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Big daughter is watching you

por João Miguel Tavares, em 16.03.15

- Papá, no próximo fim-de-semana vamos à Kidzânia.

- Quem disse?

- A mamã. E não podem voltar atrás: eu gravei-a a dizer isso.

 

publicado às 08:19


A mais estranha mnemónica da história das mnemónicas

por João Miguel Tavares, em 15.12.14

A Carolina acha a disciplina de Ciências Naturais a mais difícil do 5º ano, sobretudo porque já tem imensa coisa para decorar.

 

Na semana passada, ela estava fechada no quarto a estudar para o teste de final de 1º período, mas de cada vez que eu passava no corredor só a ouvia cantar. Bati à porta para perguntar que raio era aquilo e se ela achava que andar a cantorolar nas vésperas de testes era a melhor actividade a que podia dedicar o seu tempo.

 

Erro meu, do qual tive rapidamente que me penitenciar. Aparentemente, aquilo era mesmo estudo. E do mais original que já se viu. Tão original, aliás, que pedi logo autorização à Carolina para a gravar e partilhar com os leitores do PD4.

 

O som, como é hábito nos meus vídeos gravados no iPad, está uma bela treta (tenho de pedir um microfone de prenda de Natal), mas se colocarem o volume no máximo acho que dá mais ou menos para perceber.

 

 

Engenhoso, hein?

 

Bastante entusiasmado com a mnemónica melódica da minha filha mais velha, louvei o seu empenho e fiquei mais descansado: embora me parecesse mais fácil fixar as frases sem ter, ao mesmo tempo, de fixar tão intrincada melodia, aquilo era uma demonstração de indiscutível dedicação à disciplina de Ciências Naturais. 

 

Só que... 

 

Há um enorme SÓ QUE.

 

Quando fui confirmar a exactidão da letra cantada pela Carolina com os apontamentos originais, descubro subitamente que eu lhe tinha perguntado acerca do efeito de estufa e ela respondeu-me o que eram... as chuvas ácidas!

 

2014-12-04 09.46.27.jpg

 

Tal como um disco riscado, a Carolina andava a saltar faixas. E infelizmente, quando dei por isso, já ela tinha feito o teste.

 

Até tremo só de imaginar a nota que aí vem.

 

Para a próxima vou dizer-lhe para se deixar de mnemónicas e frases fixadas ao milímetro e perceber exactamente de que trata a matéria. De pouco me serve ter uma menina afinadíssima em termos de voz se depois desafina desgraçadamente em termos de letra.

 

Versos trocados em testes escolares? Um pai vê as coisas mais estranhas.

 

publicado às 10:11


Guerra dos sexos

por João Miguel Tavares, em 13.11.14

A Carolina e a Rita dormem no mesmo o quarto, e de vez em quando, ao final do dia, a Carolina fecha-se com a Rita, senta-a na cama dela e põe-se-lhe a mostrar coisas no tablet, que a Rita analisa com o maior interesse.

 

Ontem entrei no quarto quando elas estavam a praticar esta intensa actividade, e a Rita olhou para mim com ar zangado. E de repente:

 

Fóia! Fóia! Só mininas!

 

E eu: oi?

 

Fóia! Só mininas!

 

A Carolina, que é quase uma senhora, já exige que o pai bata à porta para entrar no seu quarto - sendo que para a mamãzinha é infinitamente mais tolerante. E agora até a catraia de dois anos acha que a minha condição de macho é impeditiva de frequentar os seus aposentos.

 

Já se cavam trincheiras nesta casa. Está oficialmente aberta a guerra dos sexos.

 

fotografia 1 (5).JPG

 

publicado às 10:10


O tempo da Carolina

por Teresa Mendonça, em 30.09.14

Depois de basicamente ter sido intitulada mamã galinhola, hiperprotectora e obcecada em manter as grilhetas nas patas dos meus elefantezinhos para que eles não corram riscos, resolvi vir pôr ordem no galinheiro.

 

Quando se trata de perceber a partir de que momento uma criança deve/pode ir sozinha para a escola há muitas questões, sobejamente já discutidas aqui no PD4, a ter em conta - a responsabilidade e capacidade de "desenrascanço" da criança, que obviamente muito dependem da educação que os pais lhe deram até essa altura; as contingências físicas e económicas do núcleo familiar (se mora longe ou perto, se tem irmãos espalhados pelas escolas públicas da terra onde vive, se os pais têm horário de trabalho compatível com o da sua escola); se o trajecto até à escola coloca a criança em situação de perigo (bem diferente de correr riscos controlados); e por aí fora.

 

A decisão, obviamente, terá que ter em conta as necessidades da família, mas deveria focar-se acima de tudo na criança. E cada criança é uma criança, pelo que penso que não existe uma data a partir da qual todas as crianças têm obrigação de acordar mais responsáveis e independentes e passar a fazer o trajecto para a escola sozinhas. Convém falar com elas, perguntar-lhes a opinião, e garantir que elas se sentem confortáveis com este importante passo na sua vida cada vez mais autónoma e independente dos pais.

 

Ora, no caso concreto da nossa família, o excelentíssimo esposo e pai cá da casa resolveu decidir que a nossa Carolina estava pronta para ir para a sua escola,  sozinha, a partir do primeiro dia do ano lectivo 2014/2015, indiferente à opinião que ela tivesse acerca do assunto. Pregou-lhe vários sermões sobre como era inaceitável que ele estivesse a perder 14 minutos (7 de ida e 7 de volta) da sua existência atarefada para a acompanhar num trajecto ridiculamente simples e inofensivo, e quando ela ousou murmurar que não se sentia preparada para o fazer sozinha, obviamente a culpa era da mamã-galinha da casa que insistia em não cortar o cordão umbilical e dar asas aos seus filhotes. 

 

Para quem é frequentador do PD4, a auto-confiança da Carolina é muito bem conhecida. Ela adora ser independente e passa os dias a dizer que é uma pré-adolescente, pedindo constantemente para aceder a patamares habitualmente só acessíveis aos mais crescidos. Falta-lhe ainda muita responsabilidade mas está mais do que apta a fazer o trajecto da escola para casa com autonomia e segurança. A primeira vez que foi fazer uma pequena tarefa (comprar pão) sozinha em Lisboa tinha 5 anos (não atravessou nenhuma estrada, mas parte do trajecto não estava no raio de visão da nossa janela onde eu fiquei à espreita), e quando está nos Montes da Senhora a passar férias anda pela aldeia (que não é nada pequena) com total autonomia. Passa a vida a pedir-me para eu não sair do carro quando vou buscar a Ritinha ao infantário, ficando muito ofendida quando alguma auxiliar se mostra receosa de a deixar descer as escadas com a Rita ao colo. Adora ser crescida, ter o seu cartão de acesso ao refeitório e não precisar dos pais para a controlar na escola. É destemida e trepa em segundos aos pontos mais altos de todas as torres de cordas e redes dos parques infantis.

 

Mas pediu um período de adaptação até passar a ir sozinha para a sua nova escola. 

 

A Carolina vê muitos filmes. E lê muitos livros. E fala com muitas pessoas. Ora, os livros e filmes que vê, especialmente os que o seu papá lhe mostra, além de muito interessantes e imaginativos, tratam de situações limite que a fazem (e bem) pensar na fragilidade da vida humana. Ultimamente tem-me falado repetidas vezes numa das primeiras sagas de banda desenhada que o João lhe mostrou - Buddy Longway - e que acaba com a morte cruel da personagem principal e da sua família, sem que eles tivessem feito alguma coisa de mal ou merecessem (se é que alguém merece) tão triste fim. Esta história que ela tanto adorou, ficou imersa na sua consciência e insiste em vir à superfície sempre que ela se sente insegura. Além disso, a zona onde vivemos tem sido muito vandalizada ultimamente e o nosso prédio já foi assaltado duas vezes este mês. Ora, a Carolina ouve os vizinhos falarem sobre esses acontecimentos e sobre a insegurança que sentem.

 

É assim tão difícil de aceitar que a Carolina se sinta ainda pouco confortável em fazer o simples trajecto de casa para a escola, sem a presença de um adulto? Será desejável obrigá-la a enfrentar os seus medos de repente quando ainda agora começou uma nova etapa da sua vida, numa nova escola, onde só conhecia uma colega, que nem sequer era da sua turma? Onde está agora o papá que me obrigou a tirar o Tomás das aulas de futebol (nas quais o Tomás me pediu para o inscrever durante 3 anos consecutivos) por causa de um simples problema de balneário? Será que o excelentíssimo papá não se reviu no filme que o seu elefantezinho estava a viver e resolveu retirá-lo daquele ambiente agressor até que ele se sentisse mais robustecido e auto-confiante?

 

Não tenho dúvidas que as inseguranças e ansiedades dos pais passam para as crianças e podem prejudicá-las irremediavelmente na sua aquisição de autonomia e auto-confiança. Não acho que seja benéfico para ninguém superproteger as crianças e escondê-las da sociedade numa redoma à prova da insanidade de algumas (poucas) pessoas que todos sabemos que vivem as suas vidas algures ao nosso lado. Devemos, sim, garantir que as nossas crianças aprendem a correr riscos evitando os perigos descontrolados. E isso custa, é claro. Mas faz parte do pacote da maternidade/ paternidade.

 

A Carolina sabe que esperaremos o tempo que for necessário para ela. Mesmo que o tempo dela não seja o nosso tempo.

 

publicado às 10:18


Quando é que eles podem ir sozinhos para a escola?

por João Miguel Tavares, em 23.09.14

Os inícios de ano lectivo - e a respectiva dose cavalar de stress injectada no nosso lombo paternal - são sempre fertéis em discussões domésticas. Uma das minhas discussões favoritas das últimas semanas tem a ver com a autonomia da Carolina: eu quero que ela comece a ir sozinha para a escola, a Teresa não quer.

 

A Carolina tem 10 anos e está no quinto ano. Para ir para a sua nova escola não tem ultrapassar campos de minas, território controlado por jahidistas que decapitam pessoas ou lezírias apinhadas de touros bravos. Aliás, ela nem sequer tem de apanhar transportes públicos - tem, basicamente, de andar sete minutos a pé na zona das Avenidas Novas, de dia e com montes de gente à volta, incluindo crianças que vão para a mesma escola. E que, curiosamente, vão sozinhas.

 

Só que a Teresa declara: "A Carolina ainda não está preparada." E eu não sei porque é que a Carolina não está preparada. Olho para ela e acho-a perfeitamente capaz de se locomover em cima de duas pernas sem cair. Também posso garantir que compreende na perfeição o funcionamento dos únicos semáforos que encontra pelo caminho: bonequinho vermelho significa "parar", bonequinho verde significa "avançar". É uma coisa difícil de entender, não digo que não, mas ela já conseguiu há vários anos.

 

Então porque raio é que ela não está preparada? Eu diria que a Carolina está mais do que preparada. Quem está a ter manifestas dificuldades de preparação é a mãe da Carolina. E isso chateia-me, porque é evidente que a nossa filha mais velha já tem mais do que idade para ir para a escola sozinha. Aliás, se vivesse na Idade Média, até já tinha idade para casar. Não me parece mal que em 2014 ela não possa ainda casar. Mas parece-me muito mal que em 2014 não possa andar sete minutos sozinha até à escola. Hoje em dia até telemóvel os miúdos têm para avisar no caso de surgir o lobo mau.

 

Pode sempre acontecer alguma coisa? Pode, com certeza. Mas eu também posso estar a andar na rua e morrer com um bocado de varanda que me cai em cima da mona. Podem sempre acontecer coisas. É por isso que o verbo "acontecer" é tão popular. Só que chega uma altura em que nós não temos outro remédio se não correr esse risco - e deixá-los ganhar mais um pedaço de liberdade. 

 

Porque o contrário disso é um excesso de protecção das crianças que não faz bem a ninguém. Veja-se, por exemplo, este artigo que saiu há uns tempos no Público sobre uma certa "cultura de segurança fóbica" que se anda a formar. O artigo chama-se "Crianças precisam de correr riscos para se desenvolverem", e deixo aqui uma frase para abrir o apetite, da autoria do pediatra Luís Januário:

 

"O espaço de liberdade das crianças da geração actual em relação à geração dos meus filhos mudou completamente. Contraiu-se o espaço de circulação das crianças de uma maneira incrível."

 

Recomendo a sua leitura sobretudo a uma certa excelentíssima esposa, cujo nome vou omitir por piedade, porque não quero estar aqui a acusar ninguém de super-mariquismo em relação aos seus filhinhos fofinhos.

 

publicado às 11:04

Primeira aula da Carolina na nova escola, primeiro buraco: ainda não há professor de História.

 

Expliquem-me devagarinho, a ver se eu percebo. Se milhares de professores chegam sempre com uma semana de atraso, porque é que não se fazem as colocações uma semana mais cedo?

 

publicado às 10:39


Ano novo, vida nova

por João Miguel Tavares, em 15.09.14

Quando hoje fui levar a Carolina à escola, para começar o seu 5.º ano, tive a sensação de que não era só a vida dela que estava a mudar - a nossa, a minha, a da sua família, muda um pouco também. Passámos a ter os quatro filhos em três escolas diferentes, mas não é a questões logísticas que me refiro. O 5.º ano é a antecâmara da adolescência, as disciplinas multiplicam-se e os interesses (tal como as hormonas) disparam. Aquilo que mais orgulha a Carolina nesta nova etapa da sua vida é ter um cartão electrónico para entrar e sair da escola e um cacifo que é só dela - tudo coisas de gente grande.

 

Ao mesmo tempo, o Gui, o nosso querido e maluco Gui, entrou para o 1.º ano. É um passo enorme para ele, e pela primeira vez eu e a Teresa sentimos alguma angústia, porque não sabemos se ele estará bem preparado, se virá a ser um bom aluno, se não teremos de gastar horas e horas em casa a recuperar o que não aprendeu. Para começar, acho que ele teve imensa sorte, mas mesmo imensa, com a professora que lhe calhou, e o segredo do sucesso pode bem estar todo aí. Cativem o Gui e ele vai até à Lua. Se ele se desinteressa, a escola pode bem vir a ser uma chatice. Estou a fazer figas.

 

Mas enfim, podemos estar enganados, os pais às vezes são péssimos avaliadores dos seus filhos. Quando o nosso Tomás entrou para o 1.º ano lembro-me que nós achávamos que ele corria o risco de ser a vítima preferencial dos bullies da escola. E hoje, no 3.º ano, é um miúdo com um depósito de autoconfiança cem vezes maior. O menino que antigamente tinha medo de levar qualquer peça de roupa mais original, porque gozavam com ele, hoje saiu de casa com uns ténis cor-de-laranja berrante nos pés. Eu perguntei-lhe: "E se gozarem contigo?" Ele respondeu: "Não quero saber." E aquele "não quero saber" é tudo o que eu quero que se saiba. São obstáculos que se vencem, etapas que se ultrapassam - neste idade nada está escrito, é sempre possível mudar e melhorar, e isso é mesmo o melhor de tudo.

 

O Gui com a sua fantástica mochila do Homem-Aranha a caminho da sala de aula.*

 

*A mamã também lhe comprou, para o primeiro dia de aulas, uns brilhantes sapatos brancos, que irão permanecer limpos durante aproximadamente 96 minutos.

 

publicado às 11:42


Crescer e transformar

por João Miguel Tavares, em 22.08.14

Há longos períodos em que os nossos filhos crescem. E depois há momentos em que eles subitamente se transformam.

 

Está tão grande, a minha filha mais velha.

publicado às 15:59


Meu Deus, como eles crescem

por João Miguel Tavares, em 17.07.14

Por causa da possibilidade de publicar um dos meus livros infantis no estrangeiro, enviei hoje a uma agente literária, que não me conhece de lado nenhum, um link da peça que no Verão de 2012 a CNN fez a propósito de A Crise Explicada às Crianças.

 

Ao minuto 1.11 dessa peça, a Carolina aparece a falar para a televisão - e quando eu a vi não queria acreditar. Foi apenas há dois anos - dois minúsculos aninhos - e aquela menina pura e simplesmente evaporou-se. Desapareceu. Sumiu. Agora temos uma pré-adolescente cá em casa.

 

Chiça, que alguém deveria multar o tempo das crianças. Ele circula claramente em excesso de velocidade.

 

publicado às 10:53


As notas dos exames da Carolina

por João Miguel Tavares, em 16.06.14

A pedido de várias famílias, que já estavam mortinhas por me verem ir a pé até Fátima, eis as notas nos exames nacionais de quarta classe da Carolina, cujas peripécias acompanhei aqui, aqui, aqui e aqui:

 

Português: 91%

Matemática: 91%

 

Ou seja, notas perfeitas. Satisfaz Muito Bem em ambos os testes, mas com uma certa margem de progressão, e não notas altas a um ponto que me obrigassem a arrastar-me penosamente pela Estremadura até à azinheira de Ourém. Agora falta saber as notas do Tomás.

 

publicado às 15:08



Os livros do pai


Onde o pai fala de assuntos sérios



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