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As obrigações dos pais para com os filhos

por João Miguel Tavares, em 12.11.14

Em relação ao meu post anterior sobre várias decisões de tribunais espanhóis que obrigaram pais a pagar a educação dos filhos mesmo sendo maiores de idade (alguns com 30 anos), há dois comentários de leitores que eu gostava de destacar.

 

Um deles, da simples e nice, já levou pancada com fartura na caixa de comentários, e não é minha atenção fazer o mesmo - só que aquilo que ele diz é importante para aquilo que eu quero dizer:

 

É a primeira vez, desde que leio este blogue, que não concordo nada com a sua opinião, mas respeito, claro. A diferença entre pais e filhos é que os filhos não escolheram nascer, mas os pais escolheram ter os filhos. Por isso, que remédio têm os pais se não levar com os filhos até ao resto da vida deles. Se não querem isso, simplesmente não façam filhos. Problema resolvido. Se os filhos na idade adulta se tornaram umas bestas, a culpa é dos pais que não souberam dar-lhes a educação que eles mereciam.

 

O outro comentário é da Teresa A., que alerta para um problema semelhante de dependência, mas no outro extremo da vida:

 

[Na Alemanha], os filhos são obrigados a pagar os lares de terceira idade ou afins se os pais não tiverem condições para isso. Soa bem, mas, se imaginarem um filho que não tem contacto com o pai/mãe há anos, e que nunca teve ajuda deste(s) - do género de ter de financiar os estudos ele próprio, ter sido deserdado ou posto fora de casa, nunca ter tido ajuda financeira ou outra (por exemplo, tomando conta dos netos) durante a vida, ter construído alguma coisa por si próprio e/ou com ajuda de outras pessoas -, e que é obrigado a usar o seu dinheiro para sustentar a(s) pessoa(s) que nunca o sustentaram a ele, será que cham justo?

 

O problema do comentário da primeira leitora, para além da desresponsabilização de pessoas maiores de idade, já criticada por outros leitores, é que me parece confundir leis com afectos. E os afectos não se legislam. Nem todos os deveres morais devem traduzir-se em obrigações jurídicas, porque quando assim é estaríamos a permitir uma intromissão absolutamente excessiva na nossa esfera de liberdade individual. Por exemplo, enquanto homem comprometido numa relação amorosa, eu tenho o dever moral de ser fiel à minha companheira - mas os tribunais não me multam se eu for pinar com a vizinha.

 

Da mesma forma, é óbvio que eu sinto o dever moral (e afectivo) de cuidar dos meus filhos, e às tantas lá terei mesmo (espero que não, espero que não) de lhes estar a dar mesadas até aos 35 anos. Hoje em dia, qualquer pai normal quer que um filho tire um curso, portanto, pelo menos até aos 23 ou 24 anos estará condenado a patrociná-lo. Aliás, os meus pais fizeram isso comigo - eu só comecei a trabalhar depois de terminar o curso, e quando o terminei já tinha 25 anos, porque antes de mudar para Ciências da Comunicação ainda andei dois anos e meio perdido em Engenharia Química.

 

Mas uma coisa é os pais fazerem isso porque querem - outra, muito diferente, é fazerem isso porque são obrigados. No meu entender, se alguém é maior de idade, é maior de idade para tudo - inclusivamente para se fazer à vida. Ou seja, a um pai não deve ser negado o direito de dizer "já não sustento mais este gajo", mesmo que tenha sido ele a pô-lo no mundo. Essa decisão pode fazer dele um pulha, um pai nojento e um fdp - mas não um alvo de acção judicial, pela simples razão que um tribunal não serve para nos obrigar a ser fixes.

 

E quanto aos pais idosos e aos lares de terceira idade que a Teresa A. refere? A regra é a mesma. Mas mais sobre isso já a seguir.

 

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publicado às 10:28


A longa espera para se ser avô

por João Miguel Tavares, em 02.04.14

E só para mudar a agulha das criancinhas, até porque há leitores que já não aguentam mais (admito que sou um bocado obsessivo quando começo a falar de certos assuntos), passemos para os avós.

 

Eis um belo e longo artigo do Wall Street Journal sobre a cada vez mais longa espera dos mais velhos para serem avós, incluindo duas perspectivas que merecem ser pensadas e debatidas:

 

1. A existência de um relógio biológico para se ser avô (só se costuma falar disso para mamãs).

 

2. A importância dos avós no desenvolvimento das crianças.

 

Eu sou grande defensor deste ponto 2, razão pela qual faço questão de pontapear imediatamente as criancinhas para fora de Lisboa e de nossa casa mal chegam as férias da Páscoa (estão quase aí, mal posso esperar), do Verão ou do Natal.

 

A excelentíssima esposa costuma acusar-me de só me estar a querer ver livre dos miúdos, quando estou manifestamente preocupado com o seu desenvolvimento psicossocial. 

 

O artigo do WSJ pode ser lido aqui.

 

publicado às 10:31


As avós são terríveis

por João Miguel Tavares, em 05.03.14

Segundo um comentário de uma leitura, a propósito deste post, parece que as avós também são perigosíssimas:

 

Tenho a teoria complementar que os piores frequentadores de balneários são as avós - só conheço os [balneários] das meninas. As avós chegaram a uma fase da vida em que nada se sobrepõe ao cuidado da sua criança. Tudo é válido - mudar as roupas dos outros de cabide, reservar banco para sentar a menina, you name it. Quem tiver que levar filhos a várias actividades fique longe de certas avós, ou faça como eu, sonhe com o dia que será essa avó.

 

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publicado às 14:27



Os livros do pai


Onde o pai fala de assuntos sérios



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