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Quem adivinha o que é isto? - A resposta

por João Miguel Tavares, em 27.05.14

Vamos então à resposta da questão de ontem, que tenho de admitir ser mais difícil de acertar do que a derradeira pergunta do Quem Quer Ser Milionário. Então, isto...

 

 

...é a antecâmara disto:

 

 

E isto, para além de borrachas entrançadas de forma altamente foleira e mais ou menos caótica, merecia, como é óbvio, mais uma pergunta sobre o que raio é, já que não se percebe nada. Mas estejam descansados, caros leitores, que eu não tenho vocação para Miss Marple, e portanto dou já a resposta.

 

Isto é... um Pou.

 

Claro que isto merecia, como é óbvio, mais uma pergunta sobre que raio é um Pou. Mas estejam descansados, caros leitores, que eu não tenho vocação para Hercule Poirot, e portanto dou já a resposta.

 

Um Pou é isto:

 

 

E isto merecia, como é óbvio, mais uma pergunta sobre que raio é isto. Mas estejam descansados, caros leitores, que eu não tenho vocação para Sherlock Holmes, e portanto dou já a resposta, prometendo não continuar a escrever sempre as mesmas frases, mudando apenas o nome das personagens dos policiais.

 

O Pou é um jogo foleiríssimo para tablets e telemóveis, que recupera a saudosa (not) figura do Tamagotchi, uma das mais irritantes invenções de todos os tempos.

 

Os seus criadores garantem tratar-se de um diminutivo de batata ("potato", se ainda bem se recordam das aulas de inglês), daí ser castanho. Mas eu não acredito lá muito nisso. Acho simplesmente que o nerd que inventou esta treta estava a gozar connosco e quis fazer uma declinação do clássico "Poo", que como todos sabemos significa, em linguagem anglo-infantil, "cocó".

 

O Pou é muito mais parecido com este Poo...

 

 

 

...do que com uma batata.

 

Mas enfim: seja ou não um jogo subversivo, a verdade é que os miúdos parecem adorar jogar aquela treta. E inclusivamente, quando eu pedi à Carolina para tirar uma foto ao seu Pou para mostrar no blogue, ela pediu-me desculpa por ele estar "com sono".

 

Qual é a moral desta história? A moral desta história é que eu estou velho e o mundo infanto-juvenil tem uma dinâmica própria, que me passa completamente ao lado.

 

Eu comecei por perguntar à Carolina que raio era aquilo que ela estava a fazer com dois garfos, e a partir daí fui sugado para um mundo que mete tutoriais de elásticos em espanhol e jogos de computador bastante estúpidos.

 

Esta mistura de quatro filhos e, entre os filhos, uma pré-adolescente a nascer, vai-me empurrado cada vez mais para fora dos seus campos de interesse. Tudo me passa tão ao lado, que nunca antes tinha sido apresentado ao Pou (estou certo que a excelentíssima esposa vai dizer que conhece o Pou e toda a sua família). Não pensem, no entanto, que isto é uma queixa: adoro que eles vão procurando as suas próprias coisas para se entreterem fora das asas dos pais.

 

Claro que preferia que não fossem Pous com pinta de cocó nem a p**** da praga das pulseiras, que hoje em dia já se desdobram nas mãos da Carolina por coisas como símbolos da paz...

 

 

 ...ou moranguinhos.

 

 

Mas, enfim, é a vida deles. E é bom que à medida que crescem comecem a conquistar os seus próprios territórios, que não foram herdados dos pais. Territórios onde somos nós, e não eles, que temos de bater à porta para entrar. São territórios um bocado parvos, é certo. Preferia que a Carolina estivesse a introduzir-me à música barroca do que ao entrelaçamento das borrachas coloridas. Mas são territórios só deles, que eles dominam muito melhor do que nós - e os miúdos precisam disso.

 

Freud certamente explicaria: é a própria indivualidade de cada um que se está a construir, à medida que que os nossos campos de interesses deixam de colonizar os deles. A Carolina começa a fazer coisas que eu não sei o que são, nem me interessam. Chama-se a isso autonomia e independência. As mamãs costumam ter um bocado de medo disso. Mas eu gosto - as pulseiras estúpidas são toda uma ponte para um novo mundo.

 

publicado às 10:25


5 comentários

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De Polliejean a 28.05.2014 às 09:59

Ora eu não acho isto das pulseiras assim tão parvo. Vamos a ver, a moda em si é parva, sim. Mas aquilo que lhes ensina (agilidade de mãos e gosto pelas manualidades) pode, mais tarde, vir a desenvolver competências manuais interessantes e dar em hobbies bem mais salutares do que passar horas em frente ao computador. A minha filha ainda é pequena e não tem a destreza de mãos para conseguir fazer as pulseiras (ela bem tentou, coitada), mas eu ficava muito contente se ela (se fosse mais velha) conseguisse ir para além das pulseiras e ser criativa ao ponto de fazer símbolos da paz, morangos e até Pous!
É uma moda bem mais interessante do que... por exemplo, a parvoíce da Violeta que não é mais do que Morangos com Açúcar para crianças pequenas. Aquilo ensina o quê? No entanto, todas as miúdas de 5 anos da escola da minha filha passam o tempo a cantar as músicas da Violeta...
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De Carolina Maria a 27.05.2014 às 15:03

Hoje, na crónica "Você vê... Eu explico" do Dtr Quintino Aires, o tema recaiu sobre estes famosos elásticos e o que se pode fazer com eles (principalmente as pulseiras)... Esta moda que vai desde crianças de pré-escolar, até aos seus pais.
Quanto ao Pou, tenho a dizer-lhe que, no meu tempo, adorava brincar com o Tamagotchi. Agora, com os Tablets, compreendo que eles adorem o Pou. Se no meu tempo gostávamos tanto dos Tamagotchi que eram tão pequeninos e a preto e branco como é que, nos dias de hoje, eles não hão-de gostar do Pou?!
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De Sn a 27.05.2014 às 14:16

Ah, ah, ah!
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De Joana a 27.05.2014 às 13:37

Um Pou em elásticos é muito bom!
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De anónimo a 27.05.2014 às 12:01

Acho que está a pensar (e a sentir) muito bem, JMT!!!
Digo isto do alto da minha experiência de mãe de uma jovem adulta. Ou seja, já passei por essas fases equivalentes às das pulseiras e afins (no nosso tempo houve mesmo a do verdadeiro Tamagotchi - que ela felizmente nunca chegou a ter porque preferimos dar-lhe um cão a sério). E sei onde é que elas vão dar - à descoberta de que gostar de ter filhos é muuuuito mais do que gostar de bebés. É, acima de tudo, gostar de criar uns laços muito especiais com alguém que num piscar de olhos é um adolescente, um jovem, um adulto. Que pensa pela sua própria cabeça, pois claro! E aí há tanta coisa boa para descobrir!
Eu sei que está a brincar (quer dizer, acho) quando diz que preferia que a Carolina estivesse a introduzir-lo à música barroca. Mas, agora a sério, vai ver o prazer que é quando ela (eles, cada um no seu tempo) lhe começarem a dar conselhos (não estou a ser irónica), quando o ajudarem, consciente e deliberadamente, a ver o mundo de maneiras de que o JMT antes nem suspeitava. Porque não são A nem B, antes pelo contrário. A vida torna-se muito mais sofisticada, com muitas camadas. Se não os tivéssemos, penso eu, seríamos muito mais a preto e branco.
Em certos momentos, dá-se também o caso de passarem a ser os campos de interesses deles que colonizam os seus. Parece assustador? Não é tanto como parece! É mais tipo: ponham os cintos e... enjoy the ride!

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