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O Observador fez uma curiosa notícia sobre um estudo da YouGov dedicado a averiguar a evolução das relações ao longo do tempo e a persistência de coisas como borboletas na barriga ou, mais simplesmente, a presença da palavra "amo-te" na vida dos casais.
Este estudo já me obrigou a uma autocrítica maoísta, no sentido em que me senti tristemente estatístico: também eu, ao fim de 12 anos de casamento e 22 anos de relação, digo menos vezes "amo-te" à excelentíssima esposa do que deveria. Queria ser mais vermelhão do que rosa-azulado (é ver o gráfico em baixo).
Podemos sempre ver as coisas pela positiva, claro: deixamos de o dizer tantas vezes porque a outra parte deixa de duvidar. Mas, infelizmente, acho que isto é só uma desculpa. Fica prometido: nos próximos tempos vou esforçar-me um pouco mais para regressar às cores quentes.
A minha amiga Inês Cardoso enviou-me um link provocador da revista Visão, a propósito de um estudo levado a cabo pela Universidade do Minho, onde se conclui que a a conexão emocional de um pai com um recém-nascido é mais rápida do que a conexão emocional da mãe. Ora leiam:
As dores do parto podem interferir na "disponibilidade" da mãe para se ligar afectivamente ao bebé, pelo que são os pais quem, com maior frequência, sentem "amor à primeira vista" pelo filho recém-nascido.
Num comunicado enviado hoje à agência Lusa, a academia minhota explica que o estudo "Mães e Pais - Envolvimento Emocional com o Bebé", de uma investigadora da Escola de Psicologia daquela universidade, Bárbara Figueiredo, contraria crenças populares ao defender que o "amor" da mãe com o filho "nem sempre é instantâneo".
Segundo Bárbara Figueiredo, cujo trabalho envolveu mil progenitores, "a reação de amor imediato é, de facto, mais comum nos homens do que nas mulheres".
A acreditar no estudo, e tendo em conta a minha experiência de pai de quatro, sou obrigado a concluir aquilo de que sempre desconfiei e do qual alguns colegas de trabalho já me chegaram a acusar: eu sou uma gaja.
O que não tem mal, não implica uma mudança drástica na minha vida, pois posso perfeitamente continuar heterossexual, na medida em que a minha mulher é um gajo.
Cá eu, conexão emocional com bebés é pouco mais do que zero. Amor à primeira vista com recém-nascidos, nunca me aconteceu. Já a excelentíssima esposa é só festinhas e embevecimento.
Portanto, resta-me agradecer à Universidade do Minho por me ter ajudado a finalmente sair do armário. Muito obrigado.
De facto, neste blogue só se discutem ninharias. Esqueçam-me a mim, ao Dr. Carlos González ou ao Dr. Mário Cordeiro. Sabem o que é mesmo, mesmo importante para uma filha vencer na vida? Um gajo lavar a loiça. Essa é que é essa.
Depois de ter sido vilmente acusada pelo meu excelentíssimo marido de querer transformar os nossos fins-de-semana familiares em prolongamentos dos centros de treino para os exames nacionais do 1º ciclo, como se eu fosse o implacável professor do Tom Sawyer, achei que deveria dar a minha versão sobre o tema.
Nas circunstâncias em que vivemos (que são tão diferentes das dos países nórdicos!) não me parece desajustado criar exames nacionais no final de cada ciclo de ensino para aferir os conhecimentos que cada aluno obteve. Todos sabemos que há diferentes métodos de ensino e de avaliação, mas há um determinado número de conhecimentos básicos (e não estou a discutir, nem me compete a mim fazê-lo, se eles foram correctamente avaliados nestes exames) sem os quais a progressão do ensino na criança é dificultada, pelo que me parece sensato verificar a sua preparação antes de iniciar um novo ciclo na sua vida pessoal e académica.
Esta avaliação deveria ser encarada com a mesma naturalidade e seriedade que qualquer teste na vida curricular de um estudante, de acordo com a idade de cada um. E para ela se deveriam preparar com rigor. Não é isso que acontece a cada dia na nossa vida profissional?
Ora, é aqui que começam as divergências de opinião com o excelentíssimo esposo. Eu acho que compete aos pais vigiar e apoiar, quando necessário, a educação dos filhos. Ele acha que os pais devem respeitar a autonomia do estudo dos seus filhos desde o primeiro momento, só devendo intervir a pedido dos próprios filhos. Portanto, ele assume que os miúdos adquirem métodos e interesse pelo estudo assim por... geração espontânea.
No primeiro ano de escolaridade, a esmagadora maioria das crianças precisa de apoio em casa para criar hábitos de trabalho, gosto pela leitura, curiosidade pela pesquisa, prazer pelo conhecimento. E não consegue isso (mais uma vez, na maior parte dos casos) só com aquilo que aprende na escola. Nem só a observar os pais desenfreadamente absorvidos pelo seu trabalho. É preciso inevitavelmente acompanhamento em casa, porque nessa altura os filhos não têm a autonomia e a responsabilidade que o meu excelentíssimo esposo tão eloquentemente advogou.
Há que suar as estopinhas para o conseguir, não só no estudo acompanhado, mas utilizando os momentos em família para jogos e discussões interessantes sobre os mais variados assuntos (que não incluam a vida dos vizinhos e os acontecimentos das telenovelas/ programas de televisão mais populares). Como é que os miúdos hão-de formar um imaginário rico o suficiente para escreverem composições criativas se não lêm livros variados, não vão a museus, não falam com pessoas de diferentes idades e contextos sociais, não rebolam na erva e exploram matas e florestas, não conhecem ambientes bucólicos e cosmopolitas (seja presencialmente seja via filmes/ reportagens/ relatos)?
Já os métodos usados para o conseguir são muito diversos e eu sou completamente contra fazer a papinha aos meninos, resolver-lhes os TPCs, fazer resumos da matéria ou questioná-los até à exaustão acerca do seu conteúdo (e são vários os exemplos desses que encontramos à nossa volta). Um educador deve ensinar a fazer perguntas e não a decorar respostas, e isso faz toda a diferença na preparação de um estudante e no sucesso de um adulto trabalhador.
A partir do momento em que esses hábitos estão conseguidos, claro, surge a autonomia, mas ainda assim nos primeiros anos com alguma vigilância e orientação. Não me esqueço de há um ano ter descoberto, na véspera do teste final de Matemática da Carolina, que ela não sabia usar o algoritmo da multiplicação. O mesmo é dizer que ela errava quase todas as operações que envolviam a multiplicação de números "compridos". Como a Carolina gostava de usar o cálculo mental, ia-se safando o suficiente para nunca termos dado conta disso (nem a sua professora), e nem sequer ela percebia a razão pela qual errava invariavelmente os problemas que envolviam cálculos mais complicados. Só me apercebi disso (devia estar com a cabeça no ar quando a professora explicou o algoritmo ao resto da turma) depois de me ter sentado ao lado dela, antes do teste, e lhe ter pedido para me mostrar a matéria que iria ser avaliada.
Claro que isto não deveria ter implicações graves no futuro da Carolina, mas aquela revisão forçada da matéria impediu que ela passasse a fazer contas de multiplicar com uma perna coxa. E são tantos os exemplos infelizes à nossa volta em que a inexistência de bases de formação bem sedimentadas incapacitam a progressão e o gozo da aprendizagem nos anos seguintes....
Dito isto devo dizer que, nos fins-de-semana anteriores aos exames de Matemática e Português, eu não estudei um único minuto com a promitente examinada, já que ela ouviu atrás da porta a minha conversa com o seu advogado-papá e acabou por invocar o direito inalienável aos dias de reflexão pré-examinal. E assim foi.
Ora aqui está um título que sempre sonhei fazer. E que agora vem totalmente a propósito devido a um interessantíssimo estudo que vem lançar novas luzes sobre as razões por que as senhoras resolvem fingir orgasmos.
A novidade é esta: afinal, fingir um orgasmo - e, segundo consta, 65% das mulheres já o fez, sendo possível que as restantes 35% estejam a mentir - não tem necessariamente de ser encarado numa perspectiva negativa, em que há uma senhora malévola que está a aldrabar descaradamente um senhor esforçado, embora incompetente.
Depois de terem interrogado 481 estudantes universitárias americanas heterossexuais, os autores do estudo decidiram dividir da seguinte forma as suas respostas acerca das razões que as levaram a fingir orgasmos:
1) Engano Altruístico, ou seja, as senhoras fingiram o orgasmo para fazer o parceiro feliz e evitar que ele ficasse destroçado e com sentimentos de culpa (o que é bonito).
2) Medo e Insegurança, ou seja, fingiram o orgasmo porque sentiram vergonha de mostrar que não o conseguiam atingir (o que é triste, mas compreensível).
3) Elevação da Excitação, ou seja, fingiram o orgasmo para ficarem mais excitadas e assim melhorar a intensidade do sexo (o que é de aplaudir).
4) Interrupção Sexual, ou seja, fingiram o orgasmo porque estavam cansadas, pouco divertidas e queriam acabar com aquilo depressa (a razão clássica).
Portanto, tirando esta quarta categoria, que eu diria ser a forma tradicional como até aqui o falso orgasmo era encarado, todas as restantes categorias têm sentimentos bonitos atrás de si e lançam um olhar bastante positivo sobre o orgasmo fingido das mulheres.
O que significa que esta cena - o mais famoso falso orgasmo de toda a história do cinema, como se sabe - tem de começar a ser olhada ainda com maior respeito. Grande Meg Ryan: