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Sobre os métodos naturais #1

por João Miguel Tavares, em 15.10.14

A Teresa Power e o João Miranda Santos responderam na caixa de comentários aos meus comentários sobre a encíclica Humanae Vitae, que no final dos anos 60 definiu a doutrina da Igreja em relação às questões do planeamento familiar, proibindo quaisquer métodos anticonceptivos artificiais.

 

A Teresa utiliza uma argumentação que eu tentarei amanhã analisar em detalhe, e com a qual estou evidentemente em desacordo. Ela prometeu não regressar ao tema porque teme (estará certamente escaldada) a agressividade habitual deste debate - felizmente, não tem estado a cumprir a promessa e tem havido troca de argumentação interessante na caixa de comentários, em particular com o Carlos Duarte. Se puderem, passem por lá.

 

A posição do João é um pouco mais irritante (sem ofensa), porque me acusa de "incoerência brutal" e garante que eu não percebo nada do assunto. Diz ele:

 

É demasiado fácil opinar sobre o que não se conhece nem se faz por conhecer.

 

E mais à frente recorda a minha "responsabilidade social":

 

Quanto mais não seja a responsabilidade de manter a coerência e inteligência (que costuma ter e me traz por cá)... a menos que queira chegar às 40 mil visualizações.

 

Porque é que isto é irritante? Ou melhor, triplamente irritante? Porque confunde:

 

1) discordância com ignorância (eu não sei do que estou a falar);

 

2) discordância com erro (como não sei do que estou a falar, só posso estar errado);

 

3) discordância com procura de popularidade (eu quero é "chegar às 40 mil visualizações").

 

Lamento, João, mas isto é aquilo a que se chama uma posição totalitária. Ou, se preferir, uma posição cavaquista, já que, segundo declarou o nosso sábio presidente numa famosa entrevista televisiva de 2005, “duas pessoas sérias com a mesma informação têm de concordar”.

 

Não, João, duas pessoas sérias com a mesma informação não têm de concordar. E isto será sempre o melhor ponto de partida possível para qualquer debate.

 

Como a Teresa Power me conhece um pouco melhor, pelo menos teve a amabilidade de não me acusar de eu não fazer patavina de ideia do que estou a falar. A minha relação com a Igreja, embora atribulada, já tem mais de um quarto de século, e um católico informado, como certamente será o caso do João Miranda Santos, sabe com certeza distinguir um ensinamento de um dogma. E, graças a Deus, o uso que os católicos dão ao latex, tal como o celibato dos padres ou as aparições de Fátima, ainda não pertencem ao campo da dogmática.

 

Os católicos mais conservadores têm, por vezes, essa tendência chata de dar uns encontrõezinhos nos católicos mais progressistas, sugerindo que quem discorda deles, mesmo em matérias não-dogmáticas, está, de certa forma, desencontrado da comunhão com a Igreja. Eu sei que têm a ajudá-los uma longa tradição, e que os dois papas anteriores a Francisco eram destacados conservadores, não particularmente interessados em inovações teológicas. Mas importa compreender que há uma fidelidade à consciência individual reconhecida pelo Concílio Vaticano II, que não pode ser atropelada pela exigência de um seguidismo acrítico a qualquer documento ou encíclica exarada pelo Vaticano.

 

Ou seja, o que eu peço a quem discorda de mim é a generosidade de aceitar que as minhas convicções em relação a este tema são tão sérias, pensadas e profundas quanto as convicções de quem acha que não deve utilizar métodos contraceptivos. Se o João Miranda Santos e a Teresa Power entendem que a recusa desses métodos é o caminho mais perfeito para espelhar a relação de Cristo com a Igreja, eu acho - e amanhã tentarei explicar porquê - que a Igreja deve reduzir as suas imposições àquilo que é o centro irredutível da fé cristã, para não cair numa obsessão pela lei que a leva frequentemente para os braços do mesmo farisaísmo que Cristo sempre combateu.

 

Eu não encontro nada sobre contraceptivos nos Evangelhos - apesar de, como diz a Teresa, eles terem existido desde sempre -, mas encontro muitas coisas sobre o cumprimento de leis que se tornam mais importantes do que a dignidade e as necessidades do Homem. Mas o que eu quero, para já, não é argumentar a favor ou contra a contracepção - é invocar o direito a que os meus argumentos sejam levados a sério, e não interpretados com paternalismo ou acusações de ignorância. 

 

Amanhã regressarei ao tema. Para já, fiquem com a argumentação da Teresa Power:

 

Podes usar as pílulas e os preservativos que quiseres, desde que não estejas a chamar à tua relação um espelho da relação entre Cristo e a Igreja, ou seja, um sacramento. Na sua belíssima encíclica, que classificaste de infeliz, a Igreja condena a contraceção porque ela afasta o amor humano da "imagem e semelhança" do amor divino, que é um amor sem limite, abundante, aberto à vida, verdadeiro. Um católico, ao "casar pela Igreja", isto é, ao receber o sacramento, recebe também a responsabilidade de tornar a sua relação semelhante à relação esponsal entre Cristo e a Igreja. O amor de Cristo não é nunca um amor contraceptivo. Não há volta a dar!

 

E deixa-me dizer-te, para encerrar o comentário - não comentarei mais sobre este tema - que mesmo que a Igreja dissesse outra coisa, eu nunca voltaria atrás na minha decisão de não tomar medicação para fazer amor. Acho triste um marido permitir à sua esposa tomar medicamentos - a pílula é um medicamento, sabias? - para que ela esteja sempre disponível para o sexo. O ciclo natural da mulher é uma das maiores maravilhas da natureza, e conhecê-lo e respeitá-lo em casal é uma das grandes graças que nós tivemos desde que nos casámos. A fertilidade feminina não é uma doença, não precisamos de medicação para viver uma vida sexual plena e feliz. Planeando naturalmente a nossa família, os dias deixam de ser todos iguais... Graças a Deus, a minha vida sexual é plena e abundante, os meus filhos também são numerosos, mas ainda não engravidei sem o desejar.

publicado às 21:27


70 comentários

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De CrisB a 16.10.2014 às 14:26

Estou pasma.
"Acho triste um marido permitir à sua esposa tomar medicamentos - a pílula é um medicamento, sabias? - para que ela esteja sempre disponível para o sexo."
Estamos no séc. XXI e ainda há quem ache triste um marido permitir que a esposa tome o que quer que seja?! Mas lá o meu marido permite ou deixa de permitir o que quer que seja em relação à minha vida? Somos um casal, uma equipa, conversamos, chegamos a acordos... Eu comecei a tomar a pílula porque quis, por autorecriação, informando o meu marido (na altura namorado) que não queria ficar grávida- e obviamente queria ter sexo. Por acaso ele pensava da mesma maneira (eu sou agnóstica, o meu marido é baptizado pela igreja católica, mas não pratica), mas e se não pensasse? Se achasse que devíamos ter relações sexuais desprotegidas é óbvio que manteria a minha posição. Mas fico ainda mais pasma por haver imensa gente que parece não saber o país em que vive. Enquanto profissional de saúde encontro imensos casos de católicos devotos e praticantes que transmitiram HIV aos seus companheiros por não haver uso do preservativo (e já agora, por não haver verdade). Quantas velhinhas de 70 anos andam a morrer de HIV agora porque os maridos mantinham encontros com mulheres infectadas? Mas claro, lá em casa, preservativo vá-de-retro, que a igreja não permite (e o marido também não). Eu quero acreditar que o "mundo pula e avança, como bola colorida nas mãos de uma criança" e que não ficámos presos na doutrina da idade média, mas às vezes tenho dúvidas. Finalmente: ENORME Papa Francisco! Homem sábio, inteligente, visionário. Homem bom, o melhor de muitos, muitos anos. Tão bom que até tenho vontade de ser católica! Oxalá se mantenha Papa por muito tempo, com a coragem que demonstrou até hoje*
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De Catarina Figueiredo a 16.10.2014 às 17:36

Cara Cris,
Só pretendo levantar uma questão em relação aà parte final do seu comentário. Eu sou católica e adoro o Papa Francisco. Adoro porque me diz o que eu tenho de ouvir, porque representa um Amor enorme e porque se dá todos os dias para aquilo que foi escolhido.
Diga-me: Desde que iniciou o seu pontificado, quantas alterações fez o Papa na ICAR? Quantos dogmas alterou?
Respondo-lhe eu, que também segui JPII e Bento XVI com igual fervor: Zero. Nem uma linha.
Todos os Papas que tive a honra de "conhecer" diziam e dizem o mesmo, todos seguem o mesmo Cristo, todos lhe têm um Amor e obediência belos. Se a si lhe chegam manchetes mais "positivas" ou "progressistas" sobre o Papa Chico... Bom, lamento dizer que se for investigar e le ro que o Papa de facto diz e faz vai ficar decepcionada - é igualzinho aos outros todos (e eu rejubilo por isso :) )
Fique bem.
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De Olívia a 16.10.2014 às 18:02

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De Sn a 16.10.2014 às 19:31

No caso exposto o preservativo ía resolver zero. Tal como em África. A solução para a promiscuidade não é o látex.
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De manuela a 16.10.2014 às 14:11

Se calhar não estou a dar nenhuma novidade, mas há um livro do David Lodge que é exactamente sobre isso, uma comédia sobre casais católicos que tentam seguir o "rythm method" mas que continuam a ter filhos :)

Chama-se HOW FAR CAN YOU GO?
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De João Miranda Santos a 16.10.2014 às 14:26

Pode ser muito cómico mas estará desactualizado porque esse método já não é aconselhado há muitos anos.
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De Miranda a 16.10.2014 às 12:13

Eu nem ia comentar porque a opinião da Teresa é dela e merece respeito assim como as opiniões de todos os indivíduos desde que não afectem terceiros. Mas fui pesquisar sobre o Método de Billings e vi que na base está o evitar relações sexuais nos dias férteis da mulher e isso para mim coloca-me um problema porque normalmente é nesses dias que a mulher está mais receptível a ter relações sexuais e também quando sendo mais prazer em tê-las. Assim sendo estamos perante um cenário em que a mulher "cumpre" o que a Igreja manda ou pelo menos não condena (abstendo-se de ter relações nesse dia) mas o homem não porque no caso dele em qualquer altura que lhe apeteça será sempre bom e terá sempre prazer.

Logo parece-me que há aqui uma clara distinção entre o que a relação sexual pode trazer à mulher e ao homem. A Teresa dirá que não é só o prazer que conta, a intimidade também, e o facto dela saber quando pode ou quer engravidar. Mas mesmo assim é a mulher que fica com o "short end of the stick" por assim dizer e é por isso que a pílula é e continuará a ser fundamental para a mulher (ela e apenas ela!) decidir como quer viver a sua sexualidade. Haverá sempre mulheres que abdicam do prazer sexual (atenção que não falo da intimidade do casal nem doutras formas de viver o amor a dois) mas haverá sempre muitas mais que querem, porque felizmente podem, decidir quando o sexo é pelo prazer e quando é para reprodução. É redutor? Sim sem duvida, mas permite às mulheres ser tão "básicas" em termos de sexualidade como os homens, em pé de igualdade nesse campo. E tenho a certeza também que há milhares de homens que apreciam as mulheres que são donas e senhoras da sua própria sexualidade! :)
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De João Miranda Santos a 16.10.2014 às 13:51

Mais desinformação?

Explique-me lá que eu não percebi nada. Então se o problema do método de Billings é evitar relações sexuais nos dias férteis da mulher em que é que a pílula é melhor? Com a pílula a mulher nunca tem dias férteis e portanto nunca tem dias mais receptiva nem com maior prazer! Ou isto do prazer é uma questão de calendário e não de hormonas?
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De Miranda a 16.10.2014 às 14:10

Sim tem razão. Não lhe consigo responder porque não tomo a pílula, mas também não uso quaisquer métodos contraceptivos porque... vivo com outra mulher. Teremos problemas que os há em qualquer tipo de relação mas engravidar não consta da lista.

Um dia gostaria que os católicos pensassem a sério sobre relações que não têm como fim a reprodução, até porque a grande maioria dos homossexuais do futuro serão filhos desses mesmos casais. Que resposta terão esses pais ou mães para a inevitável revelação que o filho ou a filha escolheram um caminho diferente do seu?
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De João Miranda Santos a 16.10.2014 às 14:22

Acho que não é preciso tomar a pílula nem usar quaisquer métodos contraceptivos para me responder... a minha pergunta responde-se com lógica básica.

Por outro lado também não entendo o que é que viver com outra mulher tem aqui a ver com os métodos contraceptivos. A minha irmã também vive com outra mulher (a minha mãe) e acho que isso não implica em nada com a vida sexual dela.

Os católicos pensam bastante em relações que não têm como fim a reprodução: as relações entre pais e filhos, as relações com os ascendentes, as relações profissionais, as relações com os amigos, etc.. e então?
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De Miranda a 16.10.2014 às 14:25

Vivo com outra mulher maritalmente já que ela e eu somos casadas e temos relações sexuais com alguma frequência. Os católicos pensam muito nestas relações que têm uma componente sexual mas não reprodutiva?
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De João Miranda Santos a 16.10.2014 às 14:34

Ah, peço desculpa mas não foi suficientemente explícita.
Não vou falar pelos católicos porque eu sou apenas um.
No meu caso concreto já tenho pensado algumas vezes nisso mas chego sempre à mesma conclusão: esses casos saem fora tanto da minha competência profissional como da minha realidade pessoal, e portanto abstenho-me de tecer quaisquer comentários esse respeito, se o fizesse estaria só a acrescentar barulho a um assunto que já tem o suficiente.
Conheço o que a Igreja pensa disso e conheço visões de pessoas credíveis. Se o assunto me tocasse de perto iria tentar aprofundar o meu entendimento através dessas duas fontes e, claro, através da oração.
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De Miranda a 16.10.2014 às 14:40

Acredito que possam sair fora da sua competência profissional mas na esfera pessoal digo-lhe que deve conhecer muitos homossexuais. Somos 10% e há quem diga até 25% da população. Tantos que pela primeira vez a própria Igreja está disposta a falar sobre o tema da homossexualidade. Até eu que não sou católica estou com alguma curiosidade em saber que caminho a Igreja vai escolher para lidar com estas relações, que existem desde sempre mas na ilegalidade social até há bem pouco tempo.
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De Miranda a 16.10.2014 às 14:23

Para ser coerente "escolheram" não é termo correcto visto que a orientação sexual não é uma escolha. A "escolha" a ser é mais em relação a como entendemos viver a nossa vida, e aí podemos escolher ser honestos com os outros e assumir aquilo que somos.
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De Artur Neves a 16.10.2014 às 12:02

Se me permite, gostava de comentar acerca da posicao da Teresa o que eu acho ser uma total hipocrisia.

A Teresa quer seguir os ensinamentos biblicos e da igreja.
Muito bem.

Mas a biblia só manda uma coisa.
Multiplicai-vos. Só isto. Tenham os filhos todos que conseguirem. Crescei e multiplicai-vos.
Era assim que os lideres religiosos de antigamente, que inventaram estas patranhas todas garantiam que haviam soldados para a causa.
Se virmo as sociedades muculmanas mais ferrenhas, ainda pensam assim. O principio é igual.

Mas a Teresa, obviamente, como mulher moderna que se diz, nao quer multiplicar-se como no antigamente.
Nao quer ter 20 filhos durante a sua vida fertil, claro que não. Quer planear a sua vida como qualquer casal moderno.

Mas a Igreja manda nao usar preservativos ou pilulas, precisamente por causa do tal mandamento do multiplicai-vos e como sabemos a igreja pouco ou nada evolui com os seculos no pensamento.

Temos um problema então.... o da consciencia da Teresa de agradar aos mandamentos da igreja.

Entao que faz a Teresa, para agradar a todas as partes, e ficar de consciencia tranquila para nao ser castigada pelo tal homemzinho invisivel no céu nem pela igreja.

Usa de planeamento familiar na mesma, mas sem os ditos medicamentos.
E assim já dorme descansada de noite sem medos do fogo infernal.

Continua a desobedecer ao mandamento de se multiplicar tipo coelhos, mas ao menos não usa quimicos como manda o padre.
Assim já pratica um mal menor.

É isto a hipocrisia pura.

E como ela, assim fazem milhares de escravizados pelas doutrinas da idade do bronze que ainda perduram infelizmente nestes dias.

Um dia havemos de evoluir para fora destes moldes ridiculos e arcaicos de escravatua mental e a religião será apenas parte negra da história humana.

Quanto a mim, felizmente sou livre. Livre de não acreditar nessas tretas de deuses e igrejas e de ser dono do meu proprio corpo, de decidir o que quero fazer livremente sem medos de pecados e castigos divinos.
Tenho 2 filhos que planeamos e teremos mais se pudermos, quando quisermos, se quisermos e pensam por eles proprios também.
Sem seguirem doutrinas fascistas de organizacoes criminosas como as religiosas que escravisam as pessoas diariamente no seu pensamento.
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De Sn a 16.10.2014 às 12:14

Dê graças a deus pela escravatura cristã europeia pois se não fosse ela o Artur não teria a liberdade de que se gaba e, se calhar, estaria à mercê duma qualquer organização criminosa.
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De Artur Neves a 16.10.2014 às 12:20

Qual liberdade me deu a Igreja?
A da idade das trevas? A das cruzadas? A de querer mandar em mim até dentro da minha cama com a minha mulher?

Tenha juizo.

Se há liberdade absoluta é numa sociedade secular. Nunca religiosa. Seja ela qual for a religião.

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De João Miguel Tavares a 16.10.2014 às 12:41

Vá lá, Artur. Dá para expor a sua opinião sem a parte do "doutrinas fascistas de organizações criminosas"? A mesma Igreja que proíbe o preservativo é aquela que anda junto dos mais pobres a ajudá-los a viver. O mundo não é a preto e branco. A Igreja está cheia de pulhas, mas também está cheia de santos.
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De Artur Neves a 16.10.2014 às 12:51

Ajudam, carissimo JMT?

Tal como isto?
http://www.huffingtonpost.com/2013/03/04/mother-teresa-myth_n_2805697.html

Uma Madre Teresa milionária que deixava os pobres morrerem na desgraca, sozinhos no chao quando ela própria ia tratar das suas gripes em clinicas privadas no USA?

E tantos exemplos como este.

Não. Pelo contrário, são um cancro social. Atrasam a sociedade séculos.
Não há nada de bom que um ser humano possa fazer que não o consiga sem a maldita religião.

Nada.

É a minha opinião baseada no que tenho visto e vivido.
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De João Miguel Tavares a 16.10.2014 às 12:53

Chiça, Artur. Não há um único cristão que você admire no mundo inteiro? Nem um? O Barack Obama? O papa Francisco? Eu?
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De Artur Neves a 16.10.2014 às 12:57

Não consigo admirar quem defenda uma religião.
É como admirar quem defenda um cancro.

Desculpe.
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De Alexandre a 16.10.2014 às 16:41

Exactamente.

O bem praticado por um religioso nunca é inerentemente bom.

É feito para agradar um lider religioso ou por suposto mandamento divino e nunca por verdadeiro altruismo.

É praticado com olho numa recompensa final (Céu)

Ouvi até já de quem se diz religioso que se não fosse a moral implantada na sua mente pelo que a biblia o ensina nada o impedia entao de andar por aí a matar pessoas sem peso na consciencia uma vez que nao havia justica divina para o condenar.
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De Miguel A. Baptista a 16.10.2014 às 18:21

Comparar a religião com um cancro. Aí está um exemplo de tolerância e aproximação ao outro...
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De Francisco a 17.10.2014 às 07:02

Cancro completamente

Basta ver as sociedades nórdicas, por exemplo onde o nivel de Ateismo ronda os 90% e comparar o nivel de vida com paises onde a religião é mais marcante para se constantar.

Quanto mais religioso o país, mais miserável.
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De Miguel A. Baptista a 17.10.2014 às 15:26

Isto de se mandar números para o ar é giro.
O menos religioso dos países nórdicos é a Noruega. e para se informar acerca dele aconselho o artigo.

http://en.wikipedia.org/wiki/Religion_in_Norway

estimates atheism rates in Norway as ranging from 31 to 72%, based on various studies." Nenhum estudo dá 90% mas cada um "arrota a posta de pescada" que quiser.

Armado desse seu saber científico aconselho-o a fazer um estudo transcultural comparando os índices religiosos do Ruanda, da China com o de outras nações que muito por via do humanismo cristão, incorporaram grande parte da noção de dignidade humana que a cultura ocidental comporta. Nessas nações ocidentais pode muito bem fazer o split entre Europa do Norte e Europa do Sul.

No caso da riqueza da Noruega o ter as grandes jazidas de petróleo e o alumínio mais puro do mundo também ajuda um bocadinho. Há 100 anos eram bem menos religiosos do que França por exemplo e bem mais pobres.

E já agora se calhar o dinheiro e o desenvolvimento, que são importantíssimos sem dúvida não são tudo; eu preferiria estar em Itália ou Cabo Verde numa altura da vida que precisasse de uma palavra de afecto e conforto do que na Escandinávia.

E por aqui acabo a minha participação nesta discussão porque para mim quem compara a crença numa religião a um cancro, e reitera essa ideia depois de tal assinalado, trata-se de um cretino, e não estou propriamente para perder tempo com pessoas dessa espécie.

Nota: apesar de ter orgulho legado judaico-cristão não tenho fé, agora piada aqueles cuja religião é a não-religião e são os talibans do ateísmo.
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De Francisco a 17.10.2014 às 20:18

http://www.huffingtonpost.com/2013/07/23/most-religious-countries-least-religious_n_3640033.html

Some interesting takeaways:

1. The poor are more religious than the rich. People in the bottom income groups are 17 percent more religious than those in the top income groups.

2. Globally, the number of those claiming to be religious has dropped by 9 percent from 2005 to 2011, while the number of people identifying themselves as atheists has risen by 3 percent.

3. Four countries have experienced a drop in religiosity in their populations that is greater than 20 percent between 2005 and 2012. France and Switzerland saw decreases of 21 percent, while Ireland's number of faithful declined by 22 percent and Vietnam's by 23 percent.


Disse alguma mentira, eu??

Não me canses a beleza, pá.

PS - O menos religioso escandinávo é a SUÉCIA
http://en.wikipedia.org/wiki/Demographics_of_atheism
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De Francisco a 17.10.2014 às 20:22

Toma lá mais nr do ar pra te entreteres

Sweden is one of the world's most secular and irreligious nations, partly because many Swedish people define themselves as irreligious but spiritual people. Phil Zuckerman, an Associate Professor of Sociology at Pitzer College,writes that several academic sources have in recent years placed atheism rates in Sweden between 46% and 85%, with one source reporting that only 17% of respondents self-identified as "atheist".

Sweden's official website asserts that that just three out of 10 Swedes state that they have confidence in the church. The article lists the following facts about religion in Sweden:

Only 1 in 10 Swedes thinks religion is important in daily life.

90% portanto.
http://en.wikipedia.org/wiki/Irreligion_in_Sweden

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De Anónimo a 16.10.2014 às 11:38

O debate é relevante e o Pd4 é competente para abordar o tema. Por isso, extrapolando um pouco as opiniões aqui delineadas, avanço outro ponto de vista: porque será que as relações íntimas, consciente e livremente assumidas entre pessoas idóneas, têm de ser minuciosamente reguladas pela moral católica, enquanto outras realidades da vida humana são reduzidas a estratégias de conveniência? Por exemplo, o SMN: nos dias de hoje, quem trabalhe a tempo inteiro, se levar menos de 600€/mês (20€/dia) líquido, como poderá sobreviver? Ou então a fuga ao fisco: está certo que uns arrecadem mais, enquanto outros vão ter de desembolsar ainda mais para o tal fundo comum do qual, para cúmulo, aqueles acabam por beneficiar ainda mais do estes? Já para não falar do tráfico de influências, dos favorecimentos, das incompetências de serviços públicos que arruinam tantos cidadãos reduzidos a míseros pontos percentuais. Estes e outros temas vitais deveriam estar na ordem do dia da presença católica, mais do que a camisinha e o comprimido. Afinal, isto vai dar tudo ao essencial: as relações humanas (íntimas, familiares, sociais, políticas) deveriam pautar pelo altruísmo, corrigindo atitudes como: porque me apetece - eu quero lá saber - desde que eu me safe - eu é que sei - tenho é de ganhar eu... eu-eu-eu! E Cristo coloca a toalha à cintura (qual escravo!) para ir lavar pés, denuncia hipocrisias de impor fardos, de sepulcros caiados, desafia quem queira atirar a primeira pedra, convida a colocar em comum o pouco de cada um para gerar o milagre da partilha que sustenta multidões famintas. O essencial está no que nos ensinou o Homem de Nazaré! Não andaremos demasiado obcecados com o pormenor, porque já perdemos de vista o principal?
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De João Miranda Santos a 16.10.2014 às 12:20

A moral católica não "regula" nada do que é a vida íntima de pessoas idóneas, simplesmente a Igreja, fruto de muito discernimento ao longo do tempo e conjugado por muitas pessoas que viveram entregues à intimidade com Deus, vai alinhavando um caminho que propõe aos que estão interessados para que possam chegar, imagine-se, a esse essencial, que é não só o que nos ensinou mas o que É o Homem de Nazaré. É para nos configurarmos com Cristo que a Igreja propõe um caminho em constante descoberta por ela própria. Não é um fardo! é um trampolim!

Sem dúvida que muito há a fazer. Especialmente pelos "católicos", esses sim não praticantes, que nas suas responsabilidades e acções não fazem traduzir a presença do Amor de Cristo. Na prática todos os católicos acabam por o fazer, porque somos pequenos e nem sempre é fácil, mas ao mesmo tempo todos o tentamos, acredito eu.

Mas a Igreja não conduz países, não orienta governos, não determina leis. A Igreja conduz pessoas, sim, na sua intimidade, porque é aí que se dá o encontro com Cristo. Muito poderá ser feito no mundo, mas tudo terá de partir do íntimo de cada um, do coração convertido, ou então tudo poderá ser oco.
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De Anónimo a 16.10.2014 às 16:36

Aprecio esta abordagem como proposta de caminho que conduza à realização plena do ser humano, configurando-se com Cristo. A missão da Igreja passa por aí, conduzir pessoas livres empenhadas em prosseguir o supremo bem. Mas condenar e apedrejar (esqueçamos a inquisição!) vai no outro extremo (e têm surgido por aqui alguns comentários radicais). O caminho faz-se por etapas e cada uma tem mérito, mesmo quando "se fica pelo caminho", na busca da Fé.
Mas também concordo que a imagem de uma igreja que toma a primeira linha no combate aos métodos conjugais de "barreira procriativa", com interrogatório explícito no confessionário, deita tudo a perder deixando pelo caminho seres humanos que buscam a Deus. "Quem sou eu para julgar?", referia-se o papa Franscisco acerca de quem tem orientação sexual para o mesmo género!
E concluo: a Igreja (todos os seus membros), para ser de Cristo (a cabeça), tem um longo caminho a percorrer, traduzindo os Evangelhos para as gerações dos nossos dias. O papa Francisco desde o primeiro momento em que se apresenta em público, aliás até na escolha do nome, revela-nos que Deus não abandona a sua Igreja pecadora, enviando profetas para a trazer de volta ao bom caminho. Tão próximo de Deus, no longo caminho percorrido, despoja-se da cátedra para calcorrear as pedras no caminho da Humanidade. Depois do sínodo de 2015 acerca da família, poderá apresentar-nos um documento melhor que a Humanae Vitae, esperemos!
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De Susana V. a 16.10.2014 às 11:37

Boa dia a todos.
Isto da fé, ou se tem ou não se tem. Quanto a mim não é discutível nem racional.

Eu tive uma educação católica e tenho orgulho da minha herança cultural cristã. Mas desde os sete ou oito anos que deixei de sentir a fé da qual a TP e o JMS falam. Não consigo ter essa fé e até tenho alguma inveja de quem consegue. Tornaria tudo mais simples.

Eu, tal como o JMT, não gosto de regras para isto e para aquilo. E não consigo acreditar que as encíclicas têm um valor divino (lá está a falta de fé). Mas longe de mim criticar quem acredita.

A minha religião resume-se ao "Amai-vos uns aos outros". É regra que chegue. É difícil que chegue. Tudo o resto é acessório.

Ah! E já agora, subscrevo a posição da TP no que diz respeito à contracepção. Temos tendência a considerar que os químicos do nosso engenho são mais poderosos que a natureza. Na maior parte dos casos não são. Nunca ninguém me conseguiu convencer das vantagens da pílula. Eu por hábito só tomo medicamentos quando estou doente.

Mas a diversidade é o que faz este blogue tão interessante. E, como já disse várias vezes, a caixa de comentários é tão interessante como o blog em si. As ofensas não são uma constante aqui e espero que continue assim.
Cumprimentos.
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De Catarina Figueiredo a 16.10.2014 às 11:12

JMT,
Só para dar ainda mais input para esta discussão, deixo uma carta aberta que foi enviada ao i ontem:
http://www.samuraisdecristo.blogspot.pt/2014/10/resposta-de-jovens-casais-catolicos-ao.html

É uma carta assinada par 10 jovens casais católicos (mas poderia ser por muitos mais, garanto-lhe!) a defender os métodos naturais, não (só) por dogma, mas por entenderem que esta proposta da Igreja para as suas vidas - como todas, aliás - é a que melhor lhes corresponde á sua humanidade e que os leva mais definitiva e directamente à felicidade. Isto não é argumentável, é a experiência deles na sua vida.
Que alguém, sem o experimentar, diga que é pior, para mim não faz sentido e corresponde ao que a Teresa Power chama de ter "o coração fechado" (e endurecido face a tudo o que a Igreja propõe, acrescento eu).

Enfim, espero que um testemunho positivo de quem de facto vive estes métodos naturais pode ser benéfico para o conhecimento geral e para esta discussão em particular.
Bjs
Catarina Figueiredo Lopes
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De Sn a 16.10.2014 às 11:11

"Podes usar as pílulas e os preservativos que quiseres, desde que não estejas a chamar à tua relação um espelho da relação entre Cristo e a Igreja, ou seja, um sacramento." Se não é para ofender, então não fazemos afirmações destas. Querem ver que vamos ter sacramentos/casamentos de primeira e de segunda?
Se o Papa questiona as normas da Igreja, porque não devo fazê-lo? E claro que o faço! E faço-o à luz da mensagem de Cristo. Não peço uma Igreja à minha medida mas a Igreja que não me peça para concordar e dizer Amen a tudo o que defende.
Não, eu não concordo com a posição da Igreja relativamente à contracepção num casamento e que ninguém ouse dizer que desrespeito este sacramento se o fizer. Julgar os outros é que não é de Cristo.
Durante anos estive perto da hierarquia da Igreja Católica e de facto observei um fascínio pelas normas, regras, interpretações e história da Igreja. Infelizmente Cristo estava muito pouco presente. E era espantoso como eram tão fiéis ao direito canónico e tão pouco aos evangelhos.
NB: sou casada, casamento católico e não uso qualquer método contraceptivo. Nem o biológico. Não tenho meses preferidos para os meus filhos nascerem e todos são bem-vindos mesmo que inesperados.
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De Sn a 16.10.2014 às 11:10

"Podes usar as pílulas e os preservativos que quiseres, desde que não estejas a chamar à tua relação um espelho da relação entre Cristo e a Igreja, ou seja, um sacramento." Se não é para ofender, então não fazemos afirmações destas. Querem ver que vamos ter sacramentos/casamentos de primeira e de segunda?
Se o Papa questiona as normas da Igreja, porque não devo fazê-lo? E claro que o faço! E faço-o à luz da mensagem de Cristo. Não peço uma Igreja à minha medida mas a Igreja que não me peça para concordar e dizer Amen a tudo o que defende.
Não, eu não concordo com a posição da Igreja relativamente à contracepção num casamento e que ninguém ouse dizer que desrespeito este sacramento se o fizer. Julgar os outros é que não é de Cristo.
Durante anos estive perto da hierarquia da Igreja Católica e de facto observei um fascínio pelas normas, regras, interpretações e história da Igreja. Infelizmente Cristo estava muito pouco presente. E era espantoso como era tão fiéis ao direito canónico e tão pouco aos evangelhos.
NB: sou casada, casamento católico e não uso qualquer método contraceptivo. Nem o biológico. Não tenho meses preferidos para os meus filhos nascerem e todos são bem-vindos mesmo que inesperados.
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 11:22

Julgar os outros não é de Cristo. Nisto tem razão! Eu não costumo perguntar às pessoas que método usam quando as conheço e travo amizade com elas :) O tom sarcástico do seu comentário - especialmente a última parte, em que goza abertamente comigo - é verdadeiramente triste para um cristão. Quanto ao começo do meu comentário que refere, é provocador, eu sei - mas não é sarcástico nem malicioso.
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De Sn a 16.10.2014 às 11:29

Não, não gozei. Só expus a incoerência dos seus argumentos.
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De Susana V. a 16.10.2014 às 11:03

Boa dia a todos.
Isto da fé, ou se tem ou não se tem. Quanto a mim não é discutível nem racional.
Eu tive uma educação católica e tenho orgulho da minha herança cultural cristã. Mas desde os sete ou oito anos que deixei de sentir a fé da qual a TP e o JMS falam. Não consigo ter essa fé e até tenho alguma inveja de quem consegue. Tornaria tudo mais simples.
Eu, tal como o JMT, não gosto de regras para isto e para aquilo. E não consigo acreditar que as encíclicas têm um valor divino (lá está a falta de fé). Mas longe de mim criticar quem acredita.
Eu gosto do minimalismo do "Amai-vos uns aos outros". É regra que chegue. É difícil que chegue. Tudo o resto é acessório.
Mas a diversidade é o que faz este blogue tão interessante.

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