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O Tomás tem andado a estudar o corpo humano na terceira classe, e a sua professora desafiou todos os miúdos da aula a desenharem o corpo humano como o imaginam ser por dentro. Este foi o desenho do Tomás:
Perguntei-lhe que raio de quadrado era aquele que ele pôs na cabeça do ser humano, que parece ter um cérebro lá dentro.
Ele respondeu:
"É a caixa craniana."
Óbvio, não?
Adoro. Os miúdos são incríveis pela forma fresca e desformatada como olham para aquilo que os rodeia, o que me causa uma inveja de morte.
Mas o desafio da professora do Tomás não se ficou por aí. Também pediu que os alunos elaborassem uma lista das perguntas sobre o corpo humano que gostariam de ver respondidas durante as aulas.
Esta é a lista do Tomás:
Há duas perguntas de que eu gosto particularmente:
"O que está dentro da maçã de adão?"
E, sobretudo,
"Porque é que o cotovelo e o ombro são arredondados?"
É engraçado como até o matemático e geométrico Tomás consegue ser altamente criativo nas suas questões. Ou então não é criatividade - é apenas a capacidade de ver e interrogar-se sobre aquilo que o rodeia sem o peso daquilo que "já se sabe". A cultura que adquirimos é um bem inestimável, claro, mas também é uma cortina que nos ofusca o olhar puro que um dia tivemos sobre as coisas e as palavras.
Há uma frase de George Orwell de que eu gosto particularmente: "É necessário uma luta constante para ver aquilo que está à frente do nosso nariz."
Suponho que ser criança seja conseguir fazer isso sem esforço absolutamente nenhum.