora a minha mãe ligava para saber se estava tudo bem :) E passados 20 e muitos anos ainda andamos aqui...
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De Sílvia Correia a 24.09.2014 às 14:29

Como eu me identifiquei com o seu comentário. Gostei muito!
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De Anónimo a 24.09.2014 às 14:44

Obrigada, por me fazerem sentir uma mãe normal!
É que por cá sou vista como mãe "muito desprendida" (leia-se má e sem responsabilidade).
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De Carla Maia a 24.09.2014 às 11:35

Olá João

Se fosse a sua mulher sentiria-me magoada, porque pareceu-me um desabafo de uma discussão mal resolvida. Compreendo a questão pertinente do excesso de proteção a que habituamos as nossas crianças, mas o João sabe também que o mundo mudou, como também no seu tempo, o "seu mundo" era diferente dos seus pais e dos seus avós.
E as mudanças são sempre dificeis de aceitar. Era bom que hoje as crianças pudessem brincar cá fora e jogar bola na rua. Era bom que as crianças soubessem partilhar. Era bom ter as mães em casa, exclusivamente dedicadas aos filhos e à casa.
Mas sabe que isso, na maioria dos casos não é possível, por isso, ou temos uma consciencialização global e mudamos as coisas, ou adaptamo-nos.
E se sugerisse à sua mulher, em vez de expressá-lo no seu blog, de levar a sua filha à escola a pé durante uma semana, na segunda semana, ia a segui-la e na terceira semana, caso a adaptação fosse boa, iria sozinha.
Se a sua filha mudou de escola, é natural que se sinta ansiosa e a sua mulher também.
Uma coisa estou certa, os homens e as mulheres pensam e sentem as coisas de forma diferente, e isso nunca vai mudar, mesmo que o mundo vire do avesso. Na natureza as mães protegem e os pais desafiam os filhos:)
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De Anónimo a 24.09.2014 às 11:45

Ora aí está um bom tema para discussão: era bom as mães ficarem em casa a tomar conta dos filhos e da casa.
Eu, filha de uma mãe muito dedicada que ficou em casa a tratar dos filhos e da casa, não podia discordar mais. Visceralmente mesmo.
Talvez o JMT e a Teresa possam criar um post sobre isso, um dia.
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De Anónimo a 24.09.2014 às 11:54

Eu também não concordo com essa parte.
Concordo sim, que era bom a mãe (ou o pai) ter essa opção.
Sou mãe trabalhadora e não me imagino de outra forma, mas claro que gostaria de ter mais tempo para a casa, marido e filhos, mas isso já outro tema - os nossos horários de trabalho!
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De Anónimo a 24.09.2014 às 11:48

Por acaso nem sempre é assim.
Cá em casa eu (mãe) sou o "João" e o meu marido (pai) é a "Teresa".
Eu tento dar asas, com os devidos cuidados e incutindo responsabilidades, ele tenta proteger o máximo que conseguir.
Juntos, completamo-nos e tentamos fazer o melhor pelos nossos filhos.
Este texto podia ser escrito por mim. Se ele iria ficar magoado? Certamente não, se eu tivesse um blogue onde fosse normal partilhar as histórias da vida doméstica, os medos e conquistas de um casal com filhos. Afinal, não é o objectivo deste blogue?
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De Carla Maia a 24.09.2014 às 12:12

Com as devidas alterações, na sua maioria, no reino animal, o instinto maternal é diferente do macho e da fêmea.
Também se fala que no geral, existem pais que protegem de mais os filhos, mas há outros que não. Pelo que quando se generaliza cai-se no erro de não abranger determinadas pessoas e particularidades, como o seu caso e de muitos outros.
As mulheres e os homens têm tendencialmente ligações no cérebro que se efetuam de forma diferente, por isso (na generalidade) as mulheres comunicam melhor as emoções, gostam de resolver discussões e temos pior orientação que os homens...
Acho optimo que o casal se complem, porque ai o equilibrio da criança é fantástico.
Quanto ao texto, eu ficaria aborrecida, porque não me pareceu um post engraçado ou de discussão de uma problemática (que não deixa de o ser), pareceu-me um post diferente dos habituais, um pouco para ter aceitação de uma ideia, em que não houve consenso familiar. Mas isso era como eu me sentiria. A Teresa certamente não acha o mesmo...
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De Teresa A. a 24.09.2014 às 12:36

Só nao concordo porque, conhecendo a Teresa e o Joao e lendo este blog desde o princípio, sei bem que o Joao é cao que ladra mas nao morde e acaba sempre por fazer o que a Teresa quer (veja-se o post do Piódao).
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De Mara a 24.09.2014 às 16:19

"Era bom que hoje as crianças pudessem brincar cá fora e jogar bola na rua".

E não podem porquê? Que perigos existem hoje que não existiam há 30 anos, que impedem as crianças de jogar à bola? Não me digam que são os carros. Já havia carros quando eu era pequena. E muito menos consciência cívica a conduzir, diga-se. A rua onde cresci e me fartei de jogar à bola estava sempre cheia de crianças. Agora não se vê nenhuma e continua a haver várias no bairro. Nada de fundamental mudou a não ser as cabeças dos pais.

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De Conceição M. a 24.09.2014 às 16:58

O problema de jogar à bola na rua são exatamente os carros... mas numa perspectiva diferente! Há 30 anos e tal anos atrás nós, os miúdos íamos todos brincar para a rua - tinhamos uma espécie de praceta onde estacionavam "meia duzia de carros" e onde o movimento de carros era reduzido e dava para se jogar à bola, às apanhadas, às escondidas, fazíamos fogueiras no Santo António...Hoje em dia, essa mesma praceta (a minha mãe continua a morar aí) está lotada de carros: nos locais próprios para estacionar, em cima de tudo quanto é bocadinho de passeio, atrás dos carros que se sabe que os donos não saiem ou saiem mais tarde... acho que agora nem para jogar ao berlinde, quanto mais à bola :)
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De Patricia C. a 24.09.2014 às 17:32

No sitio onde moro quase todos os prédios têm pátio e quase todos os prédios têm crianças mas nem por isso se vê crianças a brincar... Por isso acho que é mesmo por medo dos pais e não por terem medo dos carros ou não terem espaço para brincar por causa dos carros.
No prédio onde moro foi uma luta conseguir que não proibissem os miudos de brincar no pátio porque havia um morador que dizia que não conseguia descansar ao fim de semana com o barulho... Só desistiu porque um dia me lembrei de por 2 dos miudos a bater com a bola no chão da sala durante 10 minutos (isto às 11 horas da manhã de um sábado) e quando ele veio refilar respondi-lhe que já que não podiam jogar no pátio tinham de jogar em casa...
Nessa tarde os miudos foram para o pátio e já ninguém refilou :)
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De Anónimo a 25.09.2014 às 09:26

É bem verdade, que hoje em dia em nome de medos, perigos e tudo mais, não se deixam as crianças serem crianças e chega a um certo ponto que elas proprias não sabem se-lo.
Aind abem que aqui na minha zona ainda se brinca na rua, com a devida advertencia de "encosta à beirinha sempre que vires um carro".
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De Carla Maia a 25.09.2014 às 15:14

Não existiam o mesmo nº de carros, nem as mesmas vias. As velocidades também são outras.
Todos os anos os atropelamentos aumentam, basta consultar as estatisticas. Não vou falar desde os anos 80, isto é há 30 anos, porque ficaria espantada com os números, mas só desde 2007, os atropelamentos aumentaram 36%.
Na minha rua não dá para jogar à bola, porque não existe um segundo sem carros, a não ser de madrugada quando as crianças estão a dormir e os passeios são mínimos.
Eu sou a favor de dar liberdade às crianças e responsabilização, mas há coisas que mudaram e não foi só a cabeça dos pais. É a cabeça da sociedade, aquilo que procuramos, que é chegar rapido a todo o sitio, trabalhar até às 7 ou 8 da noite e passar apenas uma hora por dia com os filhos.
Mas se tem o privilegio de viver num bairro, onde as crianças podem jogar à bola na rua, sem estarem confinadas a um passeio mínimo, acho que poderia promover isso mesmo. Intervir na sociedade para a tornar melhor. Se tiver filhos incentivá-los a jogar cá fora.
Aquilo que eu disse foi que as coisas mudaram e acho que não foi só o levar as crianças à escola ou o jogar na rua.
Todos evoluimos, não estagnamos no tempo...
Se eu acho que os pais são muito preocupados hoje, acho, imenso e que tal faz mal à crianças, sim. Que os pais hoje também não sabem dizer que não e que estão muito cansados no final do dia para educar e para partilhar.... sim, acho... E conheço pais, nos quais eu me incluo, que tentam fazer diferente, para mudar aquilo que acham que não está correcto.
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De Anónimo a 24.09.2014 às 11:22

Eu acho que cada criança é uma criança e cada família uma família.
O que pode ser válido para uns não é certamente para outros, devido à personalidade dos envolvidos (criança e pais), à distância, ao trajecto a percorrer, ao local.
Não acredito que haja uma idade certa, apenas um conjunto de circunstâncias que façam com que seja aquela a idade certa, para aquela criança e aquela família.

Tentamos protege-los de tudo e de todos, mas isso não é possível nem recomendável, pois corremos o risco de ter crianças (e futuros adultos) com medo da própria sombra.

Para mim, o facto dos "lobos" serem agora mais publicitados deve encorajar a responsabilidade, a atenção e não a protecção extra.

Devemos alertar os nossos filhos, torná-los responsáveis e capazes de lidar com as variadas situações e não é andando com eles "nas palminhas" que isso acontece.

Considero-me uma pessoa atenta e informada, o meu coração de mãe é como o de outra mãe que fica apertadinho quando um dos meus pássaros voa mais longe, mas quando regressa ao ninho contente porque foi capaz, o meu coração fica radiante com o dever cumprido.

Deixar crescer um filho é, antes de mais, crescermos nós primeiro. E não é fácil!

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