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Vamos então à resposta da questão de ontem, que tenho de admitir ser mais difícil de acertar do que a derradeira pergunta do Quem Quer Ser Milionário. Então, isto...
...é a antecâmara disto:
E isto, para além de borrachas entrançadas de forma altamente foleira e mais ou menos caótica, merecia, como é óbvio, mais uma pergunta sobre o que raio é, já que não se percebe nada. Mas estejam descansados, caros leitores, que eu não tenho vocação para Miss Marple, e portanto dou já a resposta.
Isto é... um Pou.
Claro que isto merecia, como é óbvio, mais uma pergunta sobre que raio é um Pou. Mas estejam descansados, caros leitores, que eu não tenho vocação para Hercule Poirot, e portanto dou já a resposta.
Um Pou é isto:
E isto merecia, como é óbvio, mais uma pergunta sobre que raio é isto. Mas estejam descansados, caros leitores, que eu não tenho vocação para Sherlock Holmes, e portanto dou já a resposta, prometendo não continuar a escrever sempre as mesmas frases, mudando apenas o nome das personagens dos policiais.
O Pou é um jogo foleiríssimo para tablets e telemóveis, que recupera a saudosa (not) figura do Tamagotchi, uma das mais irritantes invenções de todos os tempos.
Os seus criadores garantem tratar-se de um diminutivo de batata ("potato", se ainda bem se recordam das aulas de inglês), daí ser castanho. Mas eu não acredito lá muito nisso. Acho simplesmente que o nerd que inventou esta treta estava a gozar connosco e quis fazer uma declinação do clássico "Poo", que como todos sabemos significa, em linguagem anglo-infantil, "cocó".
O Pou é muito mais parecido com este Poo...
...do que com uma batata.
Mas enfim: seja ou não um jogo subversivo, a verdade é que os miúdos parecem adorar jogar aquela treta. E inclusivamente, quando eu pedi à Carolina para tirar uma foto ao seu Pou para mostrar no blogue, ela pediu-me desculpa por ele estar "com sono".
Qual é a moral desta história? A moral desta história é que eu estou velho e o mundo infanto-juvenil tem uma dinâmica própria, que me passa completamente ao lado.
Eu comecei por perguntar à Carolina que raio era aquilo que ela estava a fazer com dois garfos, e a partir daí fui sugado para um mundo que mete tutoriais de elásticos em espanhol e jogos de computador bastante estúpidos.
Esta mistura de quatro filhos e, entre os filhos, uma pré-adolescente a nascer, vai-me empurrado cada vez mais para fora dos seus campos de interesse. Tudo me passa tão ao lado, que nunca antes tinha sido apresentado ao Pou (estou certo que a excelentíssima esposa vai dizer que conhece o Pou e toda a sua família). Não pensem, no entanto, que isto é uma queixa: adoro que eles vão procurando as suas próprias coisas para se entreterem fora das asas dos pais.
Claro que preferia que não fossem Pous com pinta de cocó nem a p**** da praga das pulseiras, que hoje em dia já se desdobram nas mãos da Carolina por coisas como símbolos da paz...
...ou moranguinhos.
Mas, enfim, é a vida deles. E é bom que à medida que crescem comecem a conquistar os seus próprios territórios, que não foram herdados dos pais. Territórios onde somos nós, e não eles, que temos de bater à porta para entrar. São territórios um bocado parvos, é certo. Preferia que a Carolina estivesse a introduzir-me à música barroca do que ao entrelaçamento das borrachas coloridas. Mas são territórios só deles, que eles dominam muito melhor do que nós - e os miúdos precisam disso.
Freud certamente explicaria: é a própria indivualidade de cada um que se está a construir, à medida que que os nossos campos de interesses deixam de colonizar os deles. A Carolina começa a fazer coisas que eu não sei o que são, nem me interessam. Chama-se a isso autonomia e independência. As mamãs costumam ter um bocado de medo disso. Mas eu gosto - as pulseiras estúpidas são toda uma ponte para um novo mundo.