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Sobre os métodos naturais #1

por João Miguel Tavares, em 15.10.14

A Teresa Power e o João Miranda Santos responderam na caixa de comentários aos meus comentários sobre a encíclica Humanae Vitae, que no final dos anos 60 definiu a doutrina da Igreja em relação às questões do planeamento familiar, proibindo quaisquer métodos anticonceptivos artificiais.

 

A Teresa utiliza uma argumentação que eu tentarei amanhã analisar em detalhe, e com a qual estou evidentemente em desacordo. Ela prometeu não regressar ao tema porque teme (estará certamente escaldada) a agressividade habitual deste debate - felizmente, não tem estado a cumprir a promessa e tem havido troca de argumentação interessante na caixa de comentários, em particular com o Carlos Duarte. Se puderem, passem por lá.

 

A posição do João é um pouco mais irritante (sem ofensa), porque me acusa de "incoerência brutal" e garante que eu não percebo nada do assunto. Diz ele:

 

É demasiado fácil opinar sobre o que não se conhece nem se faz por conhecer.

 

E mais à frente recorda a minha "responsabilidade social":

 

Quanto mais não seja a responsabilidade de manter a coerência e inteligência (que costuma ter e me traz por cá)... a menos que queira chegar às 40 mil visualizações.

 

Porque é que isto é irritante? Ou melhor, triplamente irritante? Porque confunde:

 

1) discordância com ignorância (eu não sei do que estou a falar);

 

2) discordância com erro (como não sei do que estou a falar, só posso estar errado);

 

3) discordância com procura de popularidade (eu quero é "chegar às 40 mil visualizações").

 

Lamento, João, mas isto é aquilo a que se chama uma posição totalitária. Ou, se preferir, uma posição cavaquista, já que, segundo declarou o nosso sábio presidente numa famosa entrevista televisiva de 2005, “duas pessoas sérias com a mesma informação têm de concordar”.

 

Não, João, duas pessoas sérias com a mesma informação não têm de concordar. E isto será sempre o melhor ponto de partida possível para qualquer debate.

 

Como a Teresa Power me conhece um pouco melhor, pelo menos teve a amabilidade de não me acusar de eu não fazer patavina de ideia do que estou a falar. A minha relação com a Igreja, embora atribulada, já tem mais de um quarto de século, e um católico informado, como certamente será o caso do João Miranda Santos, sabe com certeza distinguir um ensinamento de um dogma. E, graças a Deus, o uso que os católicos dão ao latex, tal como o celibato dos padres ou as aparições de Fátima, ainda não pertencem ao campo da dogmática.

 

Os católicos mais conservadores têm, por vezes, essa tendência chata de dar uns encontrõezinhos nos católicos mais progressistas, sugerindo que quem discorda deles, mesmo em matérias não-dogmáticas, está, de certa forma, desencontrado da comunhão com a Igreja. Eu sei que têm a ajudá-los uma longa tradição, e que os dois papas anteriores a Francisco eram destacados conservadores, não particularmente interessados em inovações teológicas. Mas importa compreender que há uma fidelidade à consciência individual reconhecida pelo Concílio Vaticano II, que não pode ser atropelada pela exigência de um seguidismo acrítico a qualquer documento ou encíclica exarada pelo Vaticano.

 

Ou seja, o que eu peço a quem discorda de mim é a generosidade de aceitar que as minhas convicções em relação a este tema são tão sérias, pensadas e profundas quanto as convicções de quem acha que não deve utilizar métodos contraceptivos. Se o João Miranda Santos e a Teresa Power entendem que a recusa desses métodos é o caminho mais perfeito para espelhar a relação de Cristo com a Igreja, eu acho - e amanhã tentarei explicar porquê - que a Igreja deve reduzir as suas imposições àquilo que é o centro irredutível da fé cristã, para não cair numa obsessão pela lei que a leva frequentemente para os braços do mesmo farisaísmo que Cristo sempre combateu.

 

Eu não encontro nada sobre contraceptivos nos Evangelhos - apesar de, como diz a Teresa, eles terem existido desde sempre -, mas encontro muitas coisas sobre o cumprimento de leis que se tornam mais importantes do que a dignidade e as necessidades do Homem. Mas o que eu quero, para já, não é argumentar a favor ou contra a contracepção - é invocar o direito a que os meus argumentos sejam levados a sério, e não interpretados com paternalismo ou acusações de ignorância. 

 

Amanhã regressarei ao tema. Para já, fiquem com a argumentação da Teresa Power:

 

Podes usar as pílulas e os preservativos que quiseres, desde que não estejas a chamar à tua relação um espelho da relação entre Cristo e a Igreja, ou seja, um sacramento. Na sua belíssima encíclica, que classificaste de infeliz, a Igreja condena a contraceção porque ela afasta o amor humano da "imagem e semelhança" do amor divino, que é um amor sem limite, abundante, aberto à vida, verdadeiro. Um católico, ao "casar pela Igreja", isto é, ao receber o sacramento, recebe também a responsabilidade de tornar a sua relação semelhante à relação esponsal entre Cristo e a Igreja. O amor de Cristo não é nunca um amor contraceptivo. Não há volta a dar!

 

E deixa-me dizer-te, para encerrar o comentário - não comentarei mais sobre este tema - que mesmo que a Igreja dissesse outra coisa, eu nunca voltaria atrás na minha decisão de não tomar medicação para fazer amor. Acho triste um marido permitir à sua esposa tomar medicamentos - a pílula é um medicamento, sabias? - para que ela esteja sempre disponível para o sexo. O ciclo natural da mulher é uma das maiores maravilhas da natureza, e conhecê-lo e respeitá-lo em casal é uma das grandes graças que nós tivemos desde que nos casámos. A fertilidade feminina não é uma doença, não precisamos de medicação para viver uma vida sexual plena e feliz. Planeando naturalmente a nossa família, os dias deixam de ser todos iguais... Graças a Deus, a minha vida sexual é plena e abundante, os meus filhos também são numerosos, mas ainda não engravidei sem o desejar.

publicado às 21:27


70 comentários

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De Anónimo a 16.10.2014 às 10:43

Não li os comentários insultuosos e ainda bem.
Fui uma das anónimas a quem a Teresa ontem respondeu e apesar de eu ter uma ideia diferente, gostei(gosto) muito de partilhar as ideias. Aprendemos sempre e muitas vezes até se mudam opiniões.
Pena que muitas pessoas tenham de insultar aqueles que têm uma opinião diferente.
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De Patrícia a 16.10.2014 às 10:37

Bom dia madrugadores!

Isto é que vale a pena logo de manhã :) Gosto imenso de ler as discussões que se geram no blog, concordando mais com umas opiniões do que com outras, mas aprendendo sempre alguma coisa em todas (das que se expressam de forma razoável, entenda-se).

Eu não tenho nenhuma autoridade para falar das coisas da Igreja, não sendo católica "praticante". E portanto não o vou fazer, respeitando as pessoas que, dentro da sua fé e relação com o Sagrado tomam opções em consciência que não prejudiquem o outro.

Ainda em "declaração de interesses" - e para enquadrar as minhas opiniões e decisões - tenho uma vida espiritual que, não passando pelo catolicismo/Igreja católica, apostólica romana, passa pela meditação em termos latos (oração? Talvez, recordando de algum modo os ensinamentos de Sta Teresa da Ávila). Existe aliás um grupo de meditação crista muito interessante, se tiverem interesse (http://www.meditacaocrista.com/). Isto para dizer que procuro uma relação com Deus/o absoluto/o Sagrado por algumas vias, essencialmente de silêncio e contemplação e de acção dirigida ao outro. E julgo que isto enquadra em parte o que deixo a seguir:

Quando decidi engravidar pela 1ª vez deixei naturalmente de tomar a pílula - foi há cerca de 4 anos. A partir daí decidi, em consciência, não o voltar a fazer. As diferenças que senti no meu corpo, no conhecimento do meu corpo, na minha capacidade de o sentir e de o "controlar" foram de tal forma positivas que sinto que ganho muito em, actualmente, ter deixado de optar pela contracepção química. Sei que não o voltarei a fazer - a não ser, como já se disse, por qualquer imperativo de saúde. Na minha 1ª gravidez senti-me completamente ás escuras a tentar engravidar, e demorei algum tempo. Agora, quando decidimos ter um 2ª filho, eu sabia exactamente que o iria conseguir "quando quisesse", e foi assim mesmo. Ganhei uma nova consciência do corpo, que para mim vale imenso. Claro que isto acontece enquadrado numa relação a dois, em que o surgimento de uma criança "não planeada" não seria devastador para ninguém - principalmente para a própria criança.

Acho, por isso, que a decisão é sempre individual - ou melhor, de casal, dentro da sua especificidade e sistema de crenças. Não condeno de forma alguma quem opta por uma contracepção "externa" - pílula, diu, preservativo, etc - nem considero que isso minimize o amor ou o acto de amor entre o casal. Da mesma forma que não condeno quem opta por uma "fertilidade consciente", assumindo sempre a responsabilidade sobre as suas decisões e as consequências das mesmas.

Para terminar, obrigada a todos por me fazerem pensar sempre :)
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De Catarina Figueiredo a 16.10.2014 às 11:20

uau! Grande testemunho.
Principalmente por não o ter feito devido a imposições, através da sua experiência consegiu perceber o que lhe faz melhor e lhe traz mais felicidade enquanto mulher, mãe e ser humano.
O que me espanta é que - ainda antes de nós sabermos - a Igreja nos propõe o caminho que efectivemente é melhor para nós. São séculos de experiência humaníssima, e sempre que eu acho que pode estar desactualizada...não está! Eu sei que já não tem a fé que teve, mas o seu testemunho para mim renovou-me a minha fé. Obrigada.
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De carla a 16.10.2014 às 09:25

Se Deus nos deu a inteligência para perceber o ciclo menstrual da mulher, também é a essa mesma inteligência que se deve os outros métodos anticoncepcionais. Ambos acabam por ser métodos que evitam a concepção, com taxas de sucesso diferentes, mas ambos descobertos pela inteligência do homem, esse dom de Deus. Porque posso aceitar um e não o outro? Segundo a argumentação da Teresa, parece-me que ambos colocam um limite a esse "amor sem limites". Porque posso aceitar o método natural e não um preservativo ou uma pílula? A mesma intenção, evitar a concepção, existe nos dois.
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De Anónimo a 16.10.2014 às 10:33

É esta a minha opinião, também.
Qual a diferença, em termos de Igreja, de ir contra o que a Igreja diz, ao usar um metodo contraceptivo natural e um artificial?
No fundo estão, ou não, a planear a sexualidade?
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 10:45

Carla, contraceção significa fazer algo "contra" a conceção, que é o que acontece com os contracetivos. Agora, evitar ter relações sexuais de vez em quando, não faz nada "contra" seja o que for. Posso evitar ter relações sexuais porque me doi a cabeça, e não estou a agir contra a conceção. A diferença no método é esta. Uma mulher está fértil no máximo durante uma semana por mês, o que não implica uma grande abstinência! Agora o outro assunto que refere - o colocar um limite ao amor - tem toda a razão! Utilizados pela razão errada, os métodos naturais não são benéficos para ninguém. Têm apenas esse aspecto positivo de não actuar positivamente contra a conceção. Os cristãos são chamados a ser fecundos e a aceitar, com responsabilidade (evitando as relações sexuais alguns dias por mês se for preciso:) ) os filhos de Deus.
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 09:01

João, como eu previa, os comentários vão descendo de nível a um ponto tal, que qualquer dia consegues realmente as 40 mil visualizações. Deixa que te diga, mas não entendo como aceitas isto, e não apagas as brejeirices que se vão intrometendo no teu blogue. Eu nunca as aceitaria. Naturalmente que, com comentários nojentos, ou cheios de ??????, ou de AhAhAh, ou outras coisas, eu deixo de me expressar livremente aqui no teu blog. Se calhar é mesmo de vez.
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De Carlos Duarte a 16.10.2014 às 09:21

Concordo com a Teresa.

Apesar de discordar dela sobre este assunto específico (e sobre o qual trocamos argumentos no post do primeiro comentário dela), a sua posição é perfeitamente legítima.

Mais, acho piada a que venham pessoas que se assumem como não sendo católicas (ou seja, estão muito para além de qualquer "progressivismo") imiscuirem-se em algo que não é nada com elas. Não estamos a falar da lei nacional, mas de preceitos morais e religiosos, que são da estrita esfera pessoal.

Como escrevi, não concordo com a Teresa ou a posição da Igreja neste tema. Mas, já agora, admiro a consistência e a coragem da Teresa (e do marido) de se manterem fiéis a algo que - concordando-se ou não - é manifestamente mais díficil de manter e controlar que a simples contracepção (especialmente a química). Seria sempre mais fácil à Teresa mandar os ensinamentos às malvas e optar pela pílula, porque é mais fácil, é mais cómodo (da mesma forma que é mais fácil e mais cómodo ter menos filhos).
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De João Miguel Tavares a 16.10.2014 às 09:25

Desculpa, Teresa. Este blogue não tem moderação, como regra, embora admita introduzir essa moderação se isto começar a descambar. Enquanto fui levar as crianças à escola houve um comentário que passou, de facto, dos limites. Esse eu apaguei. Mas, de um modo geral, sou bastante flexível com a liberdade de expressão das pessoas. Desde que não vão para a ofensa pura e dura, eu não censuro.
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De Anónimo a 16.10.2014 às 09:42

Se me permite, João, eu moderaria os comentários. Não para eliminar opiniões contrárias, claro que não! Mas sim para evitar faltas de respeito. Gosto tanto de vir aqui ler e aprender. Concordo com uns, discordo de outros. Este blogue faz-me pensar e crescer.
Mas, falo por mim, comentários desrespeitosos afastam-me, não me cativam. E tenho quase a certeza que o João não anda atrás das 40 mil visualizações, quanto mais por este preço.
Adoro este blogue!
E também já sou fã do blogue da Teresa Power! Apesar da Teresa me pôr a pensar e muito!
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De Anónimo a 16.10.2014 às 09:44

Esqueci-me de dizer que ainda li o comentário que apagou. Deu-me a volta ao estômago, por isso o meu comentário anterior...
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De Teresa A. a 16.10.2014 às 10:06

Por favor, Teresa, nao facas isso!

Os outros que se vao embora, caramba!
Tu sempre tiveste respeito a quem aqui escreve e eu gosto muito de ler o que tu escreves, mesmo que nao seja sempre da tua opiniao.

Por exemplo, no que diz respeito à contracepcao estou de acordo com o Joao mas respeito as pessoas que, como tu, optam pelos métodos naturais. Sobretudo quando sao pessoas responsáveis e que sabem assumir as consequências daquilo que fazem. Gosto imenso da tua família e peco a Deus que vos abencoe a todos!
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 10:09

Um abraço para ti e para a tua menina, Teresa! Obrigada! Bjs grandes
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De Sn a 16.10.2014 às 08:18

Ahhhh! A mulher, vaso que recebe o produto sagrado que o homem deposita. Tão bom.
De facto, a igreja mete a foice em seara alheia e até nos esquecemos que é a igreja de cristo de tão pouco que o vemos lá.
O que peço a quem defende que não se use contraceptivos é que seja coerente. Porque se método contraceptivo é um instrumento para evitar uma gravidez, então o método das temperaturas e o coito interrompido também o são. Ou seja, se vocês não fornicam quando se sabem férteis, em consciência estão a desrespeitar as orientações da igreja. Para mim isso é igual a uma pílula. É um método contraceptivo.
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De Anónimo a 16.10.2014 às 08:33

Comentário apagado.
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De Anónimo a 16.10.2014 às 08:43

Comentando assim, com falta de respeito, perde toda a razão.
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De João Miranda Santos a 16.10.2014 às 01:51

Bem JMT, isto daria pano para mangas... mas como entendo que não tem interesse nenhum estar aqui a entrar em confrontos (que de ecrã para ecrã parecem sempre mais agressivos) nem sequer era minha intenção irritá-lo (muito menos acusá-lo de querer popularidade, longe disso) vou tentar dizer apenas o essencial.

Também eu há uns tempos atrás tinha a mesma dificuldade em encontrar lógica (humana claro) no que a Humanae Vitae diz sobre a contracepção, particularmente na distinção entre usar métodos artificiais ou métodos naturais para atingir um mesmo objectivo, aceite na própria encíclica, de distanciar nascimentos. Também eu olhava para a isto mais como uma "batota canonicamente legalizada" do que outra coisa. Argumentei bastante isto em diversas discussões com católicos mais defensores disso do que eu, por diversas vezes e bem espaçadas no tempo.

Até que um dia puff... começou a fazer-me sentido. Um sentido que não lhe sei explicar nem argumentar, e provavelmente nem a Teresa Power o conseguirá fazer. Um sentido para o qual as discussões humanas podem ajudar, mas que só a intimidade com Deus poderá revelar.

É verdade que não sei muito a respeito da vida religiosa do JMT (prometeu falar disso mas ainda não chegou a hora), mas pelo menos já sei que para si rezar sempre foi embater no silêncio, e que a sua fé tem a espessura de um fio de cabelo. Também não percebi se se identificou aqui como católico progressista (seja lá isso o que for), o que implicava assumir-se como católico.

Ora, os católicos acreditam que quando um sucessor de Pedro se pronuncia numa encíclica, o que ali se diz é mais do que uma conversa de café, é mais do que um qualquer comentário a um jogo de futebol. Por isso eu entendo que o facto de o JMT classificar a Humanae Vitae como um momento muito infeliz da história da Igreja é de uma grande arrogância, se se assumir como católico. Se não se assumir, então é jogar completamente fora de campo...

O JMT tem direito à sua opinião e às suas convicções, claro que sim. Mas quando se trata de atirar por terra uma encíclica, e ainda para mais quando se reconhece a delicadeza da sua fé e a dificuldade da oração (presumindo que isto signifique dificuldade na relação com Deus), acho que a Igreja, com a qual já tem uma longa relação, lhe merecia mais prudência. Isto sem por em causa a seriedade e o quanto já pensou sobre o tema.

Ou seja, sem o querer ofender, neste campo eu não olho da mesma forma para uma discordância sua como olharia se fosse da Teresa Power (só para usar um exemplo próximo e que o JMT conhece o suficiente para perceber a diferença a que me refiro), na prática é como se não tivessem a mesma "informação".
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 09:55

Na verdade, JMT, enquanto as questões da fé não forem travadas na intimidade da oração, como referiu o João Miranda, não as iremos nunca compreender. A Deus chega-se pelo coração, e só depois de se chegar pelo coração, se "entende" pela razão. Toda esta argumentação é inútil, perfeita perda de tempo - a não ser, e é isso que me mantem aqui, que ajude alguém a abrir o coração...
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De Anónimo a 16.10.2014 às 00:26

Questão (certamente mal colocada, não duvido), mas ainda assim: então e conhecer o "ciclo natural" para efeitos de planeamento não é, em si mesmo, uma forma de contracepção, apenas com a diferença de que, desta forma, se evita a toma de medicamentos e o uso de métodos mecânicos? Estou em crer que sim. Onde está aqui o amor sem limite, abundante, que conduz ao amor de Cristo, que não é nunca contraceptivo?

Era só isto. Espero não ser apedrejada, mas está argumentação não me faz sentido.

Sofia
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De Sofia a 16.10.2014 às 01:00

Também não quero ser crussificada, mas não nos podemos esquecer que nem todas as mulheres têm a sorte de ter um ciclo menstrual regular... Eu, por exemplo, antes de comecar a tomar a pílula nunca sabia quando ia menstruar porque nunca batia certo com a altura esperada. E não era diferença de dias, muitas vezes era uma ou duas semanas de atraso...

Nestes casos, como é que conhecemos o ciclo menstrual ao ponto de ter uma vida sexual plena e livre de preocupações?
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 08:56

Se quiser mesmo saber, pode sempre aprender o método Billings. Só antigamente, antes de se conhecer bem todas as variantes do ciclo feminino, é que se considerava necessário ter um ciclo regular para fazer um correcto planeamento familiar natural. Agora não há essa necessidade. O método está lá, bem documentado, ao serviço de todas as pessoas que se interessem por este assunto. Não vamos ensinar isto aqui, claro!
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De Sofia a 16.10.2014 às 09:57

Por acaso este é um assunto que me interessa bastante pois, por motivos de saude, vejo-me forçada a deixar de tomar a pílula. E tal como referi antes, o meu ciclo normal, não é certo e a contagem dos dias não é uma solução para mim. Vou investigar esse método Billings (obrigado!)
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 10:11

Sabe, Sofia, quando fiz o curso de planeamento familiar natural, a maior parte dos casais que lá estavam não eram católicos - eram casais forçados, por motivos de saúde, a abandonar a pílula, ou casais ecologistas :) Bjs e felicidades!
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De Sofia a 16.10.2014 às 10:32

Obrigado Teresa :) beijinho
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De Anónima a 16.10.2014 às 10:17

Querida Teresa,

eu tento usar ambos, nao no sentido de evitar engravidar mas no sentido contrário...
Infelizmente os métodos naturais sao tao sensíveis a influências externas e internas (no caso do método da temperatura sao, por exemplo: stress, doenca, dormir pouco... E eu até agora ainda nao consegui ter uma curva "decente", nem consegui saber se tinha tido ovulacao ou nao). E o método de Billings para mim nao dá mesmo: eu vi fotografias, eu li informacao sobre o assunto, mas quando se trata de observar o próprio, fico sempre na dúvida!

Mas pode ser que os teus posts ajudem outras pessoas.
E tu tens realmente razao quando dizes que os métodos naturais nao assumem que se tenha um ciclo regular.

A minha fé tem-me ajudado a aceitar a vontade de Deus. Com 44 anos é quase impossível engravidar naturalmente, eu sei...
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De Anónimo a 16.10.2014 às 10:27

Comentário apagado.
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De Sónia a 16.10.2014 às 15:18

Teresa
Apesar de não comungar dos seus argumentos sobre os métodos contracetivos, considero a sua posição legitima, e respeito.
Agora este comentário em concreto tocou-me aqui no "fígado".
Depois de ler os seus comentários acredito que seja uma pessoa esclarecida e sensível às dificuldades e realidades humanas, que talvez tenha dito por desconhecimento da sensação horrível que toca quase na ofensa, quando se diz a uma casal potencialmente infertil, que a adoção é uma solução para ter filhos. Claro que a adoção é uma felicidade, mas é-lo tanto para casais inferteis como para casais ferteis.
Mas quando um casal se depara com um diagnóstico de infertilidade (que não sei se é o caso da autora do cometário, (e peço desde já desculpa por vir para aqui mandar o bitaite da minha causa), toda a sua posição enquanto ser é colocada em causa, todos os ensinamentos da igreja, todas aquelas promessas do dia do casamento de aceitar os filhos que Deus nos der são postas em causa, porque simplesmente Ele não nos quer dar (isto levando à letra os textos da igreja).
Eu sei que objetiva e emocionalmente adotar é uma excelente opção, mas pf pensem duas vezes antes de dizer isto.
Para tentar explicar um bocadinho os sentimentos e o desespero dos casais inférteis vou deixar aqui um pouco da minha história.
Durante muito tempo quisemos adotar, o nosso sonho de família passava por adotar uma ou mais crianças (nem se quer pensava em ter filhos e até usava métodos contracetivos químicos), depois descobrimos um problema de infertilidade (a culpa não era da pílula, a causa era masculina), e a adoção passou a ser uma coisa horrível, só de pensar dáva-me vontade de chorar, eu queria um filho não queria um presente para me acalmar a dor. Depois engravidamos (com recurso a técnicas de procriação medicamente assistida, que andam, aos olhos de igreja, ali taco a taco com as métodos anticoncetivos). Tive o meu filho e agora o desejo de adotar voltou a ser o que era uma vontade de acolher, cuidar e amar uma criança.
Desculpem estar aqui a meter o bedelho com um assunto completamente diferente, mas é apenas com o intuito de chamar atenção para o efeito que palavras vãs, ás vezes tem.
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 15:26

Não são palavras vãs, Sónia. São palavras de quem já escutou muita, muita coisa, e de quem conhece muitos e muitos casos. A Sónia não me conhece, não sabe o que eu ando por aí a fazer na vida... Acredite que não são palavras vãs. Não me posso alongar sobre o assunto, mas tenho muito mais experiência do que imagina.
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De Sónia a 16.10.2014 às 15:32

Acredito que sim Teresa e então não leve o meu comentário como dirigido a si em concreto. Não tive qualquer intenção de atacar, só mesmo de alertar para uma realidade e para uma dor que na maior parte das vezes é escondida. Alias eu só falo disto escondida atrás de de um nickname.


Mas que custa muito ouvir esse argumento em determinados momentos custa.

Aproveito para deixar aqui um voto de felicidade e de esperança para a autora do comentário, seja qual for o caminho que seguir. E que acredite que com a força do amor muitas guerras podem ser vencidas. Força aí Sofia ;)
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 15:55

Sónia, às vezes é preciso "pegar o touro pelos cornos". É preciso dizer: eu quero ser fecundo, eu quero amar um filho, eu quero ser pai ou mãe, mas não consigo naturalmente, então vou alargar o meu coração e estender o meu abraço a uma ou a muitas crianças que no mundo não têm amor". Às vezes, Sónia - e como lhe disse, sei do que falo - é preciso partir para a adoção com a vontade de amar, não no final de uma luta inglória, com o coração totalmente destroçado e já azedo... Talvez até se vá ainda muito a tempo de engravidar e ter filhos biológicos. E então? Que grande festa os irmãos farão entre si! E pouparam-se anos de dor... A adoção como último recurso, para mim e de acordo com o que vejo e conheço, é muito dura e amarga. A adoção como um recurso imediato, continuando depois a tentar engravidar, tem alegrias imensas. De novo lhe digo que não são palavras vãs, embora naturalmente cada pessoa seja um caso. Bj
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De Sónia a 16.10.2014 às 16:22

Teresa
"eu quero ser pai ou mãe, mas não consigo naturalmente, então vou alargar o meu coração e estender o meu abraço a uma ou a muitas crianças que no mundo não têm amor"
Isto é uma outra discussão.

Depois deste comentário acredito que entenda de adoção que tenha acompanhado/vivido casos de infertilidade que tenham sido felizes com adoção, mas tenho a certeza que está muito longe de saber muito sobre as causas/efeitos/soluções para os variadissimos e distintos problemas de infertilidade. É que ás vezes a infertilidade nem sequer nos dá a oportunidade de lutar, às vezes surge antes de tudo. A infertilidade é uma doença e as doenças, em principio, são tratadas com medicamentos, ou tratamentos médicos, quando os existem e quando atuam.

A adoção, como muito bem disse, é amor, não é um medicamento.

A sério que não quero mesmo entrar em choque consigo. Eu quis unicamente alertar para um facto. Dizer a um casal infértil para adotar como se isso fosse solução para a doença deles, acredite que pode magoar muito esse casal (naturalmente que não será assim com todos).
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De Olívia a 16.10.2014 às 16:46

Adoptar é mesmo um acto de amor e não uma cura para a infertilidade, tenho a certeza de que quem procura a adopção tem um amor muito maior do que a dor de não conseguir ter um filho biológico. Gostava muito que todas as pessoas conseguissem perceber que não é por adoptarem que são mais ou menos do que os outros, que a adopção é uma outra forma de sermos família independentemente do sangue e da genética. Que o amor que sentimos é igual, que as preocupações são as mesmas!
bj grande
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De Anónimo a 16.10.2014 às 11:55

Envio um link que talvez possa ajudar:
http://www.fertilitycare.net/

Boa sorte!
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De Teresa Power a 16.10.2014 às 09:47

"contraceção" significa que faz alguma coisa "contra", activamente "contra" a conceção. A pílula ou o preservativo fazem-no. Evitar ter relações sexuais em alguns dias do mês, que eu saiba, não tem nada de especial - ninguém tem relações sexuais todos, todos os dias do mês, e são muitas as razões para não as ter num determinado dia.
Mas falando agora do tal amor abundante, de Jesus pela Igreja: tem toda a razão! É por isso que os católicos são chamados a ter muitos filhos. Sim, a terem famílias numerosas, desde que as possam, naturalmente, educar dignamente, sem afectar a saúde do pai e da mãe, dos irmãos, etc, ou seja, desde que planeando adequadamente a sua família (não somos coelhos). Infelizmente, os países católicos como o nosso fazem passar a mensagem que se pode ser cristão e, ao mesmo tempo, optar por uma vida mais confortável, mais fácil. O papa Francisco alertou para isto mesmo! O cristão está naturalmente aberto à vida e a uma família numerosa (repito, dentro das suas possibilidades, e daí a importância de conhecer o ciclo feminino, para o respeitar sem o negar ou destruir).
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De Anónimo a 15.10.2014 às 23:32

João Miguel, não tem nada a ver com o assunto, mas vá ao blog da Pipoca http://apipocamaisdoce.sapo.pt/2014/10/e-se-enfiassem-o-carrinho-num-sitio-que.html.
Precisa-se ajuda para lidar com os idiotas da praxe.

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