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Sobre a tolerância

por João Miguel Tavares, em 16.10.14

A Teresa Power faz uma observação pertinente sobre a tolerância nos comentários a este post:

 

João, um pequeno - mas importante - comentário sobre algo que me está a irritar: o tema da tolerância. Se um ateu ou um "católico ateu" diz algumas coisas com tom de certeza e, como tu próprio bem sabes, sem qualquer intenção de mudar de ideias, ninguém lhe chama intolerante. Se um católico "conservador" ou lá o que isso seja diz de sua justiça no mesmo tom, já é considerado intolerante.

 

Queria apenas esclarecer isto: a intolerância ou a tolerância testam-se na vida, e se alguém aí me viu alguma vez com atitudes intolerantes, então tem toda a razão em afirmar que o sou. Até lá, não dei a ninguém o direito de me chamar intolerante. Sou muito segura das minhas ideias e muito convencida da minha verdade? Sim, sou, de algumas, que outras estão em contínua mudança e, como já afirmei aqui, o que penso hoje não pensei sempre, o que faço hoje não fiz sempre. Mudo de opinião muitas e muitas vezes na minha vida, graças a Deus. Mas não sou intolerante.

 

Nunca julgaria ninguém pelo tipo de método que utiliza - aliás, nunca o perguntei a ninguém, nem diretamente, nem indiretamente - e nunca julgaria ninguém pela sua religião ou outra opção de vida. Como sabes, os retiros que organizo estão abertos a ateus e a pessoas de outros credos, e os meus amigos contam-se entre todos estes. Haja paciência!

 

publicado às 21:09


8 comentários

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De Anónimo a 21.10.2014 às 00:55

Pois eu acho que há o ser intolerante (sempre) e o praticar (pontualmente) a intolerância. Que é o mesmo que uma pessoa normalmente calma ter pontualmente uma atitude agressiva. Se não temos autoridade, por não conhecer a pessoa, para afirmar que tal pessoa é agressiva, temos toda a legitimidade para dizer, se presenciámos, que tal pessoa teve um comportamento agressivo. Eu não conheço a Teresa, logo não posso afirmar que é intolerante, mas pelo que li aqui, posso afirmar que foi intolerante em várias coisas que disse, e julgo que deveria ter sabedoria para perceber a diferença sem se ofender, bem como humildade para o aceitar.
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De Maria C. a 17.10.2014 às 10:00

Para mim, a característica mais saliente nos católicos que conheço (e conheço muitos e bons) talvez não se chame intolerância mas sim arrogância. Uma atitude do género 'nós já vimos a luz'. Quanto aos outros, não é que sejam diferentes, no bom sentido - ou seja, eles próprios terem visto a luz e outros não poderia apenas tratar-se de uma diferença legítima, como qualquer outra das diferenças que tornam a nossa espécie tão interessante. Mas aqui não é isso. Esses outros, que não viram a luz, é como se ainda não tivessem chegado lá, como se ainda lhes faltasse qualquer coisa, quanto mais não seja um caminho a percorrer.
Se perguntarem aos próprios católicos, eles dizem logo que não é nada disso, que eles mesmos são até bastante imperfeitos, que não se sentem nada especiais, que Deus é amor e acolhe todos, mesmo os mais imperfeitinhos, etc. (eu sei, porque já tive imensas discussões destas :) ).
Mas no fundo é isso que sentem, e comportam-se como tal - as diversas tentativas de evangelização (quer em grande escala, como a História nos mostra - e com que resultados! -, quer ao nível individual, em conversas mais ou menos amigáveis) não é mais do que uma manifestação disso: os católicos tentam, 'generosamente', puxar o outro para o estádio fantástico de evolução em que eles próprios 'já' se encontram.
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De Anónimo a 17.10.2014 às 10:37

Isso mesmo! Sinto exactamente isso.
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De João Miranda Santos a 18.10.2014 às 15:33

Não sei qual é a admiração... Herdamos esse "defeito" de São Paulo... "Ai de mim se não anunciar o Evangelho!"
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De Anónimo a 17.10.2014 às 00:19

JMT, fica-lhe bem defender a comentadora. Pode ser que ela seja tolerante, mas não o demonstrou nos comentários. Nem percebeu a sua expressão católico ateu. Não pensa isso possível e já está. Papa Francisco tem muito que ensinar na aceitação dos outros, se não lhe faltar a ele a paciência.
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De Teresa A. a 17.10.2014 às 12:36

Desculpem, mas tenho mesmo de me intrometer.
Eu conheco a Teresa desde a nossa infância e, apesar de ter perdido o contacto com ela, sei bem como ela é e conheco a família.
Nao consigo imaginar (nem consigo ver nas palavras que ela escreveu) que ela seja minimamente intolerante.
Este blog tem sido sempre (e eu acompanho desde o início) muito agradável porque deixa as pessoas escreverem e discutirem opinioes diferentes. É pena que, de vez em quando (estou-me a lembrar da famosa Maria) a conversa descambe.
Há coisas, como a religiao ou o futebol, que, por mais que se discutam, nao fazem ninguém mudar! Nem de religiao, nem de clube. Independentemente dos bons ou maus argumentos que se usem.
Eu sou católica praticante mas faco parte do grupo que é da opiniao que a Igreja, ou melhor, Deus, tem mais do que fazer do que andar a meter o nariz na minha vida sexual. Também tenho amigos homosexuais, divorciados, etc, que nao sao membros "queridos" da Igreja.
Para mim, Deus é AMOR. Ora se eu sei que aceitaria (quase) tudo à minha filha, quanto mais nao será Deus, que, ao contrário de mim, é perfeito, capaz de aceitar as nossas escolhas?

Mas lá por nao concordar com a Teresa Power neste assunto, nao deixo de gostar imenso de ler o que ela tem para dizer. É pena nao se poder ver e ouvir o que ela diz, porque iriam perceber que ela é um doce!

Por obrigacao laboral, tenho feito muitas accoes de formacao. Uma delas foi sobre dar e receber "feedback": o importante é crítica construtiva e criticar a accao mas nao a pessoa. Por exemplo: errado seria dizer "és uma pessoa intolerante!", certo seria "a tua atitude parece-me intolerante porque...".

Dito isto, espero que continue a ser permitido discutir saudavelmente temas controversos neste blog.
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De Sn a 16.10.2014 às 22:32

Todos a desabafar. Que terapia. Melhor que ir ao psicólogo.
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De LA-C a 16.10.2014 às 21:28

"Se um ateu ou um "católico ateu" diz algumas coisas com tom de certeza e, como tu próprio bem sabes, sem qualquer intenção de mudar de ideias, ninguém lhe chama intolerante."

Como é que é? Então não? Quantos exemplos quer que lhe arranje?

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