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Sobre bater (ou não bater) nas crianças #12

por João Miguel Tavares, em 25.06.14

Lamento, lamento, lamento. A culpa não é minha, mas da Paula N., que deixou a seguinte pergunta:

 

E lá voltámos ao tema da palmada!! Daqui a pouco o blog muda de nome para "palmadas a quatro"... eheh, estou a brincar! Mas já que estamos novamente a falar sobre esse assunto, gostaria de lhe pedir a sua opinião sobre um assunto: a palmada em público!! Deve ser dada? Devemos de esperar até chegar a casa? Nesses casos, NUNCA aplicamos a palmada e temos apenas uma conversa com a criança?

 

No outro dia, quando fui ao Continente, vi uma rapariga talvez nos seus 10/11 anos a ser um pouco mal educada e a ter uma discussão com a mãe que acabou com duas palmadas bem dadas no rabo. Se no início estava com raiva da miúda e até a mim me apetecia ir lá aplicar-lhe um par de estalos, assim que a miúda apanhou até me deu pena a forma como ela se sentiu envergonhada e humilhada. O que faria nesta situação? Um ralhete? Uma palmada? Ignorar?

 

Devo dizer-lhe, cara Paula, que uma das maiores humilhações da minha vida aconteceu no Centro Comercial Colombo, quando a Carolina tinha para aí três ou quatro anos. Ele começou a fazer uma birra louca, já não sei porquê, e eu decidi agir tipo árbitro de futebol: isolá-la das outras pessoas e puxá-la para um canto, só para ver se ela se acalmava. Não lhe toquei com um dedo, mas só por causa do gesto de agarrar nela e tirá-la dali a espernar, houve uma senhora de idade que começou aos gritos comigo de "pai mau!, pai mau!" e a dizer que ia chamar a polícia.

 

Visto à distância a coisa tem uma certa graça, mas na altura não teve piada nenhuma, porque um pai que está numa situação dessas não tem forma de se sair bem. Ou começa a chamar nomes à senhora e a manda para o raio que a parta e lhe diz para se meter na sua vida, coisa que a mim me custaria sempre fazer porque acho que há casos em que temos mesmo a obrigação de nos meter na vida dos outros, ou então convida a senhora a chamar a polícia, e ficamos a conversar com a autoridade sobre González vs Estivill, ou então sai rapidamente dali para fora com a família. Seja como for, nenhuma solução é boa. Felizmente, a Teresa estava lá e acabou por pegar ela na Carolina e a situação acalmou. Mas nós acabamos sempre humilhados em público.

 

Tudo isto para dizer o quê? Em primeiro lugar, que ser pai é estar preparado para passar vergonhas. Ou seja, se tiver que ser, se tivermos mesmo de corrigir um filho naquele momento, se não pudermos deixar passar, se ele estiver mesmo a ultrapassar todos os limites, eu acho que devemos estar preparados para o fazer em público e arcar com as consequências de uma má interpretação social. A conveniência de manter as aparências só pode ir até um determinado limite - porque se cedermos a tudo por estarmos rodeados de desconhecidos, um filho mais dado à chantagem será sempre rei e ditador assim que colocar um pé fora de casa. Não pode ser.

 

Só mais um acrescento: no meu livro de pediatria mental, palmadas no rabo é só para aí dos dois/três aos quatro/cinco anos, quando eles começam a testar os limites, por vezes exageram nas birras, e ainda não é possível ter uma conversa decente com eles, ou aplicar-lhes um castigo (perdão, um reforço positivo) eficaz. A partir daí, há uma compreensão do certo e do errado e instrumentos que dispensam, em princípio, a nalgada. E tudo isto varia, como é óbvio, em função da personalidade dos filhos. Há alguns a quem basta dizer que estamos tristes com eles para se porem na linha.

 

Por isso, muito sinceramente, não me imagino a enfiar um estalo - até porque nunca dei estalos - ou uma palmada numa filha de 10 ou 11 anos. A não ser, claro, que ela passasse todos os limites - mas aí não seria um estalo educativo, mas uma punição por um enorme desrespeito, que tanto poderia dar a uma criança como a um adulto. Claro está que isto sou eu a falar agora. A minha filha mais velha tem 10 anos, portanto ainda não sei o que a adolescência me reserva. Se calhar daqui a três ou quatro anos ando por aqui de cabeça perdida a defender as virtudes da palmada até aos 18, para grande horror da Maria e da Helena Araújo.

 

 

publicado às 15:26


70 comentários

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De 3eMeio a 09.08.2015 às 23:13

Depois de ler o post e os comentarios ainda estou na duvida sou mae de 3 filhos 4rapaz 2rapariga e 1rapaz, e gravida de 18 semanas... nao sei o sexo para ser sincera nem quero saber ate entender o que fazer com a minha rapariga, porque tenho medo de descobrir qie outra menina porque nao sei o qu fazer ha minha... sinto me frustada, adoro ser mae, mas o meu rapaz de 4 começa a pagar as favas pela menina e sinto que ele so gosta dela quando esta longe, nao quer ir a lado nenhum com a irma, e eu muito menos... nao me quero prolongar muito, vou so dizer por alto, hoje na praia, mas nao so hoje é em todo o lado onde tem gente que nao é de casa, ela quer fazer tudo o que entende quando contrariada quando por exemplo vou busca la ha beira de outras pessoas sento a no meu colo ela vem esticando se toda torce se gritaa altoooo fica azul ou roxa de nao respirar e eu digo ficas no meu colo ate aprenderes que nao fazes o que queres podes gritar ha vontade que nao me incomoda mas incomoda fica toda gente na praia a olhar para mim inclusive familiares nisto vem a avó ou tio ou tia e diz deixa a menina como se lhe estivesse a bater ...la largo e ela vai r cala se xatiar outras pessoas e eu de nervosa digo vaiiii que os outros é que vao saber como eu devo educar os meus filhos, deixo a ir, mas querem saber mesmo a realidade??? Trnho vontade de lhr dar um puto dum estalao taooo grande mad tao grande e deixa la berrar ate adormecer de cansaço!! Ando preocupada por ter esse sentimento, mas a raiva no momento é tao grande qe so me apetece espanca la, que raio de mae me sinto!!! E se lhe desse um tabefe??? As pessoas ha volta chamavam me a policia ou vinham ha minha beira repreender me, e os meus famaliares o que pensaram de mim??? Que nao gosto da minha filha ou que nao tenho paciencia para ela,,,, SOCORRO
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De Maria a 26.06.2014 às 18:59

Ó Silvia, parece-me muito stressada!
Tenha mais calma que isso faz-lhe mal e não foi de todo a minha intenção...

Olhe, aquela situação do supermercado foi só um exemplo... E chamar suborno ao facto de dizer que pode escolher alguma coisa para comer parece-me só um bocadinho exagerado...

Ah e vou encarar o facto de achar que não sou mãe como um elogio!! Obrigada...mas sou! E das que acha que não se bate em crianças ( nem com uma flor!)
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De anónimo a 27.06.2014 às 15:24

Tenho para mim que a Maria deve ter alguém a tratar dos seus filhos por isso acha que não se bate em crianças... haja paciência.
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De Sílvia a 27.06.2014 às 18:19

Maria, sou stressada sim! Se imaginasse a canseira na minha vida compreenderia! Eu sei que me faz mal, mas fazer o quê??!! De qualquer forma agradeço a preocupação!

A Maria com tão pouco stress, tão zen, tão "não bater nem com uma flor" dá-me a entender que é como o anónimo (não era eu) lhe disse, que não é a Maria que cuida dos filhos, nem vive os stresses diários de quem trabalha aí umas 8 a 10 horas fora de casa e quando lá chega tem tudo para fazer... sorte a da Maria! Também gostava de ser assim, por isso jogo no euromilhões!!
Ou isso, ou é tão zen que um dia tem um surto psicótico e em vez da flor usa logo um vaso, em alguém, não necessariamente nos filhos!!

"E das que acha que não se bate em crianças.", não tenho nada contra isso e até acho muito bem, a Maria é livre de educar os seus filhos como bem entende, da mesma forma que os outros também são livres de o fazer, sem serem julgados pela "verdade absoluta".
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De Sílvia a 26.06.2014 às 17:14

Li agora o comentário da Maria sobre "subornar" os meninos (compro-te só isto e mais nada, etc e tal) para eles se portarem bem. Eu acho que a Maria não tem filhos, "prontos", disse-o!!

Maria, eu sou dentista, portanto se há pessoa que vê birras de crianças sou eu (e os meus caros colegas), normalmente começam sem sequer lhes tocar, e posso dizer-lhe que das muitas crianças (desde os mais pequenos:3, 4 anos, aos maiores: 12, 13) nunca nenhuma foi nessa onda: "Deixa tratar que eu depois dou-te x ou y.". Aliás digo-lhe que normalmente aí sei logo que posso pousar o material que a criancinha nunca vai deixar fazer nada, berra, esperneia, chora, chega ao fim desistimos todos. Já aqueles meninos filhos dos pais que lançam aquele olhar fulminante (tipo ou deixas tratar, ou quando chegarmos a casa conversamos), normalmente acabam por deixar tratar. True story!
Já tive o caso dum menino de 3 ou 4 anos em que o pai lhe prometeu/ofereceu tudo e mais alguma coisa, e ele acabou aos pontapés o pai e de seguida foi pontapear a porta, e aí eu meti-me, ralhei-lhe e ele parou.

Agora uma questão muito importante, a conversa do suborno: "compro-te só isto e mais nada..." e se forem pais que não têm possibilidade de comprar coisa alguma? Se a Maria tiver dinheiro apenas para o leite do menino, vai ao hiper comprar isso mesmo com o dinheiro que tem (hoje em dia está mais para isso do que para outra coisa, como deve perceber. Ou se calhar não, se calhar vive num mundo à parte!), que devem fazer esses pais? Sentirem-se culpados por não poderem "educar" os filhos da forma perfeita, para a Maria, claro!
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De Sílvia a 26.06.2014 às 17:20

Eu devo ter levado uma ou duas palmadas, sinceramente, nem me lembro (foram os meus pais a dizer), veja bem que traumatizada que fiquei!!
E posso dizer-lhe que depois nunca foi preciso baterem-me para nada, bastava a minha mãe ou pai olharem-me com esse dito olhar fulminante (em casa conversamos), que hoje em dia se vê pouquíssimo, que eu parava logo.

O mal é haver demasiada gente a meter-se na vida dos outros (falta do que fazer, talvez!). Devemos sim denunciar casos de violência doméstica, sobre mulheres, crianças, homens, idosos; não deveríamos achar que somos donos da verdade absoluta, que só nós sabemos educar os filhos dos outros, porque não há ninguém melhor do que os pais para saberem o que resulta melhor com os SEUS filhos.
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De Isabel a 27.06.2014 às 08:59

Sim, sim, porque ir ao dentista é pêra doce e os meninos que se portam mal no dentista é porque são mal educados.
Não é por medo da bata branca ou de todos os aparelhos!!!!
Nunca dei nenhuma palmada ao meu filho e sempre que o levo ao(s) médico(s) não é preciso ameaçar que ele tem-se portado lindamente e é cooperativo.
Porquê? Acho que simplesmente sorte e o facto de ter familiares médicos.
Eu por exemplo, que levei palmadas e sou filha de médico, já tive ataques de pânico em consultas. E ainda hoje, tenho que usar de todo o meu autocontrolo para não ter uma crise de pânico no dentista!!! Ou a tirar sangue!!!
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De Sílvia a 27.06.2014 às 16:36

Isabel, distingue-se perfeitamente os mal educados (os que chegam a bater nos pais, sim verdade) dos que realmente têm medo (choram apenas, sem berros, vê-se claramente que é medo e não birra). E muitas das vezes não tem a ver com palmada ou não, mas com mimo a mais, em situações que deveriam ser de autoridade e não do "deixa fazer que depois dou-te tal".
Em meninos pequenos, a grande maioria nunca foi ao dentista, não sabem se é bom ou mau. Os mal educados fazem birra por nada, isto é, sem sequer começar a pegar em coisas, ou a ver.
Os grandes fazem birra em frente aos pais, se forem meninos maiores de 12, 13 anos mando sair os pais e pasme-se a birra acaba e deixam fazer tudo! True story!

Relativamente ao mimo a mais, posso dizer-lhe que no estágio na faculdade atendemos crianças de instituições (que forma retiradas aos pais, ou que não tinham pais) e nunca, repito NUNCA nenhuma fez birra. Chegam, sentam e deixam fazer! Têm a mesma idade dos outros...
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De Maria a 27.06.2014 às 17:55

Silvia eu já não lhe ia responder mais, porque, honestamente, temos opiniões completamente opostas sobre as atitudes de uma criança.

Mas esta última chocou-me de tal forma...ponha a mão na consciência e pense sobre o que acabou de dizer!

Fala sobre miúdos que sofreram maus tratos, ou que foram abandonados, que se comportam melhor?? Porque não foram mimados e então são bem-comportadinhos??

Normalmente queixamo-nos quando há alguém a quem possamos pedir algo ou ajuda, não é? É possível que muitas dessas crianças saibam que não vale a pena fazer isso, porque nunca ninguém esteve lá para os amparar... Sim, nunca receberam o carinho ou o mimo que qualquer criança merece!! Como se sabe também, uma grande parte deles terá os mais variados problemas ao longo da vida por isso!

Utilizá-los como argumento para falta de mimo=bom comportamento é simplesmente atroz.
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De Helena a 26.06.2014 às 11:59

Explico porque leio o PD4: tenho 30 anos e parece que não consigo engravidar. Nunca quis ter filhos até chegar aos 28 e ter os meus sobrinhos. É verdade que a minha opinião mudou porque o meu marido, no fundo, no fundo sempre quis ter filhos e não aceitou completamente a 1º verdade da nossa relação "não quero ter filhos". Costumam dizer os meus sobrinhos 8,4 anos que "a tia não quer ter filhos por causa de nós" e assim percebe como são "bem comportados". Dou palmada ao de 8 sempre que abusa (e se abusa, da minha paciência e acho a de 4 uma criança manhosa). Leio PD4 precisamente porque quero ter um filho e imagino o quanto deve ser difícil e assustador esta responsabilidade de criar 1 adulto apto e feliz. E o vosso blog, em particular o JMT faz-me rir porque fala abertamente da dificuldade e dureza de criar um filho. Dizem os meus pais que nunca desaparecem, só mudam.
Falo de mim e do meu irmão porque não somos exemplos para ninguém! Ambos criados pela minha mãe, dona de casa, portanto acompanhamento 24 horas. Levei 1 vez de cinto do meu pai e a minha mãe deu algumas palmadas durante a infância. Houve muita pressão psicológica por parte da minha mãe durante a adolescência porque era muito indisciplinada. Nunca fiz nada em casa e no dia em que fui estudar para fora comecei sozinha a fazer tudo. O meu pai costuma dizer que nos dá a cana mas que nós é que vamos pescar, e assim foi, quando não sabia ligava à mãe, ela explicava e eu tentava. Errava, fazia novamente até estar bem. Traumas aos 30 anos: 0! Adoraria ter o privilégio de criar da mesma maneira um filho. O meu irmão, 25 anos, foi o oposto. Ainda hoje se comenta o quanto ele levou tareias quando era criança! Hoje chamar-lhe-iam hiperativo. Naquela altura os psicólogos do pediátrico diziam que tinha QI elevado (aos 3 anos fazia contas de somar, subtrair, multiplicar e dividir como quem bebe um copo de água) e pronto. Depois a escola eram recados atrás de recados porque o menino não era sossegado, saltava pela janela, não admitia que os professores errassem e discutia a defender o seu ponto de vista o que lhe dava o rótulo de arrogante (as escolas estão preparadas para alunos na média, nunca acima, nunca abaixo e ele que terminava muito antes dos outros tinha que se entreter). Após começar a fazer o que realmente gostava extra escola, e sabendo que no dia que se desviasse das expecativas dos pais terminava esse extra, nunca mais deu problemas. Passou uma adolescência sem problemas, ao contrário de mim. Com 24 anos, a terminar medicina toda a vida lhe reconheci a capacidade de saber o que quer e lutar por isso sem deixar de ser uma pessoa normal. Traumas: 0!
Uma coisa curiosa é muitas vezes brincarmos com os nossos pais com as tareias que nos davam e dizermos coitadinhos de nós em tom de gozo. Cada palmada que nos deram foi sempre compensada com um beijo, nunca na hora e no momento mas fomos tão amados como disciplinados. A tal regra fundamental do equilíbrio. Os meus pais são os pais que dizem abertamente: só errámos em duas coisas na tua educação mas só depois de feitas é que dá para saber que a decisão foi errada. E para mim sempre foi isto ser pai: reconhecer que erram mas que tomaram as decisões sempre com o coração e amor incondicional por um filho. E ser filho, crescer e tornar-me adulto é também isto saber que vou errar, que não sou melhor nem pior que os outros, que devo aceitar e respeitar o próximo e ser um adulto socialmente ativo.
Quando leio os comentários sobre os livros dos pediatras sei exatamente como vou criar 1 filho, se algum dia tiver esse privilégio: vou ler alguns livros mas depois deixo que o coração conheça esse filho porque sei que, conhecendo, sei o que se adequa e posso tomar a melhor decisão.
As Marias que não dão tau tau e criticam a educação que os outros pais dão aos seus filhos como sendo senhoras da verdade, são pessoas normalmente intolerantes. Nada contra elas, mas é da intolerância que nascem as guerras!
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De Joao MDE a 26.06.2014 às 11:08

Antes de mais, é importante dizer que estou perfeitamente convicto que as crianças até aos 9/10 anos são bi-polares. Todas! Umas mais, outras menos. Falta comprovação ciêntifica, é certo, mas ninguém tem flutuações de humor nem atitudes extremistas como elas têm!

Depois, acho uma utopia estabelecer um ponto de partida, e de comparação, neste assunto. Explico: a mesma situação que o JMT passou no Colombo, passei também eu num hiper. Reações? Diferentes. Eu vierei as costas às minhas 2 filhas, na altura com 3 anos, que pela 1ª e única vez se mandaram para o chão aos berros e esperniando no corredor dos detergentes porque não fomos ao corredor dos brinquedos (!).
Resultou! Elas viram-me a dar a volta na esquina do corredor, pararam com "aquilo" e vieram a correr para o pé de mim já em modo "normal" e como nada se tivesse acontecido. Ah, e não fomos ao corredor dos brinquedos... Nunca mais voltaram a fazer uma birra assim! Tenho alguma razão na bi-polaridade, não tenho!?

Parece-me que as palmadas ou as não palmadas a aplicar dependem essencialmente da triologia (viva o Tolkien!) asneira feita / conhecer os filhos realmente / o que fazer para não voltar a acontecer. Aqui entrará a perceção que cada um de nós tem do mundo e da forma como fomos "valorizados"... Mas é melhor deixar esta "coisa" de lado, porque senão nem o Nietzsche nem o Freud conseguiam arranjar dissertação para a "coisa".

Parece-me também obvio que ninguém gosta de bater! Ou se gosta, poderá querer dizer que a tal bi-polaridade não passou aos 10 anos e um especialista não seria de excluir, mas num sentido lato, ninguém gosta! Mas quererá isto dizer que não deve?

Alguém sabe? Eu não. Já dei palmadas às minhas filhas e não surtiram o mesmo efeito que a atitude do hiper. Já fiz inumeras vezes o que fiz no hiper e não sutiu o mesmo efeito que algumas palmadas. Estranho...

A minha conclusão: surpreender os nossos filhos, em primeiro lugar pela otica construtiva e, em recurso, pela obrigação / imposição (com ou sem palmada). Ah, e viva o Asterix e o Lucky Luke!
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De Fernanda a 26.06.2014 às 11:18

A minha nunca o fez em público, mas nas duas únicas vezes que se atirou para o chão aos berros (ainda nem tinha feito dois anos), fiz exatamente o mesmo, virei costas e fingi que não a ouvia. Remédio santo! :-)
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De Maria Lopes a 26.06.2014 às 11:02

Pais: se a criança berrar, espernear, atirar com coisas para o chão, por favor mantenham-se calmos!!
Fechem os olhos e inspirem e expirem calmamente. O rebento continha em ebulição? Sorriam e mantenham o ar zen.
Alguém vai acabar por ficar aborrecido com o rebento. Se o rebento for pré-adolescente mal educado, façam o exercício anterior.
Nunca, mas nunca contrariem os demos que os assolam.
Se os avós estiverem por perto, eles que os aturem. Para isso é que servem. E os tios. E os padrinhos. E os amigos. E os professores.
E tratem-nos sempre pelo nome ou pela 3ª pessoa do singular. Eles reviram os olhos, mas tem estilo.
Mas nunca, nunca mesmo, se deixem invadir pela sensação hitleriana. Nuunnnnccaaaa.
Caso sejam adeptos de Pol Pot, a coisa é capaz de correr bem, pois pouca gente sabe quem foi este pequenito (rancoroso, é certo, mas acabou famoso!) e não levam com velhinhas chocadas com à vossa beira.
Passados 3 filhos, o mais velho com 30 anos, uma neta de 2 anos, posso dizer que o meu pavio é mais curto. Tive sorte com as birras dos rebentos? Tive. Mas também não lhes dava hipóteses: bastava um olhar (obrigada avó).
Quanto à neta….só mediu uma vez e já reparou que não vale a pena gritar. Não sou surda. Não vale a pena espernear, pois deixo-a no local e vou-me embora. Problema: a miúda quer sempre ficar lá em casa. Gostava que ficasse na casa dos outros avós, adeptos do deixa fazer tudo que ela é pequenina.
Sei que tenho pouca paciência. Mas eduquei 3 e só uma única vez, despachei uma palmada. Aos 3. Sou democrática: apanha quem fez, quem deixou fazer e quem me foi contar. Se me doeu a palmada que lhes dei? Não. Doeu-me ver-me a do meio com as sobrancelhas rapadas pelos irmãos. Doeu-me a cara da miúda. E o ar de contentinhos dos mafarricos.
Sou má mãe e má avó? Quero lá saber. O Amor que lhes dou é suficiente para o deixar sem traumas. Da palmada, dos castigos (tiveram sim e muitos) dos olhares gélidos. Compensados com abraços e com conversas longas quando nos juntamos.
E confesso que já tive para partir os dentinhos à do meio, quando se armou em parva no outro dia.
Sorte a dela que estou muito cansada!
Maria

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De Mariana a 26.06.2014 às 11:01

Eu não costumo dar palmadas em publico. Não por mim, mas acho que é humilhante para a criança e não consigo. Agarro-os com força e zango-me, mas normalmente não bato.
Mas ameaço muitas vezes!
Sempre antes de ir a algum lado, faço montes de recomendações (há quem diga que sou uma chata...) "Não quero barulho, ninguém faz birras, não mexem em nada, mãos atrás das costas...". Umas vezes ouvem, outras vezes, respondem em "modo automático". E aí eu digo que se, for preciso, levam uma palmada e reforço que não pensem que, por estarem outras pessoas, eu não lhes bato. Digo-lhes que eu não tenho vergonha de lhes dar palmadas com outras pessoas a ver, que a vergonha é deles!
Muitas vezes é já no próprio supermercado (ou o que for) que tenho que ter a conversa de "eu não tenho problemas, a vergonha é tua". E, normalmente, eles entram na linha.
Faz lembrar um cartoon (que não consigo pôr aqui) que diz: "Don't yell at your kids! Just lean in really close and whisper. It's much scarier". hehehe
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De Lourenço Bray a 26.06.2014 às 10:07

ah, sobre a situação do Colombo, eu não teria batido na minha filha acho eu, mas teria pedido à minha filha para bater com força na velha enquanto eu a manietava e lhe torcia um braço. Era father-daughter bonding e íamos comer um gelado depois.
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De Susana V. a 26.06.2014 às 10:06

Sendo como sempre advogada do diabo acho importante salientar duas coisas:
1) Uma palmada dada com a mão no rabo dói igualmente a ambas as partes. Literalmente. É a lei da acção e reação de Newton. Assim torna-se muito fácil controlar a intensidade do acto.
2) Quando olho para trás vejo que a decisão de optar ou não pela palmada resulta mais do meu estado mental do que efectivamente da gravidade da falta das crianças. Quando estou num período de stress tenho muito mais tendência para distribuir palmadas. Quando estou num período mais relaxado tenho tendência para procurar soluções que me deixam mais satisfeita comigo mesma. Dá que pensar, ou não?

Conclusão: Recuso martirizar-me por eventualmente dar a tal palmada. Mas também me recuso a glorificar a dita cuja. Não temos que ser perfeitos, devemos apenas tentar...
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De Maria Cruz a 26.06.2014 às 11:26

Isso! Concordo 100%.
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De Lourenço Bray a 26.06.2014 às 10:04

Acho que a palmada revela acima de tudo um descontrolo emocional da parte do pai ou da mãe. Eu compreendo a palmada como escape para o pai ou mãe, podem perder um bocado a paciência por vezes! Ou como forma de tirar um puto de um transe de birra. Pode acontecer-me e eu não digo "desta água não beberei". Quando minha filha tiver 3 ou 4 anos e fizer uma birra monumental em público ou privado, como vou reagir? Se calhar eu próprio darei uma palmada aqui e ali. Por isso nunca julgo outros pais, pelo contrário, sinto empatia. Ser pai é lixado. Às vezes com certos miúdos dá vontade de ir ajudar os pais, como diz o CK Louis no seu show, pais que estão a colapsar em público e perguntar-lhes "quer que eu segure no pirralho para lhe poder bater melhor? Eu ajudo!" E não há nada mais irritante que um puto tirano e mimado, com pais bananas que não o conseguem meter na ordem.Dá vontade de pregar um par de palmadas é nos pais. Bom, dito isto, só me dá vontade de rir a ideia de que umas palmadas fazem bem. Que as dêem, ok, sou liberal e não julgo (obviamente, falamos de umas palmadinhas no rabo e num contexto próprio etc.), mas isso não significa que seja preciso fazer a argumentação ao contrário, como aqueles fumadores (e fui fumador) que dizem que fumar faz bem. Acho que podemos admitir é que não somos perfeitos, nem nós, nem os miúdos, mas daí até justificar e considerar positiva a repreensão física, vai um salto infinito. Nos casos extremos, está provado que há uma transmissão de violência. Miúdos que crescem a apanhar pancada em casa têm muito mais propensão a serem bullies e violentos quando forem maiores. Há muito menos casos de miúdos que nunca apanharam uma palmada e que se tornam violentos do que o inverso, não? Uma palmada não é, obviamente isso, mas onde se traça a linha? É certamente mais parecido com violência do que uma "não-palmada". O que mais me fartei foi de crescer com crianças que se fartavam de apanhar ,até da professora (cresci numa aldeia e na província). Até iam lá os pais à escola e incentivavam o professor a bater-lhes mais. E eu via claramente um loop infinito: o puto apanhava, chorava, ficava quieto. Dali por uma hora ou no dia seguinte, voltava a fazer merda e a apanhar. Aquilo não tinha efeito nenhum. E vejo a mesma coisa em 2014 com certos putos mimados, os pais descontrolam-se, arreiam, os putos continuam a ser iguais no dia seguinte.
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De Susana V. a 26.06.2014 às 10:10

Vejo que escrevi um comentário do mesmo teor do seu e em simultâneo. Subscrevo inteiramente!
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De Lourenço Bray a 26.06.2014 às 10:33

Pois foi :) Eu não mencionei um aspecto muito importante que referiste, a questão do nosso estado mental / stress. Eu noto que fico muito mais enervado com as mesmas coisas da minha filha se, por exemplo, estiver atrasado para o emprego ou se estava prestes a começar a jantar ou ver um filme. É como se fosse o timing, a mesma coisa num contexto em que temos tempo e predisposição tem um efeito completamente diferente se estivermos em modo "epá, agora não que não tenho paciência".
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De Maria Cruz a 26.06.2014 às 11:29

Concordo plenamente.
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De Susana V. a 26.06.2014 às 11:33

Exacto!
;-)

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Onde o pai fala de assuntos sérios



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