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Os Mendonça Tavares nas Berlengas

por João Miguel Tavares, em 09.07.14

Quando se é pequenino e citadino, basta um barco e uma ilha para se ter uma grande aventura. E como toda a gente gosta de aventuras, nem que durem apenas cinco horas, no domingo, aproveitando o nosso fim-de-semana no Oeste, decidimos ir às Berlengas.

 

Os preparativos da viagem foram duros. Todos os nossos filhos têm medo de alguma coisa: a Carolina dos pesadelos e de dormir sozinha, o Tomás das alturas e das vergonhas, o Gui não gosta nada de entrar em barcos. E para as Berlengas não se vai de helicóptero. Pior: quando se sai do porto de Peniche, o mar é muito atribulado, o barco dança excessivamente para quem só está habituado a cacilheiros, e à entrada distribuem saquinhos pretos pelos viajantes - adivinhem para quê.

 

Como eu acho que os males se exorcizam falando deles e encarando-os de frente, após o longo período de convencimento do Gui (que começou no dia anterior) e com toda a gente já sentada no barco que nos levaria às Berlengas, pedi uma simulação conjunta de enjoo, para eles aprenderem o que havia a fazer no caso de o estômago lhes saltar para a boca.

 

 

Mas tudo correu pelo melhor. Não houve enjoos, apesar de o mar estar alterado, que isto é família de marinheiros, e ao fim de 40 minutos de viagem (se quiserem saber os preços: 20 euros por adulto, 10 por criança, abaixo dos cinco anos não pagam) lá chegámos ao nosso destino.

 

Aí, mudámos de barco e fizemos um pequeno tour de meia hora pelas grutas da ilha (cinco euros por pessoa, bebés não pagam), que deu para ficar a conhecer rochas como a Tromba do Elefante (o Gui só perguntava "onde está o elefante?, onde está o elefante?", e eu: "a sério, estás a gozar comigo?")

 

 

ou o Guardião da Gruta, um efeito de luz muito curioso, em forma de face humana. 

 

 

Além da apresentação da fascinante história da ilha por parte de um senhor que nasceu efectivamente nas Berlengas (é um de três, garante ele), nos tempos em que o farol não funcionava sozinho, a viagem de barco pelas grutas teve uma outra vantagem: ficámos logo no Forte de São João Baptista, o ex-libris local, o que dispensou a viagem de ida - ao fim de um par de horas, bastou-nos regressar ao porto de embarque.

 

 

O estado em que se encontra o Forte de São João Baptista é miserável. Aquilo hoje em dia é usado como pousada, mas a chunguice da coisa não dá para acreditar. Na sua sujidade e decadência, parece um buraco parado no tempo desde os anos 60. O potencial que aquilo teria em mãos decentes é inimaginável.

 

 

Portanto, não nos demorámos muito por lá, e iniciámos a subida para o alto da ilha, onde se situa o farol. Foi uma actividade particularmente difícil para o Tomás, que sofre de imensas vertigens e teve de subir duas ou três centenas de escadas sem protecção. Para mim também não foi fácil, porque tive de alombar com a Ritinha, que já pesa uns bons quilos.

 

 

Aqui o Tomás está a esboçar um sorriso para a fotografia, mas a maior parte do tempo não se foi a rir. Ao contrário do palhaço-mor do reino, claro, como se pode ver por esta sequência de imagens:

 

 

 

 

Lá chegámos ao farol, e depois iniciámos a descida para a praia dos pescadores. 

 

 

 

Aí, a Carolina obrigou-me a dar um mergulho com ela numa água geladíssima, enquanto o Tomás e o Gui se juntaram a uns miúdos locais para um jogo de futebol de praia.

 

 

Foi o que se chama um domingo bem passado. Um dia destes, vamos ter de voltar. É ridículo termos tanta coisa para descobrir às portas de Lisboa e andarmos sempre a bater com o nariz nos mesmos lugares.

 

publicado às 10:18



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